WILLIAM CARDINALLIPareço o maldito de um animal enjaulado, nem mesmo uma hora na academia ou no tatame me ajudou a conter a ira borbulhante e líquida do meu sangue. A maldita da ragazza conseguiu me foder sem usar a boceta. Nem mesmo um jogo de respeito eu fui capaz de realizar, eu nunca falhei em um jogo, eu nunca, cazzo.
— Chega! Quer matar nosso melhor homem, William. — repreendeu Ângelo, e eu parei de socar um Marcelo todo destruído com hematomas nos braços e pernas, que se jogou no tatame assim que Ângelo gritou.
— Culpa sua que não quis treinar comigo.
— Isso seria suicídio. Tenho uma organização para comandar.
— Está fazendo um péssimo trabalho. — bufo ao pegar uma garrafa de água e jogar no meu rosto antes de tomar um gole e sair do tatame, sigo para o vestiário. A academia de artes marciais de Ângelo fica em Belo Horizonte e São Paulo. Mas dentro do Club possuímos um espaço para aquecermos e botar o nosso monstro para fora. Às vezes, usamos esse lugar como um purgatório. Eu adoro quando posso torturar algum desgraçado aqui. Me acalma ver sangue escorrendo e homens covardes gritando, são músicas para meus ouvidos.
— Esse mau humor todo é por causa de Natália. A ragazza mexeu com sua cabeça. — zomba, e eu fecho minhas mãos doloridas em punho. Meu maior erro é querer lutar sem a droga da bandagem de mãos.
— A diaba me tirou do sério a noite toda. Acredita que ela me chamou de gay? Eu, gay? — a gargalhada que Ângelo solta me deixa puto. O maldito nunca sorri, mas gargalha da desgraça dos outros.
— Já ouvi você receber vários tipos de apelido, mas gay é a primeira vez. — rapidamente sua seriedade volta. Com ele, eu sei lidar.
— O que realmente aconteceu entre vocês dois ontem?
— Ela me chamou pra trepar, e eu perdi o controle e estava dando uma amostra de como funciono. As coisas fugiram do meu domínio e aconteceu um pequeno erro de percurso. Você imaginaria que uma mulher que fica nua na sua frente te chamando pra foder seja virgem? — bufo irritado, deixando Ângelo sozinho e seguindo para o banheiro, entro no chuveiro, deixando a água correr por meu corpo. Jogo minhas duas mãos na parede e a água gelada cai em meus cabelos. Ainda consigo sentir o cheiro doce da boceta da diaba em meus dedos, os gemidos, o hálito fresco, as reações e ondulações que seu corpo fez. Como posso ter falhado dessa forma? Não paro de me culpar. Eu jamais me arrependo de nada que faço, e aqui estou eu, me martirizando por ter fodido Natália com os dedos. O tanto que prezo pelo consentimento de uma mulher, e isso está mexendo pra caralho comigo. Precisei de um tempo e fugi do quarto assim que percebi que estava tudo sob controle, mas não é do meu feitio o que aconteceu. Eu nunca machucaria uma mulher. Preciso tomar o controle da situação, e por isso vou procurá-la. Irei à sua casa ver como está. É o que precisa ser feito. Saio do banheiro decidido e sigo para a ala em que me visto com um dos meus ternos sob medida, na cor preta. Então, puxo meus cabelos para trás, calço meus mocassim, e um dos meus Rolex desliza por meu pulso. Sigo para o elevador. Ângelo estava me esperando.
— Qual o plano?
— Vou até ela, preciso saber o que de fato aconteceu. Ontem ela me ligou e desligou na minha cara assim que ouviu Iara me respondendo.
— Esperava o que? Você quase trepou com ela e depois estava com outra mulher.
— Não sou exclusivo de ninguém. — digo irritado, ele ergue as mãos.
— Certo. Tome cuidado e não esqueça que hoje faremos o planejamento para receber o seu carregamento. — concordo com a cabeça. Sigo para o subsolo e pego meu carro, dirigindo até o Vale do Café imaginando como iria abordar Natália. Não quis ligar pois não me dou bem com rejeição, prefiro o elemento surpresa. Duas horas e meia depois estaciono em sua porta e vejo seu carro chegando. Ela estaciona à minha frente e desce do carro, eu abro a porta do meu carro e a encaro, ela fica constrangida e a timidez em seu jeito é um bálsamo para mim, uma Natália tímida eu saberei lidar.
— Boa tarde, William! — me cumprimenta, olhando para os pés, as mãos estão fechadas rentes ao corpo.
— Boa tarde, Natália! Aproxime-se. — mando, e ela chega mais perto de mim, seus olhos continuam voltados para o chão. Eu analiso seus cabelos longos e brilhosos caindo por seu rosto, os lábios com um rosa natural, ao qual não consegui beijá-los. Não que eu saia por aí beijando minhas submissas, quase nunca acontece. Acredito que beijo é algo muito íntimo. Ângelo já pensa diferente sobre beijo, ele nunca os dá, mas não somos conhecidos por gostos semelhantes.
— Olhe-me. — peço, e ela demora a me encarar. Irritado, toco em seu queixo e a faço me olhar nos olhos.
— Bem melhor. — elogio, e deixo um pequeno carinho em seu queixo, assistindo seus olhos fecharem.
— Como se sente?
— Bem.
— Não minta para mim, mia cara. — ela engole em seco e desvia o olhar.
— Por que se importa? Ontem, assim que fui embora, estava com outra mulher para cumprir seus desejos depravados.
— Tão insolente. Não sente medo, mia cara?
— De que? Você não pode fazer nada a respeito. — dá de ombros, ainda estou com minha mão em seu queixo.
— Tem razão, jamais machucaria uma mulher. Por esse motivo, estou aqui. — ela arregala os olhos e me encara, seus lindos olhos da cor de outono me fitam, e ficamos assim por alguns minutos.
— Eu preciso saber se te machuquei ontem? As coisas descontrolaram-se. — ela nega com a cabeça, e eu solto seu queixo, acreditando que os dois sentiram a falta do toque.
— Estou bem. Eu só me assustei. — revela constrangida.
— Eu não estava pronta.
— Por que não me disse que era virgem? Por que me chamou para foder se não tinha a intenção? — indago com autoridade, mas sem intimidá-la.
— Quem disse que não tinha a intenção?
— Se você é uma virgem precisa contar. Não dá para imaginar uma mulher que fica nua igual você ficou na minha frente, como uma deusa do sexo, sendo virgem. — seus cílios batem rapidamente e chegam a tremer.
— Eu me excedi nos drinks e às vezes eu tomo coragem e faço coisas idiotas.
— Percebi. — Natália bufou e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Obrigada por vir aqui saber se eu estava bem, não precisava. E jamais vou contar para alguém o que aconteceu entre nós. O erro foi totalmente meu, ao tentar seduzir você.
— Você não tentou, mia cara, você conseguiu. — revelo sem entender o que essa mulher possui para me fazer desejar tê-la. Me aproximo um pouco mais dela, estávamos no meio da rua e não passou carro algum desde que começamos a conversar. Quando invadi o espaço pessoal dela, eu parei e a fiz olhar em meus olhos.
— Diga-me, está mesmo bem? — ela negou com a cabeça e seus olhos se encheram de lágrimas, e eu odeio ver uma mulher chorando.
— Por que chora? — indago assustado. E ela nega com a cabeça.
— Não irei embora até que me conte o que está acontecendo. Eu a machuquei ou a feri de alguma forma? — ela nega com a cabeça, e não suportando aquela cena dela em um lugar público, eu aperto o botão do carro e a puxo pela mão e então a jogo no banco do meu carro e dou a volta para o banco do motorista.
— Ficou maluco? Eu quero sair daqui.
— Não, signora. Fica. — passo o cinto por seu corpo e dou partida no carro. Vejo o carro de Tom e mais dois dos meus soldados me seguindo, comunico a eles por uma mensagem para prepararem uma casa para que eu pudesse levar Natália. Ela, por sua vez, cruza os braços em seu peito e fica lá com a cara amarrada, mas não diz mais nada. Vinte minutos depois estamos em frente de uma das propriedades de Ângelo. Eu abro a porta do carro e desço, dou a volta e abro a porta para Natália.
— Desça. — teimosa que só ela consegue ser, continua parada, sem paciência, tiro o cinto dela e a pego no colo. E ela bate em meu peito, e uma dor alucinante vem em mim. Respiro fundo para controlar a maldita dor e começo a andar.
— Me coloca no chão, troglodita! Está me sequestrando? — seus tapas continuam até que o segurança abre o portão.
— Tranque meu carro, o controle está no console. — mando já sumindo para dentro da casa, que se encontra aberta. Assim que chegamos à sala, eu a coloco sentada no sofá e vou ao bar me servir de uma dose de whisky, precisando de uma distração da dor.
— Quer? — ofereço, e ela faz uma careta antes de negar com a cabeça. Natália olha para tudo com muita curiosidade. A casa de três andares é até modesta se comparada com as que Ângelo possui. Os móveis são impessoais e neutros, sempre alugados para executivos ou clientes que precisam se esconder ou fazer alguma operação no interior.
— Para que me trouxe aqui?
— Para discutirmos.
— Você quer me tirar do sério, não é? — pergunta ao se levantar. As roupas que ela usa estão coladas ao corpo como uma segunda pele. Pelo pouco que vi até agora, ela gosta de roupas ousadas, mas ela não possui a ousadia que finge ter.
— Você fez isso primeiro. Estou devolvendo. — digo sarcástico. Viro a dose de whisky na boca e pouso o copo na bandeja antes de pegar o maço de cigarros no bolso do meu paletó, e retiro um para acender. Assim que o sabor do cigarro toca meus lábios, sinto o alívio do estresse. Dou algumas tragadas antes de soltar a fumaça e olho para Natália, que me observa com curiosidade.
— Você fuma...
— Não sempre. Apenas quando estou perturbado com alguma coisa. — revelo ao tragar mais uma vez, e então deposito no cinzeiro, consegui o alívio temporário que precisava. Não penso no uso do cigarro como um vício, até porque tento me abster dele o máximo possível, era mais viciado em charutos.
— Está perturbado com o que?
— Você.
— Eu?
— Sim.
— Por que?
— Sua boca petulante, você não consegue seguir ordens simples, me desafia a cada palavra. E isso me perturba. — ela solta uma risada debochada.
— Quer dizer que você nunca foi contrariado por uma mulher? — pergunta ao esfregar os dedos em uma mesa perto do sofá.
— Por ninguém, na verdade.
— Quer dizer que eu feri seu orgulho?
— Não diria isso. Mas me deixou intrigado. — exponho, observando-a, e ela me encara sobre os cílios longos.
— Isso é ruim? — pergunta, mordendo os lábios.
— Para mim não, pois isso me faz ansiar para ver em quanto tempo eu levarei para quebrar você. — explico, e a vejo ruborizar, o que fica adorável.
— Está com medo, Natália?
— Não.
— Se você fosse inteligente... sentiria medo e me pediria para ir embora enquanto ainda pode exigir isso. — dou a ela um pequeno aviso e a chance de escapar de mim.
— E se eu não quiser ir? — pergunta, levantando seu nariz impertinente.
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Ligados Pela Obsessão
RomanceLivro+18 Natália, uma jovem de 25 anos do interior de Minas Gerais, sempre viveu sua vida sem limites, até que um furacão de caos e dominação chamado William entra em seu caminho. William, aos 34 anos, é um membro da Máfia siciliana que veio ao Bras...