Ligados Pela Obsessão

CAPÍTULO 89

              WILLIAM CARDINALLI

               TRÊS DIAS DEPOIS

Com muita relutância por parte de Natália e insistência de minha parte consegui trazê-la para Albuquerque comigo. Natália está distante, não sorri com a mesma frequência e nem mesmo tem a mesma petulância de antes, e saber que parte dessas suas mudanças aconteceu por minha causa me deixa um pouco ressentido. Eu não tinha controle em minha vida ou escolhas, ainda não possuo de todo. Estou aqui apenas por tempo limitado, férias temporárias e sei que terei que suar para conseguir com que Natália deseje ir comigo para Itália. Não tem nada que me faça partir sem que ela me acompanhe. Esses meses que passamos separados um do outro só serviu para que eu percebesse como eu a amo. Um sentimento que lutei para que não fosse aceito por mim. Eu sempre julgue não possuir um coração e nem mesmo sentimentos e aqui estou eu, rendido por uma mulher que me ignora e que está me fazendo duvidar se conseguirei tê-la de volta por completo como antes.

Assim que chegamos a minha cobertura Natália tão familiarizada com o local quanto eu, já foi indo direto para o quarto que era dela. Permiti que ela fosse até ele, acredito que ela precisava de algum tempo assim como eu, nós dormimos juntos nele por dois dias, Natália na maioria das vezes está ignorando minha existência, fingindo não me ouvir, e nem mesmo quis aproveitar a banheira ou os outros cômodos. Tentei dar a ela espaço mesmo que isso me deixasse louco; ultimamente o que mais tenho dado a ela é tempo, sei que a machuquei e que não posso impor meus desejos a ela. Até tentei deixá-la seguir em frente, seria egoísmos demais prendê-la a mim. Estou no Brasil há quase um mês e só agora consegui coragem para me aproximar e invadir a vida dela novamente. Não menti quando disse que sem ela não teria um motivo para viver. Meu plano inicial sempre foi de ser morto por Carlo ou Matteo, só que as coisas nem sempre saíram como eu desejo.

Abro meu quarto pessoal e pela primeira vez deixo a porta aberta, nunca permiti que Natália entrasse aqui, talvez por medo e receio do que ela possa ver aqui e fugir de mim, mas agora não possuo esse medo. Ela terá que se acostumar com minha maneira de ganhar a vida se ainda tiver a intenção de ficar comigo. Sei que em algum momento a curiosidade dela irá vencer, deixo a porta do quarto aberta e sigo para o banheiro tranco a porta e resolvo tomar um longo banho. Quando saio do boxe entro no meu closet e visto uma camisa de manga longa e uma calça jeans enrolo um pouco ao passar perfume e organizar algumas camisas que estavam fora de lugar e saio com os cabelos molhados encontro os olhos de Natália arregalados e sua pequena estatura estava imóvel, paralisada diante do meu arsenal de armas, exibidas dentro de uma enorme estante de vidro reforçado, que cobre uma parede inteira do quarto, iluminada com luzes Led vermelhas, que destacam o brilho metálico das armas. Pistolas, rifles de assalto, submetralhadoras, facas, adagas e munições estão organizadas meticulosamente. A parede ao lado está equipada com múltiplos monitores de alta definição exibindo feeds ao vivo das câmeras de segurança em todas as minhas propriedades, incluindo a casa de Natália. Um painel de controle permite que eu alterne entre as câmeras, grave vídeos e monitore qualquer atividade suspeita, nessa mesma estação esta uma mesa de carvalho escuro com detalhes de ferro forjado em cima da mesa tenho uma pilha de dinheiro, tanto em reais como em euros, algumas moedas espalhadas, várias pastas com documentos importantes, e também possuo um notebook que estava com a tela fechada. Ainda ali está uma parede falsa que é coberta por uma obra de arte italiana que ao ser afastada me dá acesso a sala de comunicação com a organização. A cama é King-Size cabeceira de couro, lençóis de cetim preto. Existe uma mesa de café com duas poltronas de couro. Deixo que ela observe tudo e que tome seu tempo para me entender. Sua voz sai rouca quando ela fala pela primeira vez.

— Por isso nunca me deixou entrar aqui. — Sussurrou acredito que mais pra ela do que para mim, por alguns segundos imaginei que ela sairia correndo, mas vejo a hipnotizada e chegando mais próximo ao arsenal de armas. Permito que ela se aproxime e a sigo quando ela chega bem próxima, assisto a tocando no vidro olhando para uma arma em específico.