NATÁLIA AMARAL
Ando de um lado para o outro no quarto de hóspede e, quando me canso, saio em direção à sala. Lá vejo papai, e algo dói em meu peito ao vê-lo tão triste.
— Papai. — grito e corro até ele, que abre os braços como sempre fazia quando eu era uma garotinha. Eu me jogo neles e tento segurar algumas lágrimas que querem cair, mas não posso chorar se quiser manter meu disfarce de que foi minha escolha estar aqui.
— O senhor ia embora sem se despedir?
— Sim, querida. Percebi que tudo não passou de um equívoco meu. William me explicou que vocês estão juntos há algum tempo. Lembro de alguns homens na nossa porta quando cheguei de viagem, até tive uma palavrinha com os dois. Então, juntei as coisas e, se você está feliz, se ele te faz feliz, querida, eu também estou. — Papai deixa um beijo em minha testa e faz carinho no meu rosto. — Sei que pode não parecer, Natália, mas eu te amo muito, querida. — Sua voz triste me faz deixar uma lágrima cair.
— Também te amo, papai. — digo ao abraçá-lo novamente. É tão bom ouvi-lo dizer que me ama, mesmo que daqui a poucas horas o homem sério que vive a trabalhar volte. É bom ter esse momento com ele, especialmente quando penso que não sou amada por ninguém.
— Não demore a voltar para casa, filha. Camélia sentirá sua falta, assim como eu.
— Voltarei logo, papai. — Ele beija meus cabelos e sai, me deixando com um vazio no peito e mais vulnerável do que imaginei. Quando percebi que Adão poderia prender William, fiquei desesperada. Não sei por que, mas não aguentei imaginar que ele poderia ser preso. Eu o odeio, quero dar na cara dele às vezes, mas não desejo vê-lo atrás das grades, ainda mais por culpa minha. Não seria certo e eu não saberia conviver com isso na minha mente, então agi por impulso, como sempre faço. No momento em que estou voltando para meu quarto distraída, dou de cara com William. Suas mãos nos bolsos da calça, postura confiante e rosto bonito, mas sério. Eu olho para sua testa, depois as sobrancelhas sarcásticas, seus olhos oceânicos, seu nariz bonito e sua boca sensual. Não entendo por que ele ainda não me beijou. Acredito que isso é a primeira coisa que uma pessoa normal faz, um beijo arrebatador, e depois vão para outras partes, mas William não é normal. Ele nunca me beijou, mas já me viu nua duas vezes seguidas, nunca me beijou, mas já me fez gozar. Nada entre nós dois é convencional.
— Você me surpreendeu hoje, mia cara. — revela, e eu abro um sorriso largo.
— Eu sou uma ótima atriz. — solto, apenas para tirar seu ar convencido.
— Quer dizer que todo aquele aconchego e submissão, me defendendo ao ponto de me chamar de namorado, era fingimento? — Eu o encaro por algum tempo. Tão lindo, mas tão arrogante. Se William fosse uma pessoa normal, eu já estaria em cima dele, agarrada como um coala.
— Claro que sim. Por quê? Pensou mesmo que eu quero namorar com alguém como você? Credo, pensei que fosse mais esperto. — digo, saindo à sua frente. Ele puxa meu braço e me joga contra a parede, me assustando, mas logo o susto se vai e a energia que sinto ao tê-lo tão próximo é caótica. Ele pega meus dois pulsos de uma só vez e os ergue acima da minha cabeça, me imobilizando, e eu permito. Estar com William é como brincar com fogo; sei que vou me queimar e anseio por isso.
— Então quer dizer que você não tem nem um pingo de curiosidade de saber como é pertencer a mim? — pergunta, deslizando seus dedos por minha boca. Ele tem essa fixação de sempre tocar meus lábios e borrar meu batom. Eu abro um sorriso inteiro, bem atrevido, e lambo seus dedos, fazendo com que ele solte a respiração mais rápido.
— Olha, William... Não quero ser apenas mais uma em sua cama. Mesmo que seja uma experiência boa, e que depois eu poderia usar o que aprender para enlouquecer qualquer outro homem com quem eu... — William cala minha boca ao cobrir meus lábios com sua mão, impedindo-me de falar, e então aproxima seu rosto do meu. Sua respiração agora é furiosa e eu sorrio por dentro. Temos um possessivo por aqui...
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Ligados Pela Obsessão
RomanceLivro+18 Natália, uma jovem de 25 anos do interior de Minas Gerais, sempre viveu sua vida sem limites, até que um furacão de caos e dominação chamado William entra em seu caminho. William, aos 34 anos, é um membro da Máfia siciliana que veio ao Bras...