CAPÍTULO 38

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          WILLIAM CARDINALLI 

Natália está minando minhas forças, drenando minha resistência e fodendo minha cabeça. Quando ela luta, me responde ou me enfrenta, meu pau fica duro. A vontade de calar a boca dela com um beijo e fodê-la com força é enorme. Me seguro para não agir por impulso e mostrá-la como sou de verdade. Entretanto, quando ela se mostra vulnerável, sensível e perdida, eu me desarmo. Não sei por que não consigo vê-la triste, e esse sentimento fodido de possessividade e obsessão não deveria crescer entre nós. Isso irá nos consumir e nos afundar.

Revirar o Vale do Café atrás dela me deixou no limite. Ter que pedir ajuda a Heitor para triangular as torres que o celular dela esteve pela última vez foi constrangedor, pois ele começou a fazer piadas de mau gosto antes de dizer onde ela estava. No momento em que a encontrei no lugar que disseram que ela não estaria, quase arrebentei aqueles malditos portões. Respirei fundo e pulei o muro, lembrando da peraltice de Natália. Essa mulher não existe. Quis tratá-la com frieza e deixá-la sobre os cuidados de Jonas, como planejado, como tem que ser, como precisa ser. Mas é só ela abrir a boca, me desafiar, me contrariar, que perco meu foco. Sei que foi um erro trazê-la comigo, mais errado ainda foi me mostrar vulnerável para ela. Mas eu só precisava de um tempo de todas essas tempestades que me cercam, precisava que ela entendesse que estava sobrecarregado e precisava respirar e pensar. Com ela, fodendo tudo, isso seria impossível. Senti-la deitada em meu ombro, dormindo, me traz a paz que eu preciso, me traz calma, como se fosse um elixir, um renovador de energias. Sei que no fim isso terá que acabar, mas, por enquanto, a deixarei aqui, a deixarei em minha vida. Durmo pensando em como vou conseguir realinhar tudo que está acontecendo ao meu redor.

Acordo quando sinto Natália se mexendo e sei que ela já despertou. Fico imóvel para ver até onde iria. Ela passa os dedos por minha barba, descendo para o meu pescoço. Quando percebo que está descendo por dentro da minha camisa, agarro seu pulso.

— Vejo que acordou. — minha voz sai um pouco mais grave.
— Hm... — murmura, relaxando ao meu lado. Solto seu pulso e abro meus olhos. Uma de suas pernas está jogada sobre minha coxa, bem próxima ao meu pau semiereto. É tão estranho acordar com alguém ao meu lado. Sempre fui sozinho. A solidão é como a escuridão, minha segunda pele. É onde me sinto eu mesmo, onde escondo quem sou de verdade. Ter Natália comigo aqui agora, como em tantos outros dias, mexe com o meu equilíbrio e com quem eu sou. Pensamentos melancólicos logo de manhã provam o quanto ela está me mudando, e não posso me acostumar com isso. Preciso retomar o controle. Com cuidado, deito sua cabeça sobre os travesseiros e me sento na cama.

— Vou tomar um banho e depois aguardarei você no meu escritório para irmos para a cobertura. — explico. Estava para me levantar quando ela segura meu pulso.
— O que acontecerá agora? — questiona. Fito seu rosto bonito, seu nariz impertinente e seus lábios carnudos, seus cílios enormes, seus olhos expressivos, e me solto de seu agarre.
— Adiarei minha viagem a São Paulo e vou focar nos problemas que preciso resolver aqui.
— Estou falando de nós, William. Sei que foi uma pequena trégua ontem, mas e hoje? Como ficaremos? — indaga, e não consegui decifrar os sentimentos que ela expressou em suas palavras ou olhar.
— Você continuará em minha cobertura. Não posso deixá-la voltar ao Vale do Café. Um dos seguranças que desconfio já esteve em sua casa, conviveu com você, sabe da sua rotina e não posso colocá-la em risco. — Natália agora parece confusa.
— Quem? Apenas Jonas e Gaston... Oh, é ele, não é? — sua expressão agora fica carregada. — Logo quando você me levou para sua cobertura depois do evento no clube e me deixou lá com ele... eu o achei estranho... — comenta, me deixando alarmado.
— Estranho como?
— Eu estava enrolada em uma toalha quando Gaston abriu a porta, e a forma como ele me olhou me assustou muito. As palavras de duplo sentido... Me senti desconfortável. Quando Jonas o chamou, ele deixou meu quarto, e só então me senti melhor.
— Por que não me contou antes?
— Pensei que tivesse sido apenas antipatia da minha parte, já que ele parecia ser um homem de sua confiança. Para evitar eventos como aquele, sempre ficava trancada no quarto ou esperava Jonas aparecer. — revela, e isso me deixa intrigado.

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