CAPÍTULO 51

177 31 6
                                    


      
          WILLIAM CARDINALLI

Em alguns momentos, temos que deixar o monstro assumir o controle, permitindo que o lado controlador, manipulador e racional domine. Para sobreviver, não podemos ceder ao sentimentalismo, ao medo ou à preocupação. Devemos fazer o que precisa ser feito, mesmo que isso signifique mostrar quem realmente somos. Permitir que Natália fosse usada como isca para capturar Gaston foi uma das decisões mais difíceis que já tomei, e por alguns segundos, quase recuei. Entretanto, mostrar fraqueza agora, e demonstrar que me importo com ela, poderia colocá-la ainda mais em perigo. Se para mantê-la segura eu preciso provar que ela não significa nada para mim, que seja. Mesmo que isso signifique ter o ódio dela para sempre, me conformarei com sua segurança.

Essas duas semanas longe daqui foram um inferno. Traições, desconfianças, pressões e mentiras. Quando cheguei em Albuquerque para vir ao Vale do Café, pela primeira vez, consegui respirar melhor.

Jonas confessou que vinha passando informações a Gaston há alguns meses, mas não sabia das intenções maliciosas dele nem que planejava me atingir, tramando contra mim e a organização. Ele aceitou minha punição após ser julgado pela *famiglia* por seu deslize. Os pais de Gaston estão sendo monitorados, e não sei se serão julgados como cúmplices. Tenho problemas demais para me preocupar com isso agora.

Saio do quarto com a cabeça doendo, sigo para a cozinha e pego um copo d'água, tomando-o sem me importar com a presença de Ângelo.

— O que fará com Natália?

— Vou protegê-la. — Revelo, e ele fica em silêncio.

— Contou a ela que o perigo que ela corre não é por sua culpa?

— Parte é, sim. Eu a coloquei nisso tudo quando a trouxe para minha vida, deixei que meu pau controlasse a situação. — Ângelo solta uma gargalhada alta, o desgraçado.

— Sempre tem uma primeira vez para deixarmos o pau falar mais alto.

— Nunca tinha acontecido comigo. — Rosno, exasperado. Ângelo apenas balança a cabeça em negativa.

— Acostume-se a ceder quando uma boceta te amarra pelas bolas.

— Não estou amarrado em boceta nenhuma, Ângelo.

— Ah, não? Então por que essa cara de quem quer cometer um assassinato só porque Natália está decepcionada com você? Acha que eu acredito que toda essa fúria é só porque não capturamos Gaston? — Interroga em tom acusatório. — Sabíamos que isso poderia acontecer. Nunca nos culpamos por uma missão fracassada, mas quando machucamos pessoas importantes, aí sim.

— Cala a boca, Ângelo. — Brado, descontrolado. Ângelo se aproxima de mim e segura minha camisa pelo colarinho.

— Não suporta a verdade? Tem tanto medo assim de confessar que tem sentimentos? — Seus olhos são duros e questionadores. Arranco seus dedos da minha roupa.

— O William que possuía um coração morreu junto com Francesca. — Minha voz sai como um trovão, alta e estrondosa.

— Esqueceu de um detalhe, William. Francesca não morreu. Ela não morreu, e você precisa aceitar isso. Não é saudável tratar uma pessoa viva como morta. — Expõe com pesar. — É cruel, até mesmo para alguém como você. — Ângelo deixa a cozinha. Em um acesso de raiva, quebro a porta de vidro que dá para o lado de fora com um chute. O estalo do vidro se partindo e os cacos caindo no chão criam um eco ruidoso. Estava prestes a sair da casa quando Natália aparece. Seu olhar é assustado, como se ela enxergasse o monstro em mim. A vejo dar passos para trás. Minha respiração está ofegante, meu peito subindo e descendo rapidamente. Aperto minha mão em punho e a fito, deixando que ela veja o meu pior. Quando falo, nem reconheço minha voz.

— Saia. — Rosno. Ela permanece onde está, sua valentia me deixa possesso. — O que você quer? Quer ver como eu sou de verdade? — Viro-me para ela e a vejo ofegar. — Saia, antes que eu mostre a você. — Ordeno, agitado.

— Você não me fará mal.

— Não tenha tanta certeza.

— Sei que não fará.

— Não me teste, Natália. Estou no limite.

— E acha que eu também não estou? Pensa que para mim é fácil, William? — Grita, passando as mãos pelos cabelos. — Desde que conheci você, minha vida se transformou em um caos total. Nunca passei por nada parecido. Você me deixa desequilibrada, me faz querer gritar e quebrar coisas, me deixa ansiosa, me faz chorar. E eu nunca fui de chorar. — Solta uma risada amarga, dando alguns passos em minha direção. — Você só dá ordens, imaginando que sou algum tipo de bichinho de estimação. — Agora, ela está na minha frente e ergue seus dedinhos, tocando em meu ombro. — Você. Não. Manda. Em. Mim. — Quando ela termina de falar, eu a pego nos braços, erguendo-a do chão, e, mesmo com ela me estapeando, coloco-a sobre o balcão da cozinha. Agarro suas duas mãos, que arranham a pele do meu pescoço, e as coloco atrás de suas costas, segurando-as firmemente. Com minha outra mão, agarro seu maxilar.

— Fique quieta, *ragazza*. — Exijo, e ela cospe na minha cara. Meu sangue ferve, minha visão escurece, e meu pau se enrijece. — Ficou louca, porra! — Empurro meu corpo entre suas pernas, forçando-as a se abrir. — Você gosta de me ver perdendo o controle, não é? — Falo, enquanto esfrego meus dedos em sua boca com força, empurrando dois dedos para dentro, enchendo sua boca. — Se morder, eu faço você se engasgar com eles até o fundo da garganta, sua puta do caralho. — Empurro mais fundo em sua boca, e ela se engasga, fazendo um barulho agonizante. Retiro meus dedos babados e os esfrego em seu rosto, apertando sua bochecha e sorrindo perversamente para ela.

— Eu te odeio, William. Eu te odeio, seu, seu... — Cubro sua boca com a minha, silenciando-a. Nosso beijo é bruto, duro e punitivo. Agarro o vestido que ela estava usando com as duas mãos e o rasgo, transformando-o em trapos.

— William!

— Eu quero o que me pertence. — Exijo, e ela me empurra. Tentando entendê-la, me afasto. Seus olhos brilham, revelando uma malícia. Ela encara meus olhos, abre bem as pernas e passa a mão sobre sua minúscula calcinha, acariciando sua boceta. Aperto meu pau, pronto para baixar o zíper, quando ela abre a maldita boca.

— Você só vai tocar em mim quando ficar nu, como eu fico. Não vou aceitar mais suas migalhas, William. Não vou mais me doar por inteira enquanto você me dá pedaços. — Diz tão calmamente que me faz perder o tesão na hora.

— Você só pode estar zoando com minha cara!

— Não estou. Só percebi que você só me dá fragmentos de você e exige que eu dê tudo em troca. Não vou aceitar mais isso. Mesmo que eu o deseje, quero algo mais que só seu pau. — Suas palavras são lançadas covardemente na minha cara. Ela percebe que não vou reagir e pula da bancada da cozinha, saindo rebolando com sua bunda de fora, como se não tivesse acabado de foder com a minha mente.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora