Transando Com A Morte

Capítulo 13

ELICHA ANGEL
Washington - Seattle

É segunda-feira e o clima está frio lá fora. Eu encaro aqueles comprimidos em cima da mesa por bastante tempo, me perguntando se realmente vale a pena bebê-los e consequentemente ficar adoecida por eles.

Prefiro não arriscar, afinal, um único dia sem eles não deve ser tão ruim quanto a minha mãe pensa. Eu posso me virar sem eles.

Posso sim.

Pego as pílulas coloridas na mão, mas antes dou um olhada em volta para verificar se há alguém por perto.

Assim que tenho certeza de que não há ninguém na cozinha, os jogo na pia, suspirando de alívio ao vê-los sendo triturados pelo ralo da pia.

O barulho me faz ficar concentrada no ato.

— Filha! - mamãe chama entrando no local distraidamente. — já está na hora de ir pra escola. Anda logo ou você vai se atrasar!

— Que susto, mãe! - pulo, colocando a mão no coração, o sentindo palpitar rapidamente dentro do peito.

— O que foi, Elicha? Ultimamente você anda meio assustada, já tomou os seus remédios? - questiona e eu apenas balanço a cabeça.

— É claro que sim, né, mãe. - reviro os olhos, me guiando até a sala e pegando a minha bolsa sobre o sofá. Eu não poderia esquecê-los, você me lembra deles o tempo todo. — Eu já estou indo, vou pegar o carro.

— Tá bom. Só n... - fecho a porta antes de esperar ela terminar de falar.

Beleza. Penso concentrada em tudo o que faço.

Primeiro entro no G Class, o carro quadrado e o meu mais preferido da minha mãe, já que ela me proibiu de andar com o outro, o Jeep wrangler preto e maravilhosamente lindo.

Depois verifico se os meus pertences estão todos comigo, para não acabar esquecendo e tendo que voltar.

Saio lentamente com o carro, tomando cuidado ao adentrar a rua deserta do meu bairro.

A escola não fica tão longe, demora apenas cinco minutos até eu chegar no local desejado, sem escutar nenhuma música, apenas o barulhinho do aquecedor zunindo no meu ouvido.

Estaciono o carro no estacionando da escola e saio rapidamente dele, pegando meus pertences.

sorrio quando vejo Clover Addy vindo em minha direção.

— Ei, vida. - a morena de cabelos longos e lisos me abraça, dando um beijo na minha bochecha. Sinto meu rosto suavizar. — Você está bem?

— Eu estou ótima. - cantarolo animadamente. Mas interrompo Clover assim que ela abre a boca para dizer algo inconveniente. — E não quero falar nada sobre o que aconteceu na casa do Howard. Espero que entenda.

— Não, eca. - faz careta, revirando os olhos e me guiando para o grande campus. — Só de ouvir esse nome me dá vontade de vomitar. - diz. — Eu acabei de voltar mas sei de tudo o que aconteceu. A escola toda sabe.

Não tudo, bebezinha.

Addy e eu sempre formos amigas, desde a infância, é por isso que ela me conhece bem, sabe todos os meus importunos e os meus desejos, apesar de não fazer parte do nosso drive compartilhado com a lista de pecados.