Capítulo Dois

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- Come aí.

Ele me entregou um pão com mortadela, eu agradeci e comi.

Eu tava com muita fome, mas não queria abusar dele.

- Qual que é teu nome?

Dei uma pausa no pão e falei.

- Fernanda. E o seu?

- Cobra.

- Isso não é nome de uma pessoa. - voltei a comer meu pão.

- Meu nome é Victor, mas eu prefiro que me chamem pelo meu vulgo.

- Ok Victor.

Ele arqueou uma sobrancelha.

- Obrigada por me ajudar, mesmo. - coloquei o prato na mesinha de centro. - Vou ser sempre grata a você.

- Tamo junto.

O silêncio toma conta, até ele quebrar o clima.

- Tu pode ficar com o quarto de visitas, ele é o segundo do lado direito.

- Muito obrigada, você salvou minha vida.

Os olhos dele permaneciam em mim todo o tempo.

- Atividade, já é.

Ele levantou do sofá, pegou o fuzil que tava em cima da mesa e saiu.

Eu peguei o prato que comi e lavei.

Olho no relógio da cozinha e é 09:31.

Se eu me esforçar, eu consigo fazer um almoço pra ele, já que ele me ajudou.

Olho na dispensa e na geladeira, tem tudo o que eu preciso pra fazer um almoço.

Fiz arroz, feijão, bife, salada e suco de maracujá.

Coloquei um prato, um copo e os talheres na mesa pra quando ele chegasse.

Meio dia e meio a porta é aberta e ele entra, coloca o fuzil no sofá e vem até a cozinha. Eu estava ali em pé esperando ele.

- Qual foi?

- Eu não sei se vai ser do seu agrado, mas eu fiz um almoço pra você, pra agradecer por você ter me ajudado.

Peguei a tijela que eu coloquei o feijão, a travessa do arroz e depois da salada.
Peguei os bifes e coloquei em um prato e levei até a mesa. E por fim, peguei a jarra de suco e servi no copo.

- Valeu.

Ele se serviu e eu fui pra cozinha terminar de lavar umas louças.

- Ou, tu já comeu?

- Ah não, depois eu como.

Ele continuou comendo quieto.

Terminei as louças e ele terminou de almoçar. Ele mesmo lavou o restante das louças que ficou depois que ele terminou de almoçar.

- Valeu pelo rango, eu vim justamente pra perguntar o que tu ia querer comer.

- Não foi nada. - sorri timidamente.

- Tava bom pra caralho. - ele tirou a camisa e jogou no sofá.

Sorri em forma de agradecimento.

Ele tinha o corpo tão atraente, mas mudei logo a atenção pra tv.

O radinho que tava na cintura dele soou.

- Patrão, a Gabi tá aqui na boca 3.

- Atividade.

Ele levantou, pegou o fuzil e jogou a camisa no ombro e saiu.

Abri a dispensa e vi que tinha trigo, resolvi fazer um bolinho, acho que ele vai gostar, é o mínimo que eu posso fazer pra agradecer ele.

Fiz um bolinho de cenoura com cobertura de chocolate e coloquei na mesa.

A noite chegou tão rápida, quando o Victor chegou, eu estava dormindo no sofá. Me levantei sem jeito.

- Eu fiz bolo de cenoura, não sei se você gosta.

Ele pegou uma fatia e comeu.

- Tá gostoso.

Sorri em forma de agradecimento.

- Você pode me emprestar uma camisa e uma bermuda? Eu queria tomar banho.

Ele subiu as escadas e eu fui junto, atrás dele, claro.

Ele me entregou uma camisa e uma bermuda Tactel, agradeci e entrei no quarto que eu supôs que era o da visita.

Tomei um banho e me troquei. As roupas ficaram largas e enormes.

Desci as escadas e percebi o olhar dele sobre mim.

Ele não conseguiu controlar o riso, foi a primeira vez que ele sorriu pra mim.

Fiquei envergonhada.

- Victor, eu posso pegar um pedaço de bolo?

- E desde quando tu precisa pedir algo que quer? Vai lá e pega ué.

- Obrigada!

Peguei uma fatia de bolo e comi no cantinho da cozinha, sou muito tímida pra certas coisas.

Voltei pra sala, ele estava assistindo alguma coisa na tv, ele parecia interessado.

- Victor, o que você gosta de comer?

Parece que ele não escutou, vou falar de novo.

- Victor, o que você gosta de comer? É que eu tava pensando em fazer fricassê pro almoço e...

Ele me interrompeu.

- Cala a boca porra, eu tô assistindo.

Eu tomei um susto, me calei e baixei a cabeça. Parecia que eu tinha acabado de falar com o Eduardo.

Me encolhi no sofá e comecei chorar quietinha.

- Pô, foi mal... É que era um bagulho importante daqui do morro.

Abaixei a cabeça e fiquei quieta.

Quando ele subiu a escada, eu subi também, fui pro meu quarto temporário e fiquei lá sentada na cama.

No Morro do Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora