NATÁLIA AMARALNão sei de onde tirei forças para enfrentar William ou cuspir em sua cara. Sei que desafiei o diabo. Mas, quando estamos próximos, não consigo pensar. Sei o quanto ele é mal. Provei isso quando suas mãos seguraram meus braços com força ou quando seus dedos entalaram em minha garganta, me deixando sem ar e com lágrimas escorrendo pelo rosto. No entanto, vi algo em seus olhos quando ele quebrou aquela porta, algo que jamais tinha visto antes. Era cru e sombrio, tão tenebroso que temi por minha vida e só quis que ele voltasse. Não sei por que senti essa vontade de puxá-lo de volta—talvez para desabafar, irritá-lo, ou simplesmente por medo de que ele sumisse novamente, me deixando sozinha, mesmo quando o odeio arduamente. Só sei que, mesmo com raiva, preciso dele aqui, preciso que me diga o que está acontecendo.
Foi necessário, eu sei. Ele não é uma pessoa comum, dessas que você pode provocar sem temer uma reação ou retaliação. William e Ângelo estão envolvidos em algo ilegal, algo muito sério. Armas, seguranças, inimigos, caos. Jonas me disse que William era um monstro, e Ângelo me mandou ler nas entrelinhas. Mas que tipo de monstruosidade é essa? Roubam pessoas? Vendem drogas? Extorquem? Livro-me desses pensamentos, entro no quarto e fecho a porta atrás de mim, ainda com a respiração afetada. Vi um desejo animalesco em seu olhar, assim como represália. Vou precisar de forças para continuar de pé diante do trator que é William. Quando me sinto melhor, entro no banheiro e, ao olhar no espelho, vejo meu vestido em farrapos e minha calcinha toda molhada.
— Idiota! — murmuro irritada por desejá-lo, mesmo o odiando. Entro no chuveiro, e, depois de nua, deixo a água cair sobre meu corpo e meus cabelos, querendo lavar para longe toda essa agitação e loucura. Não posso ser como antes, não posso me comportar como uma mulher mimada que gosta de chamar atenção. Meu pai tem razão: preciso controlar meu temperamento. Preciso ser melhor que isso. William não me faz bem; ele me traz essa falta de estabilidade. Ele me tirou de casa para um sequestro. Eu poderia estar morta ou sendo torturada agora. Isso é o quanto sou importante para ele. Como sou idiota. Como pude imaginar que William poderia sentir algo por mim, mesmo que fosse proteção ou culpa? Mas ele não sente nada, e me machuca descobrir isso.
Saio do banheiro enrolada em uma toalha, depois de um longo banho, e o vejo sentado na cama, com a cabeça entre as mãos. Ele não olha para mim. Solto um suspiro resignado.
— Preciso de roupa. — William apenas concorda com a cabeça.
— Mandarei buscar.
— Preciso de algo para comer.
— Ângelo pediu que trouxessem do restaurante dele, deve chegar em alguns minutos — responde.
— William.
— Hum?
— Por que me usou?
— Foi necessário, Natália.
— Por que necessário? Por que me machuca tanto? — sussurro. Ele levanta a cabeça e procura meus olhos.
— Pensa que gosto de fazer isso? Que fiquei feliz em deixá-la correndo perigo com um dos homens que estava desesperado para provar sua lealdade?
— Lealdade a quê? Organização de quê? Qual é a verdade por trás de tudo isso, William? Quem é você? — interrogo, exausta, chateada, confusa.
— São perguntas cujas respostas você não gostaria de ouvir, bella mia. Apenas guarde o que Jonas disse: eu sou mesmo um monstro — explica, levantando-se da cama. Eu caminho até ele e toco seu peito.
— Então, por que me fez desejá-lo? Por que despertou essa loucura, esse vício em mim? Por quê, William? — indago, exigindo uma resposta. Ele toca meu rosto com seus dedos grossos e grandes, e fecho os olhos.
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Ligados Pela Obsessão
RomanceLivro+18 Natália, uma jovem de 25 anos do interior de Minas Gerais, sempre viveu sua vida sem limites, até que um furacão de caos e dominação chamado William entra em seu caminho. William, aos 34 anos, é um membro da Máfia siciliana que veio ao Bras...