CAPÍTULO 7

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                   NATÁLIA AMARAL

Essa noite está sendo a mais louca da minha vida. Já havia bebido uns 5 drinks, contando com os últimos três no nível 2. Observei William desde que ele estava falando com uma menina, dando comandos e ela obedecendo. Ela não o encarava, a conversa era sussurrada, despertando minha curiosidade e ciúmes. Sei que é loucura, mas não sou conhecida por ser muito certa mesmo. Então ele me chamou para o nível dois. Que lugar incrível, lindo, luxuoso até a última gota. Tudo parecia ser feito de mármore e ouro, o cheiro de cada sala, andar era diferente, assim como as luzes sensuais e a música exótica, sexual. Ver aquele casal se pegando me deu calor. Flertei com o barmen querendo ter alguma reação de William, mas ele parecia uma pedra, todo certinho, sério, frio, concentrado, como um robô. Não consigo enxergar humanidade nele. Já alta com o álcool que tomei, resolvi que iria gastar toda minha ousadia para ver se ele saía de sua pose arrogante e inabalável. Foi custoso pra chuchu arrancar o homem do sério. Precisei segurar um pouco minha timidez e, às vezes, aumentar minha coragem. Devo confessar que assistir aquele casal na cabine me excitou. Minha vontade foi de me encostar em William e implorar para ele me foder ali mesmo. Mas o que o homem tem de bonito ele tem de irritante, cheio de suas regras: não me toque, não me beije, não gema, não se mexa. Para uma mulher com a força do álcool no sangue, não iria funcionar. Queria pele na pele, seu corpo, beijos, abraços, queria senti-lo em mim. Quando finalmente consegui a ruptura que tanto desejei a noite toda, dou uma de ter consciência. Lembro de Dário. Dá para acreditar nisso? Um homem gostoso querendo transar e eu me lembro do Dário? O álcool ama me humilhar. Agora estou olhando para um William assustado e confuso, e lágrimas saem dos meus olhos ao imaginar que perdi minha virgindade em pé, em um quarto qualquer usado por um monte de pessoas que nem conheço. Não é especial, não era isso que sonhei para mim. Não consigo formular nenhuma palavra. William vai até um armário e pega um tipo de robe e me cobre. Me encolho quando o vejo.
— Sente-se na cama, Natália. — Ele manda, e eu sigo para lá, me cobrindo com a manta que estava jogada em cima da cama. Não precisava fazer todo esse show. Sou mesmo patética. William vai para algum cômodo e parece estar falando no celular. Olho para meu vestido jogado no chão, minha calcinha rasgada perto da parede. Não tenho coragem de tocar minhas partes baixas para saber se fizemos o que pensei na hora que aconteceu. Em minha defesa, estava de olhos fechados aproveitando o carinho. Não imaginei que ele iria introduzir algo em mim, não sem antes nos deitarmos na cama. Não pensei... Lágrimas saem dos meus olhos. Imaginei que minha primeira vez seria mágica, com carinho em uma cama coberta por pétalas de rosas, que teria banho de banheira, que seria traçado um roteiro. Idealizei que Dario iria me despir e deitar em cima de mim, que seria carinhoso, que iria doer, mas que seria romântico. Sou mesmo muito otária.
— Tome um pouco de água. — William oferece, parecendo nervoso. Encolho-me, e ele bufa, colocando o copo em cima da mesa de cabeceira e saindo de minha vista. Bebo a água em pequenos goles. A porta do quarto é aberta, e lá estava um homem com o semblante ainda mais escuro que William. Analisa todo o quarto e procura por William, que sai do banheiro.
— O que houve aqui, William? Falta de boceta sei que não é, Stronzo — A última palavra não entendo o significado. William se aproxima dele e estala a língua, seu semblante ameaçador.
— Tive um erro de julgamento. Acreditei que a moça estava pronta para mais que algumas preliminares. — Explica, parecendo um tanto irritado e perturbado. O homem se afasta de William e se aproxima de mim.
— Me chamo Ângelo Rivera. Ele a machucou? — Encolho-me. Acho que não é hora para eu ficar tímida. Para terminar a humilhação, apareceu Corrado.
— Qual o problema aqui? — Mais um homem para ver minha calcinha rasgada no chão e meu vestido jogado aos pés do sofá perto da parede. Quanta humilhação eu terei hoje?

— William não sabia que estava fazendo sexo com uma virgem. — revela Ângelo.

— Cazzo, não perguntei, ela me chamou para transar. Eu iria adivinhar que a garota era virgem? Qual virgem desafia um dominador a transar? — revela, me envergonhando. Eles não precisavam saber o que eu fiz ou disse. Eu cubro meus olhos e acabo tendo uma crise de choro. Não sei o que acontece, mas alguns minutos depois ouço uma voz feminina e os homens saem para outro cômodo, mas ainda consigo ouvir Ângelo falar.

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