CAPÍTULO 58

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                 NATÁLIA AMARAL

             NA MANHÃ SEGUINTE

Acordo com o lado da cama vazio; William já tinha se levantado. Espreguiço-me e decido tomar um banho. Arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo alto, visto uma calça jeans, um cropped comportado e uma sandália rasteirinha. Desço as escadas e encontro Meire e Glória na cozinha.

— Bom dia — cumprimento-as, e elas sorriem para mim.

— Bom dia, Natália. Como tem passado? — pergunta Glória.

— Muito bem, Glória, e você? — respondo. Ela me serve um copo de leite quente, colocando o açúcar à minha frente, junto com alguns cookies.

— Estou bem. William me informou que em breve partiremos para a Itália. Eu sempre fico ansiosa quando retornamos para lá. Faz quase um ano desde a última vez que estivemos na Itália — revelou, o que me fez colocar duas colheres de açúcar no leite, misturando-o com uma atenção incomum.

— Vocês vão para ficar? — pergunto, tentando não demonstrar a apreensão que começa a apertar meu peito.

— Não sei. William só disse que eu deveria embalar algumas das coisas dele, que ele iria enviá-las para a Itália na semana que vem — responde Glória. Uma sensação desesperadora aperta meu peito ainda mais. Tomo um gole do leite para evitar encarar Glória e Meire.

— Não fique assim, Natália — diz Glória, mas me nego a olhar para ela.

— Tivemos tão pouco tempo — sussurro, continuando a beber o leite, mesmo que esteja doce demais. As duas permanecem em silêncio, e só percebo o motivo quando William entra na cozinha e se senta ao meu lado, na cadeira da ilha. Ele se serve de café, e Meire e Glória saem da cozinha, nos deixando a sós. Bato os dedos no copo, tentando esconder minha inquietação.

— Quando você vai partir? — sussurro baixinho. William não responde de imediato, e isso só intensifica a dor em meu peito.

— Olhe para mim, Natália — ele ordena, mas me recuso a deixá-lo ver o que estou sentindo. — Natália — insiste, agora com a voz autoritária.

— Não — continuo hesitante, evitando encará-lo. William se levanta de sua cadeira e me pega nos braços, levando-me para a sala de estar, onde me senta em seu colo. Eu escondo meu rosto em seu pescoço.

— Quando? — insisto. Ele solta um suspiro audível.

— Em breve.

— Eu quero uma data, William. Isso não é uma viagem daqui para São Paulo, não é?

— Não.

— Será longe.

— Sim.

— Não nos veremos.

— Não.

— Você vai voltar? — indago, mas William permanece em um silêncio angustiante.

— É incerto. Meu chefe me ligou e exigiu minha presença. Eu terei que ir, bella mia, mesmo que essa seja a última coisa que eu realmente deseje agora. Não tive o suficiente de você — revela, surpreendendo-me ao beijar meu pescoço com carinho. Encaro seus olhos azuis escuros.

— Você está diferente — afirmo, e ele desvia o olhar.

— Não estava pronto para desistir de você. Imaginava que teríamos mais tempo, que de alguma forma conseguiríamos chegar a um acordo. Não quero mais brigas ou discussões, Natália. Eu quero foder você até perdermos os sentidos. Quero apreciar cada parte do seu corpo, quero dominar você, quero ser dono dos seus orgasmos e desejos — ele diz, deixando claro que o que quer é sexo. O que eu esperava? Que ele quisesse a mim? Que ele desejasse mais que meu corpo? Sim, era isso que eu esperava. Tento não deixar transparecer os sentimentos conflitantes dentro de mim.

Ligados Pela ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora