CAPÍTULO 16

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                 NATÁLIA AMARAL

O olhar cru de William me fazia ansiar por toda maldade que ele poderia fazer comigo, mesmo sendo uma completa loucura desejar algo tão perigoso.

— Você desapareceu por dias! Espera que eu o receba com cafezinho e bolo? — zombo ao perguntar.

— Mandei repetir! — exige em uma ordem explícita, e seus dedos circulam meu pescoço ao ponto de, quando tento engolir saliva, senti-los. Não me machuca, mas me assusta um pouco.

— Eu o esperei aquele dia, sabia? Você me deixou nua e sozinha. Eu fui submissa como me pediu, e mesmo assim me abandonou. Você quer me fazer de idiota, William, mas isso acaba aqui. Eu sou um ser humano e não vou aceitar ser usada dessa forma! — me exalto e tento empurrá-lo para longe, mas só consigo fazer com que ele se aproxime mais ainda de mim. Sua mão deixa meu pescoço, mas me aprisiona na parede, ladeando minha cabeça com as mãos.

— Não sabe o que está dizendo, cazzo! — ele parece estar no limite, a voz sai baixa e controlada.

— Sei sim. Eu não quero mais ser um de seus brinquedos, William. Estou cansada desse seu jogo doentio de tentar me dominar e, quando consegue, se afasta. Isso é coisa de pessoa tóxica. — retiro forças de onde não tenho para gritar na cara dele o que estava engasgando em mim. Apenas para ele baixar o rosto, nivelando-o ao meu, e encarar meus olhos.

— Tem certeza, cara mia? Não quer mesmo ser meu brinquedo? Nem quer experimentar como é bom participar dos meus jogos? É isso que deseja? Que eu a deixe livre? — ele desliza seus dedos pelo meu rosto, e eu fecho meus olhos, apenas sentindo o toque leve e quente de seus dedos grossos. Sua respiração era rápida e irregular, tão próxima do meu rosto que me fez abrir os olhos apenas para encontrar seu olhar frustrado e vazio me encarando. Eu não encontrei a luta que pensei que acharia.

— Responda! — sua voz adquiriu um tom áspero ao indagar, me assustando.

— Eu não quero ser sua prostituta particular, e o que eu quero você não está disposto a me dar. Não há futuro aqui. — tento passar uma segurança que não possuo. Ele se afasta de mim, e perco o calor do seu corpo, sentindo vontade de me bater por ter aberto a boca. Por que não podemos nos dar bem? Essa disputa idiota de poder está me deixando louca.

— Está bem. — ele diz e se retira do meu quarto, me deixando novamente sozinha. Não aceito e o sigo.

— William! — ele parece ignorar minha presença e continua a andar. Corro para ficar à sua frente e me encosto na porta.

— Não vai me deixar falando sozinha novamente. Volte aqui! — aponto, irritada, enquanto ele passa os dedos pela barba.

— Foi um equívoco procurá-la, Natália. Você é muito imatura e mexer com você é mais dores de cabeça do que estou disposto a ter. — suas palavras me ferem profundamente, levando-me a encostar a cabeça na porta, uma onda de mágoa inundando meus olhos com lágrimas.

— Você invadiu minha vida sem ser convidado, persegue-me e depois finge me libertar apenas para enviar seus capangas para me vigiar e acampar em frente ao meu portão. E, ainda assim, sou eu quem é infantil? — desafio-o, mas ele permanece imperturbável, como se minhas palavras fossem insignificantes para ele.

— Eu achei que você valesse a pena, mas estava enganado. Afaste-se. — sinto-me tão humilhada que ergo a mão para dar-lhe um tapa, mas ele é mais rápido e segura minha mão antes que eu alcance seu rosto, movendo-me rapidamente para longe da porta.

— Nunca levante a mão para agredir um homem, Natália, especialmente um homem como eu. Você não tem ideia do que somos capazes. — William me repreende, sua voz ecoando com uma autoridade inquestionável. Ele abre a porta e parte sem olhar para trás, me deixando arrasada.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora