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Um ano depois da bomba...

Minha bala percorre cerca de seis metros, atingindo meu último alvo que tentava correr da morte. Reponho as balas, conferindo se todos estão mortos, antes de gravar o cenário de guerra, enviando para a central, provando que minha missão está completa. Sem enrolação, volto para a base e caminho direto para o quarto, desejando ver Clare. Caminho pelos corredores do convento, sentindo o pesar do cansaço, mas ao abrir a porta e ser recebida por um sorriso enorme, isto se torna irrelevante — boa noite, meu amor. Posso saber para onde vai gata assim? — brinco, ao vê-la de camiseta velha, surrada, larga e um short curto, parecendo um mendigo moderno. As freiras são proibidas de usar shorts, mas como só dorme nós duas aqui, não há problemas, afinal, eu quem não vou contar.

— É bom dia já, flor, três da manhã — abre os braços e eu pulo na mesma, saindo imediatamente ao ouvi-la gemer de dor, me lembrando que ela ainda está se recuperando.

— Desculpa... Desculpa — peço, temendo ter lhe machucado mais. Ela nega em drama exagerado, encenando uma dor, depois junta os dedos como se dissesse: "Corta aqui, nossa amizade acabou ". Dou risada, me deitando com cuidado ao seu lado — você é besta — ela ri — a perna, parou de doer? 

— Tirei os ferros há dois meses e o gesso há trinta dias, então obviamente não, mas estou conseguindo abaixar e andar devagar — assinto, analisando sua perna ainda um pouco roxa e volto o olhar para ela, que parece com medo. 

— Que foi, meu amor? — Acaricio seus cabelos — Não me diga que é vontade de assistir O Príncipe do Natal ou Barbie de novo? — ela ri e nega, mas seu olhar se perde momentos depois — fala, Clare, o que houve? 

— É... que...— gagueja, denunciando algo bem errado. Cerro o maxilar, ela respira fundo — minha primeira missão depois de um ano será hoje, à noite. 

— Quê? Mas você não está preparada! — ela segura minha mão — falarei com a madre novamente, ela vai adiar, igual no mês passado! — ela nega e eu olho sem entender. 

— Está na hora, maninha, me deixe ir! — pede em tom estranho, nego — será juntamente com outras 19 guerreiras, somente nível alto, ficarei bem.

— Ah, então eu irei junto, melhor um pouco — ela suspira, relutante.

— Não, Lorry, você não pode ir! — arqueei a sobrancelha, em afronta. Claro que posso, eu sou o nível maior que tem nessa merda — tenho que provar que estou boa para voltar à ativa, bom...é isso que elas querem — decepção em seu tom e eu abro a boca em protesto, ela me interrompe — se você for, vou ficar escutando os murmurinhos, dizendo que foi graças a você que me aceitaram de volta, que sou sua sombra, etc. Não é sua culpa, eu sei, mas quero evitar! — Eu cruzo meus braços e faço biquinho, a mesma sorri — parece uma criança birrenta — faço língua e ela retribui. 

— Tem certeza de que é isso que quer? — Ela assente, de forma tranquila, bufo insatisfeito, esvaziando meus pulmões — Ok! — ela assente. 

— Mudando de assunto, está ouvindo os boatos sobre você? 

— Sobre a gente, porque mesmo não aparecendo juntas, eles não sabem diferenciar, já que uso peruca loira, mesma máscara e é você quem faz os melhores planos — pisco e ela sorri.

— Para de puxar meu saco, é você quem está fazendo todo o trabalho braçal — dou de ombros.

— Ninguém mandou ser meu cérebro, não sou nada sem você, maninha — ela sorri, porém seu olhar entristece. Por algum motivo, Clare está muito estranha, ela parece estar sentindo algo e não quer me contar, está com papos estranhos de que eu tenho que fazer novas amizades, encontrar um amor, etc. Estou com pressentimento ruim quanto a isso, ela está agindo assim há um ano. Pode ser paranoia minha por ter quase perdido ela, mas eu não sei...

My wife Onde histórias criam vida. Descubra agora