EPÍLOGO 2

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                WILLIAM CARDINALLI

Olho para a mulher que tem meus sentimentos nas pequenas palmas das mãos e acredito que nem sabe disso. Depois de tomar seu corpo com sede e fome, fez com que ela adormecesse sem ao menos se banhar. A observo tão serena, chegando a ressonar, e percebo como ela mudou tudo em minha vida. Tê-la aqui, em minha casa e em meu país, é como um sonho do qual não quero acordar. Nossa mudança para a Itália foi estressante. Tivemos que resolver os documentos em cima da hora, e os pais dela, principalmente Bráulio, tentaram nos impedir. Mas, no final, deu tudo certo e aqui estamos, juntos, e espero que para sempre.

Natália é minha fonte de vida. É por ela que acordo a cada amanhecer e por ela que corro para casa sempre que posso, deixando tudo o que antes achava importante. Hoje, irei pedi-la em casamento, na presença não apenas dos meus pais, mas também dos pais dela e do tal Fausto. Jamais pensei que chegaria o dia em que pediria uma mulher em casamento por livre e espontânea vontade. Isso me faz sorrir.

Natália abre os olhos e me encara. 
— Por que você está sorrindo?

— Olhar para você me dá motivos para sorrir. — Ela abre um sorriso maravilhoso.

— Il mio amore per te è eterno. — Natália declara que seu amor por mim é eterno, e eu sorrio, deitando-me em cima dela.

— Non smetterò mai di amarti. — Sussurro ao beijá-la com paixão. — Preciso levá-la à Masmorra. — Revele e vejo seus olhos se arregalarem.

— Quando?

— Não está com medo?

— Não. Eu confio em você, amore mio. E faz muito tempo que você não usa seu lado dominador.

— O que acha de usarmos meu lado dominador hoje, após o jantar?

— Vou adorar. A Masmorra fica onde?

— Aqui, em nossa casa, no sótão.

— Por que nunca me levou lá? — Dou de ombros.

— Estava esperando você se acostumar com o novo país e os novos costumes. — Natália abre um sorriso lindo.

— Com você ao meu lado, William, qualquer lugar se torna um lar. — Cada vez que Natália reafirma que está comigo por escolha, uma parte da minha alma se restaura. Desejo que minha irmã possa ter esse sentimento algum dia, que encontre alguém que cure suas feridas e a faça desejar viver, transformando a dor que sente em cicatrizes do passado.

— Vou ao banheiro tomar um banho. E nem pense em me seguir ou não sairemos de casa hoje. — Ela me repreende ao sair correndo nua e trancar a porta do banheiro. Sorrio e sigo para o quarto adjacente para tomar meu banho. Ao abrir a porta do banheiro, estranhei: havia velas em cima da pia e algumas no chão, além de uma enorme caixa enfeitada na bancada. Me dirijo até ela e arranco a fita que estava em cima, abrindo a caixa. O que encontro dentro me faz cambalear. Um par de sapatinhos brancos, tão pequenos que pareciam de boneca. Ao retirar os sapatinhos, encontro uma peça de roupa com a inscrição: “Papai, estou a caminho!” A cor some do meu rosto. Depois, alcanço quatro testes de gravidez diferentes, todos marcando positivo. Fico sem reação. Não sei se sorrio, se choro, se saio correndo ou me escondo. É um sentimento totalmente diferente de tudo que já senti.

Pego uma folha que estava dobrada ao fundo da caixa. Ao abri-la, percebo ser a letra de Natália. Sento-me em um banco disposto ali no banheiro, com medo de que minhas pernas falhassem, e começo a ler a carta que Natália havia escrito:

“Amore mio,

Percorremos um longo caminho até chegarmos aqui. Houve muito choro, muitos encontros e despedidas. Houve saudade, tristeza, dor, solidão e abandono. Houve guerras, lutas, mentiras e segredos. Houve momentos de desistência. Mas sabe o que prevaleceu em tudo isso? O desejo de permanecermos juntos, a certeza de que tudo se resolveria, de que em algum momento nosso tão sonhado ‘felizes para sempre’ chegaria.

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