CAPÍTULO 34

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            NATÁLIA AMARAL

Quando a água estava quase esfriando, ele aparece no banheiro. William está com uma camisa de manga longa azul escuro e uma calça de moletom cinza.

— Venha. — Ele ergue o roupão e me ajuda a sair da banheira, pega a toalha de rosto e me entrega, usando outra toalha para enxugar meus cabelos. Quando terminamos, seguimos para o quarto.

— Preciso tirar um momento para descansar. — confessa ao se deitar na cama. Não espero ser chamada, retiro o roupão e me deito junto a ele. Pareço surpreendê-lo com minha nudez, mas rapidamente ele camufla a surpresa.

— O que aconteceu? — indago, mesmo correndo o risco de não ser respondida ou de ser destratada.

— Uma emboscada. Temos um traidor entre nós. — revela ao cobrir o rosto com seu antebraço.

— Vocês foram feridos?

— Eu levei um tiro de raspão no braço. E antes de perguntar, estou bem. — responde, e eu fico em silêncio. Me acomodo melhor ao seu lado, cobrindo meu corpo com um lençol, mas ele não permite, me desnudando novamente.

— Melhor assim.

— Você não está nem vendo.

— Eu tenho meus sentidos apurados e vou olhar quando acordar. Só preciso descansar um pouco. — confessa, parecendo realmente cansado.

— Você passou a noite toda nesse lugar? — sei que posso estar passando do limite, mas preciso saber mais sobre ele.

— Sim, quando cheguei no clube pedi uma carona de helicóptero e corri para cá. — suas palavras fazem meu coração idiota palpitar e rapidamente me policio.

— Vou deixá-lo dormir.

— Fique aqui. — pede, e eu deixo um sorriso escapar por meus lábios. Não o respondo, mas vou até a porta do quarto, a tranco, baixo as cortinas que escurecem o cômodo e me deito novamente perto dele.

— Aproxime-se. — eu faço o que ele pediu, deitando em cima do seu ombro.

— Durma bem, William. — sussurro baixinho e faço uma prece, agradecendo por ele estar bem e aqui comigo. Aos poucos, o sono também me rouba, e durmo suspirando. Eu perdi minha virgindade! Eu nem acredito.

Quando me mexo na cama, sinto o vazio ao meu lado e logo percebo que William não estava mais ali. Meu coração se aperta, mas imagino que ele foi comer alguma coisa na cozinha. Procuro meu celular e percebo que já passa das duas da tarde. Eu dormi muito, estava cansada e dolorida, sem falar da noite mal dormida, da preocupação e sobrecarga de tudo que aconteceu. Depois de me espreguiçar, resolvo me levantar. Estava nua, procurava por meu vestido quando vejo uma das camisas de mangas longas de William em cima da poltrona e resolvo vesti-la. Levo-a ao nariz e seu cheiro inconfundível estava impregnado nela, fazendo-me suspirar. Eu abraço meu corpo para ver se assim consigo sentir mais dele. William não é de abraços nem muito carinhoso; ele gosta de dominar, de estar no controle. Até seus beijos são dominantes, seu toque é sempre incendiário, ele nunca me toca sem a intenção de me fazer queimar por ele. Resolvo fechar a camisa de botões, que me pareceu como um vestido, e saio do quarto. Faço um coque nos meus cabelos e sigo pelos corredores, mas não o encontro em lugar algum. Vou à cozinha e percebo que tem um sanduíche no balcão e, na geladeira, suco de laranja pronto. Acredito que seja seu preferido. A cozinha é espaçosa, toda de inox, e a bancada era de granito. Possuía uma dispensa ampla e um lavabo em outra porta. Por estar com fome, resolvo me sentar, comer o sanduíche e tomar o suco. Depois faço todo meu caminho de volta ao quarto em que estávamos e pego meu celular. Não tinha ligações nem mensagens de ninguém. Subo os outros dois andares. No terceiro andar, há dois quartos, uma sala de jogos, um escritório com uma biblioteca enorme e um mirante com uma vista incrível. O ventinho fresco me fez suspirar. Eu estava vivendo um turbilhão de emoções e não estava sabendo lidar, desde paixão a dúvidas, preocupação do que seria agora e euforia. Cheiro novamente a camisa de William e solto um suspiro. Eu pensei que acordaria com ele ao meu lado, que ele faria carinho nos meus cabelos, que perguntaria como eu estava me sentindo, que falaríamos sobre coisas triviais. Pena que não foi o que aconteceu. Cansada de ficar ali, resolvo descer para o térreo. Assim que cruzo a sala, vejo Jonas. Ele percebe que estou apenas com a camisa de William e vira de costas rapidamente, e eu seguro um sorriso.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora