NATÁLIA AMARALWilliam passa a mão pelos cabelos, parecendo extremamente irritado. Solto uma arfada quando seus passos lentos se aproximam de mim. Tento me afastar, mas ele continua avançando até que minhas costas batem na parede, me deixando encurralada. Meu coração perde algumas batidas, e minha respiração fica irregular, como se eu tivesse corrido uma maratona.
— Não diga o que não sabe, Natália — sua voz é baixa e mordaz, a autoridade evidente, assim como o hálito mentolado misturado com cigarro que sai de sua boca. — Você é uma das pessoas que mais me traz dores de cabeça.
— Não estou pedindo para cuidar de mim — digo baixinho, intimidada por sua proximidade.
— Não precisa pedir, mia cara.
— Por que não me deixa em paz e desaparece da minha vida? — seus olhos azuis buscam os meus, desafiadores.
— Tem certeza de que deseja mesmo que eu suma da sua vida, Natália? — sua voz baixa, a pergunta soa como um interrogatório. Seus olhos semicerram, e eu solto um suspiro.
— Sim...
— Se fosse mesmo verdade, você não teria chorado quando eu fui embora. Se fosse verdade, você não teria fugido — concretiza, e eu empurro seu peito, tentando sair de seu agarre. Suas mãos seguram meus pulsos, erguendo-os contra a parede.
— Eu te odeio, William — digo, encarando-o com olhar cheio de raiva. Ele abre um sorriso; o filho de uma mãe sorri.
— Eu sei, bella mia, eu sei — sussurra, e seu sorriso morre. William passa a mão pelos meus cabelos.
— Não me toque e libere meus braços — exijo, e ele solta meus braços. Sinto sua falta no mesmo instante. Ele estava para sair do quarto quando eu sentencio: — Vou fugir novamente. Não vou ser sua prisioneira nessa casa de merda.
Ele não me dá ouvido, apenas some, fechando a porta atrás dele. Não deixo barato; vou embora para minha casa, e ninguém vai me impedir. Abro a porta e começo a caminhar em direção ao portão. Ele estava para entrar no carro quando me vê. Solta o ar dos pulmões, parecendo frustrado, e caminha até mim, colocando-se entre eu e o portão.
— Entre no carro.
— Não, eu não sou um animalzinho que você pode domesticar. Cansei do seu jogo — William me cerca com seu corpo grande.
— Entre na porra do carro.
— Não vou entrar. Me faça um favor e saia da minha frente e da minha vida — desafio, despejando nele todo meu ódio.
— Você vai — não tenho tempo de refutar sua ordem. Ele me ergue do chão e me joga dentro do carro, no banco de trás, e toma o lugar do passageiro.
— Eu te odeio, imbecil! — digo irada por não ter o direito de lutar com ele, por ele sempre fazer o que quer.
Passamos a viagem até um heliporto em silêncio. Dentro do helicóptero, ele apenas ajusta o cinto em meu corpo e coloca o headset aeronáutico, para conter os ruídos do motor e das hélices. O barulho é horrível, e apenas o fone consegue diminuí-lo. Eu custo a me acostumar e puxo o ar várias vezes. Nunca voei, nunca... O pânico que sinto quando o zumbido fica mais intenso é desconfortável. Busco ar várias vezes. William percebe que estou hiperventilando, agarra minhas mãos e faz um sinal para que eu olhe em seus olhos. Mesmo odiando isso, obedeço. Ele começa a desenhar círculos nas costas da minha mão, e eu me concentro na aspereza dos seus dedos, no seu toque leve e marcante. Quando o helicóptero levanta voo suavemente, fecho os olhos ao sentir a inclinação. Rapidamente fico tonta, aperto os dedos de William como se minha vida dependesse disso. Não solto por nada.
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Ligados Pela Obsessão
RomansaLivro+18 Natália, uma jovem de 25 anos do interior de Minas Gerais, sempre viveu sua vida sem limites, até que um furacão de caos e dominação chamado William entra em seu caminho. William, aos 34 anos, é um membro da Máfia siciliana que veio ao Bras...