CAPÍTULO 90

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           WILLIAM CARDINALLI

— Nada em você me causa nojo, William. Eu amo tudo em você, amo sua personalidade dominante, amo seu jeito autoritário de ser, amo como você cuida de mim, amo seu lado possessivo, mesmo que às vezes me deixe irritada. Eu amo suas qualidades e defeitos, e sei que amarei cada pedacinho do seu corpo. — Movido por suas palavras e declaração a ergo do chão.

— Enrole suas pernas em minha cintura. — Ela faz o que peço e se segura em meu pescoço. Olho em seu rosto e entrelaço meus dedos em seus cabelos os puxando então meus olhos se recaem em seus lábios e os beijos com carinho e devoção. Deixo um selinho de leve e caminho com ela para o meu quarto. Tranco a porta e antes de colocá-la no chão encaro seus olhos.
— Natália.  — Ela olha em meus olhos e, encarar Natália é a coisa mais dolorosa que já fiz na vida.

— Minha pele foi queimada por choque elétrico, tenho algumas cicatrizes retraídas, tive cortes com facas por todo meu peito e abdômen. — Engulo o nó que se formou e juro que desvio meus olhos dos dela, os fechando por um momento.

— As cicatrizes são irregulares e avermelhadas, assim como as marcas de chicotes que são avermelhadas. — A coloco no chão e me afasto dela.

— Tem certeza que deseja me ver nu? — Minha voz falha, meu coração está disparado, sinto minha boca secar, minha mão suar e porra nunca havia me sentindo assim antes, nunca precisei me desnudar para alguém. Natália está exigindo de mim mais do que poderia dar, mas por amá-la deixarei que conheça minhas cicatrizes, minha deformidade e vulnerabilidade.

— William para isso dar certo tenho que conhecê-lo por completo, meu amor. Eu o amo. Você é perfeito para mim. — Seus olhos brilham quando ela fala e eu acredito. Encosto me na mesa de carvalho e deixo minhas mãos em cima dela, estou me entregando a ela.

— Aproxime-se Natália. — Ordeno e ela se aproxima um pouco hesitante, vejo que suas mãos estão trêmulas, sua respiração está acelerada, mas minha mulher é valente e com a cabeça erguida ela veio até onde estou. Nossos olhos se encontram.

— Pode abrir os botões de minha camisa. — Determino. Vejo hesitação por apenas alguns segundos em seu olhar. Suas mãos estão tão trêmulas e quando toca no primeiro botão, eu fecho meus olhos para não assistir sua reação de espanto, choque, nojo, repulsa ou pena. Não quero ver pena nos olhos dela. Tento levar meus pensamentos para outros lugares e cada vez que sinto uma casa de botão desfeita meu coração se agita, meus dedos se apertam na ponta da mesa ao ponto de dor, e meus dentes rangem de desconforto e por medo dela não me ver mais como antes. De me rejeitar, de me ver como inválido, deformado, um imprestável. As cicatrizes são horrorosas e horripilantes, me perco em meu alto flagelo só paro quando sinto algo suave demais tocando em minha pele, tão suave como uma pluma. Abro meus olhos assustado e quando olho para baixo o que vejo me arranca suspiros e a porra de uma lágrima desce dos meus olhos.

— Natália... — Sussurro, impactando enquanto assisto Natália beijando cada maldita cicatriz, seus beijos são tão doces que minha alma se contorce e meu coração se despedaça. E eu imaginei vários cenários diferentes, mas nunca que ela beijaria minhas cicatrizes com tanto cuidado e carinho.

— Amore mio... — Minha voz embarga e me sinto um fraco. Ela não para de deixar beijos e toque suaves em cada marca extensa e ondulada, na cicatriz maior que corta dês do meu peito ao abdômen. Vejo a ofegar, mas ela não parece se sentir intimidade, ela se abaixa e deixa vários beijinhos. Natália ergue seus olhos banhados de lágrimas não derramadas e me encara.

— Sei que as cicatrizes doem... — Ela desvia o olhar dos meus para olhar minhas feridas cicatrizadas.

— Mas espero que pelo menos meus beijos possam curar as cicatrizes de sua alma. — Minha garganta dói e tento não deixar que as lágrimas caíssem. Ela desliza seus dedos por minha pele e deixa outros tantos beijos.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora