Capítulo Trinta e Sete

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Um mês se passou e eu ainda não acredito, eu choro todo dia, sinto falta da loucura dele, ele era um amigo meu e também já foi algo a mais.

Leio aquela carta toda vez e toda vez eu choro.

Hoje eu na casa dele, ver como ele deixou as coisinhas dele antes de ir.

Cheguei de frente e a casa não tinha mais vida.

Abri o portão e entrei.

Tava uma bagunça, mas foi a bagunça do jeito que ele deixou.

Subi a escada e entei no quarto dele, tinha o cheiro dele, comecei chorar só de lembrar.

Abri o guarda roupa e peguei uma camisa, abracei aquela camisa como se fosse ele.

Por que aquele boboca teve que ir pra aquela missão de merda.

- Eu não vou conseguir...

Falei sozinha e sentei no chão.

Eu não consigo me desfazer de nada que seja dele, ainda não dá.

Me deitei na cama e acabei pegando no sono.

Nico narrando

Pô tá tudo muito difícil, o Cobra dava conta de tudo e eu tô perdido, apesar de tudo eu considerava ele pra caralho.

Os mais prejudicados é o Léo e a Fernanda, o Léo entrou numa depressão fudida e a Fernanda tá em estado de negação.

Pra mim também tem sido difícil, mas não como é pra eles dois.

Os cria me passaram o fio de que a Fernanda tava na casa do Cobra, eu tô ligado que ela deve tá mal pra caralho lá.

Peguei minha moto e fui até lá.

Entrei na casa e não vi ela, subi a escada e ela tava dormindo em cima de uma pilha de roupas dele.

- Fernanda?

- Victor? Victor?

Ela levantou apressada, quando me viu começou chorar.

- O que você tá fazendo aqui? Eu achei que fosse ele.

Ela sentou no chão e começou chorar.

Sentei do lado dela no chão e fiquei quieto.

Léo narrando

Pô, como isso acontecer com o meu irmão?

Eu tô numa fase fodida, não quero nada, só quero entender por que ele teve que ir.

Dias difíceis aqui no morro, tá todo mundo triste pela morte do Victor.

Eu perdi um irmão, um parceiro de todas as horas.

Cinco meses depois...

Fernanda narrando

Eu estou tentando me adaptar a essa nova vida, eu resolvi que não ia mexer em nada do Victor, ia deixar tudo limpo na casa dele, mas não ia me desfazer as roupas, dos cordões e os relógios.

Eu sinto falta dele, mas eu estou sabendo lhe dá melhor com isso.

O Nico tem sido meu porto seguro, ele me ajudou demais a passar por toda a fase difícil.

Eu sou muito grata a ele por tudo que ele fez e faz por mim.

Finalmente eu tô seguindo minha vida, mas sempre vou levar o Victor no meu coração.

O filho da Bia e do Léo nasceu, é um menino e se chama Victor.

Eles se mudaram pra casa de sítio pra terem mais tranquilidade.

Nós acabamos nos afastando, pois toda vez que eu chamava ou falava que iria visitar, nunca dava, mas eu entendo e creia que seja normal.

Levantei da cama, é mais um dia.

Tem dias que a gente só quer ficar na cama, mas nem sempre dá.

Tomei um banho e logo me vesti, coloquei uma macaquinho e coloquei uns assessórios.

Não vou sair de casa, mas as vezes eu gosto de me arrumar pra mim, até pra passar o tempo e ocupar a mente.

Mente vazia, oficina do diabo.

Fiz um relatório semanal e enviei por e-mail.

Finalmente hoje é sexta, apesar dos pesares, a vida tem que seguir.
E hoje tem baile, eu não sei se vou.

O fato de não ter amiga é muito ruim...

E quando você tem e ela simplesmente se afasta? Então...

Mas eu tenho que aprender a curtir minha própria companhia, então eu vou sim!

O que eu faço pro almoço hoje?

Hum... Talvez bife acebolado?

No Morro do Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora