CAPÍTULO 60

289 33 24
                                    

                NATÁLIA AMARAL

             VÁRIOS DIAS DEPOIS

Depois que William saiu do quarto sem olhar para mim, me deixando nua, carente e chocada, não nos vimos durante todo o dia. Ele se trancou no escritório com Tom e Jonas, e de vez em quando eu ouvia seus gritos e o som de objetos se quebrando. Ele parecia furioso.

Foi então que Meire me convidou para conhecer a pousada Sol Poente, administrada pelos pais de Sandro de Freitas. Eles são pessoas muito humildes e hospitaleiras, e a pousada é encantadora, um refúgio rústico e luxuoso. A tranquilidade da natureza se combina com o conforto e as acomodações aconchegantes de alto padrão. A pousada é uma perfeita harmonia entre pedra e madeira, com um design que reflete a rusticidade da região, ao mesmo tempo em que incorpora elementos de luxo e modernidade. Os telhados de cerâmica, as grandes varandas com redes e móveis de madeira, e as amplas janelas que permitem a entrada de luz natural e oferecem vistas panorâmicas da paisagem ao redor são impressionantes.

Sem falar nos quartos, decorados com detalhes ricos e acolhedores, e na recepção ornamentada com flores e cadeiras de madeira. É tudo muito rico em detalhes mineiros, e a hospitalidade desse povo é simplesmente maravilhosa. Não é à toa que estou novamente na pousada, olhando para o enorme jardim bem cuidado, repleto de uma variedade de plantas e flores nativas. Eles fizeram caminhos de pedras que serpenteiam entre árvores frondosas, levando a espaços de descanso com bancos de madeira e fontes de água. Resolvi me sentar aqui e esperar por Meire e a noiva de Freitas.

Todos os dias têm sido os mesmos: acordo sozinha, passo o dia só, e tarde da noite William invade meu quarto, me levanta da cama e me leva para o sofá, onde ele me toma, ora rasgando minhas roupas, ora me despindo com carinho e cuidado. Ora ele faz amor de forma selvagem, ora é carinhoso, sempre usando algemas, vendas, penas, algum brinquedo sexual. Ele sempre mantém parte das roupas, apenas me dando o vislumbre de seu membro, sempre levando tudo de mim e não me entregando nada em troca. Meu corpo dói só de lembrar da noite passada; ele parecia desesperado. Me tomou com força, chegou a marcar minha pele com uma mordida enquanto buscava sua liberação em meu corpo. Foi tão intenso que lágrimas escorreram dos meus olhos, e ele beijou cada uma delas. Parecia uma despedida. Não houve palavras, apenas suor e gemidos; apenas William levando as últimas partes que me restam, e eu sou fraca demais para dizer não. Eu quero tudo o que ele puder me dar, e ele tem razão ao repetir a cada vez que me possui que eu nunca esqueceria de seus toques, seus beijos, sua pele ou corpo. William é e sempre será único em minha vida.

Só percebo que estava chorando quando Meire se aproximou e me entregou um lenço de papel.

— Ele disse que voltará ainda essa noite, Natália. Ainda não será para a Itália. — Sorrio tristemente para Meire, que retribui com um sorriso carinhoso.

— Não vai demorar muito mais, Meire. — Digo, triste.

— Sabe, Natália, eu já me apaixonei por um homem que morava em outro país. Fiz como você, me entreguei de corpo e alma.

— E o que aconteceu? — pergunto, olhando para ela, que me dá um sorriso triste.

— Terminamos. Mas carrego boas lembranças do nosso pouco tempo juntos, e não me arrependo em momento algum do nosso envolvimento. — Eu sorrio para ela.

— Espero poder pensar como você algum dia, Meire. Pois sei que, quando William se for, ele levará tudo de mim com ele. — Meire me envolve em um abraço acolhedor. Até que Lizandra aparece com um sorriso enorme no rosto e com um homem de chapéu, alguns botões da camisa abertos, calça jeans e botas de cowboy. Lizandra quase tropeçou, e ele a segurou pela cintura. Pensei se Freitas é tão ciumento e possessivo como William, pois William jamais aceitaria outro homem tocando em meu corpo sem perder os dedos. Palavras dele.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora