Capítulo Quatro

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O movimento deu uma acalmada, o Victor e os amigos comeram e agora tão tomando cerveja.

- Nanda, trás mais uma rodada. - um dos rapazes me chamou.

Não sei como ele sabe meu nome, o Victor deve ter falado.

Levei mais um litro de cerveja pra eles.

- Oh Nandinha abençoanda hein... - um deles piscou o olho pra mim.

Olho pra Victor que fechou a cara após a gracinha do amigo dele.

Pego uma flanelinha pra limpar as mesas que estão desocupadas.

Olho no relógio e já são quatro e cinquenta e seis. Eu largo as cinco, o bar fecha às seis, quando não tem muito movimento.

- Pode ir Nanda, já está liberada. Mais tarde tem pagode na praça, se você for a gente se ver lá. - ela sorrir.

Tirei o uniforme e voltei pro salão.

- Tchau dona Lurdes, até amanhã.

- Tchau menina.

Ia saindo do bar, quando Victor segurou meu braço.

Os amigos dele ainda estavam lá.

- Eu te levo pra casa.

- Ah não, pode ficar aí com os seus amigos, eu vou caminhando.

- Bora logo.

Ele montou na moto e eu logo em seguida.

Comprimentei os rapazes que ficam na contenção e entramos na casa dele.

- Tu vai pro pagode? - me sentei no sofá esperando a resposta dele.

- Não.

Levantei do sofá e fui pro "meu" quarto.

Tomei um banho rápido e me vesti com um vestidinho preto coladinho, alças fininhas. Passei meu perfume, calcei uma rasteirinha e pra finalizar, passei um batom rosinha e desci as escadas.

Victor me olhou dos pés as cabeças, mas não falou nada.

- Ih a lá a patroa indo pra revoada.

Sorri e saí da casa do Victor.

Fui descendo o morro lentamente, estava com muita preguiça de andar.

Um carro parou ao meu lado, o vidro desceu e eu vi que era o Victor.

- Bora.

- Pra onde? - continuei andando.

- Pro pagode.

- Você não disse que não ia? - parei e coloquei as mãos na cintura.

- Bora logo Fernanda.

- Não.

Continuei andando.

- Vai ficar assim de gracinha?

- Você tem que aprender a falar com as pessoas.

- Ah é? Tu acha que é quem? Tá acabando que tá com essa moral é? Então vai tomar no cu, filha da puta.

Ele acelerou o carro e saiu voado.

Depois de uma caminhada boa, eu cheguei na praça onde tava rolando o pagode.

Tinha várias pessoas, algumas dançando, outras bebendo e o grupo de pagode estralando.

Me aproximei mais e vi dona Lurdes de longe, ela estava dançando.

Comprei uma latinha de cerveja com as últimas moedinhas que eu tinha.

De longe eu vi o Victor, tinha uma mulher grudada nele. Eles estavam numa rodinha.

Terminei de beber a latinha e fiquei ouvindo as músicas, já que não tinha mais dinheiro pra comprar nada.

Resolvi caminhar pelo morro, minha cabeça anda cheia.

Agora que eu consegui um emprego, quando eu receber o salário, vou procurar uma casa pra morar e aos poucos vou comprando os móveis.

Ou melhor ainda, se eu achar uma casa mobiliada, eu só pago o aluguel.

Me sentei em uma calçada aleatória.

- Tá perdida, Nanda?

Olhei pro lado e vi o Nico.

Nico é o tipo de homem que eu gosto, ele é muito gato. Tem os olhos lindos, uma boquinha bem rosadinha, a barba que dá um charme.

- Não. - sorri timidamente.

Ele sentou ao meu lado.

- Se tu mora lá no alto do morro, o que tá fazendo aqui?

- Tava andando por aí, resolvi sentar aqui.

- De bobeira, né?

Sorri.

- Tá rolando pagode na praça.

- Eu vim de lá.

- Já é. Bora comer um dogão?

- Eu vou ter que recusar, já vou indo pra casa.

- Eu te levo, vou só pegar a motoca.

Ele saiu e logo voltou com uma moto.

Eu montei e ele me levou pra casa.

Quando chegamos na casa do Victor, o carro dele estava parado na porta.

- Obrigada Nico. - sorri.

Ele saiu voado na moto.

Comprimentei os rapazes e entrei.

- Onde você tava?

O Victor parecia estranho, seus olhos estavam vermelhos, ele parecia alterado.

- Eu tava andando por aí, o Nico me trouxe.

Eu sentei no sofá.

- Tu é uma vadia, assim com todas as outras. Eu viro as costas e tu já quer da pra outro.

Fiquei sem entender o motivo de tanta braveza.

Ele veio pra cima de mim e segurou meu pescoço.

Tentei empurrar ele, mas ele é muito forte e me jogou no chão.

Eu levantei e corri pro "meu" quarto.

Ele esmurrou a porta do "meu" quarto por diversas vezes.

Eu me encolhi na cama, eu estava vivendo o mesmo pesadelo outra vez...

Passei a noite chorando, meu corpo e pescoço doíam.

Tomei um banho e me vesti

Quando desci a escada, tinha várias coisas quebradas, sai correndo de lá.

Fui direto pro trabalho.

No Morro do Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora