CAPÍTULO 26

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     WILLIAM CARDINALLI

Acordo sentindo uma dor estranha em meu braço e um cheiro gostoso de baunilha. Sinto uma pele macia onde meu braço está envolvido e parece até um sonho. Só quando ouço um suspiro e alguém esfregando o bumbum em meu pau, abro os olhos e dou de cara com Natália de costas para mim, com a camisola erguida e sua bunda empinada roçando em minha ereção matinal. Fecho os olhos, tentando acordar desse pesadelo. Eu nunca me deito com uma mulher, muito menos durmo ao lado de uma. Há anos tenho insônia e todas as minhas noites acabam no clube, onde costumo tirar um cochilo depois de transar por horas seguidas, em um quarto exclusivamente meu, jamais com uma mulher ao meu lado, por razões óbvias.

Resolvo sair antes que Natália acorde para evitar constrangimento, mas assim que tento puxar meu braço de baixo dela, ela suspira e se vira para mim. Seus olhos castanhos me encaram e ela sorri um sorriso doce e gentil, o que me faz tocar seu rosto para afastar alguns fios de cabelo de sua testa.

— Bom dia, William.

— Bom dia, Natália. Você se sente bem? — Antes de me responder, ela esconde o rosto no travesseiro e nega com a cabeça.

— Não, estou com dor de cabeça e meu estômago está horrível. Parece que vou morrer. — Explica, ainda com o rosto escondido.

— Vou à cozinha pegar água e analgésicos para você. — Sento-me na cama e, quando vou me levantar, ela segura meu braço.

— William...

— Sim...

— Podemos continuar assim?

— Assim como?

— Sem discutir e sem as partes ruins que sempre aparecem quando estamos próximos. — Explica, e eu a encaro sem entender onde ela quer chegar.

— Tudo bem, Natália. — Concordo, apenas para sair depressa de perto dela. Quando ela solta meu braço, saio de seu quarto e sigo para o meu. Tomo um longo banho, visto-me para o meu longo dia de trabalho e vou à cozinha.

— Glória, poderia levar alguns analgésicos para Natália?

— Claro. Parece que ela se divertiu muito ontem? — Indaga, e eu fico em silêncio. — Não quero me intrometer, Guglielmo, mas talvez a menina esteja se sentindo solitária. Você poderia arrumar uma forma de ela passear e espairecer um pouco. Ficar trancada por muitos dias não faz bem. — Explica, e eu apenas concordo com a cabeça. Respiro fundo e resolvo sair de casa mais cedo. O que está acontecendo comigo?

Durante todo o trajeto da minha cobertura até o clube, penso em Natália e nas coisas que andam acontecendo entre nós, seu quase atropelamento, os problemas com a organização, o assassinato de Iara, as pessoas que querem ferrar com a boate e minha sociedade com Ângelo. Às vezes, desejo férias, um momento em que minha cabeça não esteja fervendo de problemas e planejamento.

Assim que entro no clube, sigo para o último andar, entro em meu escritório, tranco a porta, desço as cortinas e vou para a porta falsa ao lado do pequeno bar. Ao acionar a biometria, ela desliza para o lado e entro em minha sala com isolamento acústico e térmico para garantir privacidade e evitar vazamento de informações. No mundo em que vivemos, devemos desconfiar de todos e dar o benefício da dúvida para pouquíssimas pessoas. Assim que tranco a porta atrás de mim, vou até uma bancada com computadores de última geração, equipados com hardware e software de segurança avançados. Os monitores são protegidos por filtros de privacidade para evitar que pessoas não autorizadas visualizem informações confidenciais. Conecto-me a uma chamada com Don Antônio, Federico, Emílio e meu pai através de uma rede privada virtual (VPN) altamente segura, que utiliza criptografia avançada para proteger nossas comunicações. No momento em que atendem à videochamada, começamos a discutir sobre o que está acontecendo.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora