Capítulo 23

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ELICHA ANGEL
Washington - Seattle

Sabe o que eu acho engraçado?

Que Megan não queria fazer churrasco ontem, alegou ela que precisávamos "descansar". Porém hoje a vadia foi a primeira a acordar e ligar o som, sem contar que foi ela quem chamou os garotos, inclusive o Nach.

Eu só não mato ela porque é minha amiga.

Nesse momento eu estou morfando no quarto enquanto observo a louca dançar com uma garrafa de cerveja na mão, e alguns meninos pular na piscina em frente ao mar.

Ela provavelmente tá fazendo isso porque quer ignorar o Nick.

Ou chamar a atenção dele.

Não sei exatamente.

Mas Megan está estranha.

Ao mesmo tempo que ela quer ter contato com ele, ela o afasta.

Isso seria vergonha? Megan é a pessoa mais extrovertida e cara de pau e sem vergonha que eu conheço.

Ela não pode estar com vergonha.

Estou encarando aqueles idiotas lá fora parecendo uma besta enjaulada quando, de repente, ouço algumas batidas na porta do quarto — a outra porta, que não é de vidro e fica para o lado de dentro da casa.

Franzo o cenho, me virando lentamente para ela. Eu conheço essas batidas.

— Eu não vou deixar você entrar, se é isso que pensa! - exclamo irritada.

Por que ele ainda insiste em conversar comigo? Ele não está bem com Ella? Sinceramente, homem é um livro impossível de se interpretar.

Sem me aguentar, levanto da cama irritada e abro a porta num só puxão.

— Angel... - Nach me encara com algumas caixas que não dou importância na mão.

— Elicha. - corrijo, vendo seu olhar brilhante dar uma falhada. Não tenho dó. — O que você quer? Eu já disse que...

— Antes de me bater, olha o que eu trouxe pra você - Nach indica a caixa média na mão e eu percebo que é toda colorida. A outra sacola por cima é morrom. — Não vai negar... Eu sei que está com fome.

— Por que está me tratando assim? Eu não estou bem com você. - reviro os olhos.

— Porque eu quero você bem. Não quero que fique sem comer. - Nach me olha pendendo a cabeça levemente para o lado. — Inclusive, eu trouxe seus remédios.

Por que ele tinha que ser tão... daquele jeito?

Carinhoso, cuidadoso, protetor, atencioso, vagabundo, sem noção, pilantra.

Eu quero matar ele por ter feito aquilo, mas eu simplesmente não consigo porque ele tem todo esse jeito diferente. Que me entende. E algo ajuda em ele me conhecer desde pequena.

— Eu estou com fome e você me traz doces. - coloco a mão na porta, o encarando. Nach ergue as sobrancelhas, olhando para baixo e insinuando que não tem só doces. — Eu só vou aceitar porque são donuts. - digo dando espaço para ele passar, já com água na boca.

Donuts era a minha sobremesa favorita. Eu amava donuts mais que tudo na minha vida.

Eu cometeria loucuras para comer um.

Tipo correr 20km.

E eu não gosto de caminhar.

O único esporte que gosto é a dança.

— Nós precisamos conversar. - Nach começa ao se sentar na cama. Ele me analisa enquanto abro a caixa colorida com alguns unicórnios. Ele para por um instante. — Você tem que comer o salgado primeiro.

— Você não deve falar o que tenho que fazer depois de tudo o que fez. - digo irritada.

Ouço ele respirar fundo.

— Eu não sei por que está irritada comigo desse jeito, mas eu quero dizer que Ella não parece ter feito por mal. - diz Nach com cara de coitado.

Eu tenho vontade de socar o nariz perfeitinho dele.

— Ah, sério? E espera que eu acredite nisso? - digo dando uma mordida no donut e quase fechando os olhos de tanta gostosura. Tenho vontade de gemer mas não vou dar esse gostinho a ele. — Que vocês simplesmente caíram na tentação um do outro?

— O quê? - Nach me olha confuso. E eu o olho mais ainda, se for possível. Em seguida ele suspira aliviado, pondo a mão na cabeça. — Meus Jesus Cristo redentor... você realmente tava pensando que eu fiz isso?!

— E não fez?! - ergo uma sobrancelha.

— Não. - Nach me encara seriamente. Deixo o donut na caixa, dando o máximo da minha atenção para ele.

— Me explica.

— Ella me parou no corredor da Benett segunda-feira e me contou sobre a lista e o sonho.

O olho incrédula.

— O que aquela maluca tem?! Ela com certeza tá tramando algo contra mim. - levanto da cama, começando a andar de um lado para o outro. — Você sabia que ela me ligou nesse dia de manhã justamente pra dizer que você é mal caminho?

— Bem... mentindo ela não estava...

— Larga de ser idiota Nach! - vocifero.

— Amor... - ele se aproxima calminho.

O olho com brilhos nos olhos, quase derretendo. Como que ele conseguia fazer meu humor mudar tão rapidamente?

— Impressionante, você não leva nada a sério.

— O que importa é que você está aqui comigo. Nada mais. - ele beija a pontinha do meu nariz, rodeando a minha cintura com os braços. — Não precisa se preocupar, nós já sabemos qual é a dela.

— Se você continuar achando que ela é inocente...

— Ella é carente de atenção. Você já foi melhor amiga dela. - Nach me da um selinho. — Agora vamos mudar de assunto, ok?

— Eu não consigo ficar um segundo longe de você. O que você fez comigo? - questiono, envolvida nas emoções.

O quarto está quente. Seu toque está quente. Tudo parece quente.

— Te fodi gostoso.

Nach passa os nariz pelo meu rosto me dando um cheiro no pescoço e por fim solta uma risada.

Dou um tapa na sua cabeça.

Ele me olha e desvia o olhar para a cama.

— Bora? - pergunta.

— Só se você prometer gemer baixinho. - sussurro rindo e lembrando do pessoal lá fora.

***

IRRAAAAAA

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IRRAAAAAA

Transando Com A MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora