No Morro do Alemão

Capítulo Cinquenta e Seis

Mais dois anos que se passaram, Cecília faz três aninhos hoje.

Eu só tenho a agradecer a Deus por tudo que ele me proporcionou.

Eu finalmente encontrei o homem da minha vida, Caio. Ele é perfeito, ele é romântico, carinhoso, atencioso...

Nós casamos com dois meses após nos conhecermos, ele trata a Cecília como filha e ela até chama ele de pai, nós temos uma relação de família mesmo.

Nós fizemos um café da manhã de aniversário surpresa pra Cecília, ela ama comer.

- Vamos acordar ela? - falei e ele concordou.

Fomos interrompidos pela campainha.

Victor narrando.

Eu cansei de tudo, dessa vida, eu vou atrás de quem me fez feliz, vou reconstruir minha família.

Toquei a campainha, Fernanda me atendeu, ela tava mais linda que nunca, ela arregalou os olhos.

Um homem atrás dela apareceu, fiquei surpreso.

- Bom dia, no que podemos ajudar?

- Fernanda? Eu posso conversar com você?

- Se for rápido.

Ele não era a mesma comigo, ela foi fria, nem me olhou nos olhos.

O apartamento tava bem moderno e diferente do que eu vi na última vez que vim aqui.

- Papai, você tá aí?

A minha pequena apareceu na sala esfregando os olhos.

Ela sorriu e correu pra abraçar o cara lá, como a Fernanda permitiu isso?

Ele colocou ela no colo e abraçou ela, deu vários beijinhos no rosto dela e brincou com ela.

Vacilão, eu que era pra tá aí, olhei pra mesa e tinha um bolo com uma vela, várias comida.

- Amor, vou dá banho na Cecília. - ele beijou a Fernanda e voltou com a minha pequena pro quarto de onde ela saiu.

- O que é isso Fernanda? Por que ela tava chamando outro cara de pai?

- Por que ele é a única figura paterna que ela conheceu, ele cuidou e cuida dela como se fosse filha dele, o Caio é um homem maravilhoso.

- Eu tô aqui, vim corrigir meu erro.

- Agora Victor? Tu ao menos lembrou que hoje é aniversário da Cecília!

- Tá, eu vacilei.

- O que você quer aqui? - ela cruzou os braços.

- Eu queria recomeçar, ficar com a minha família, você é tudo que eu tenho.

- Não, você que escolheu a vida que tem e achou que eu ia ficar te esperando pro resto da vida. Eu nunca vou esquecer o que você já fez comigo, sou muito rancorosa pra isso.

- Vamos tentar, por favor!

- Tentar o que? Cê tá doido por um acaso? Tá vendo isso aqui? - ela mostrou a aliança no dedo esquerdo. - Eu casei, recomecei minha vida, achei alguém que me ama, me valoriza, que cuida de mim e da Cecília.

Cada palavra foi como um tiro pra mim.

- É isso o que tu quer?

- Victor, eu tenho tudo o que eu sempre quis, uma família, nós somos felizes, fomos feitos um pro outro. O que nós já tivemos, ficou morto e nem enterrado no passado. Espero que você entenda e não me procure mais.

- Como que eu posso te esquecer? Tu foi a única mulher que eu amei de verdade...

- É só voltar pra sua vida, a vida que você escolheu! Se puder me dá licença, minha família precisa de mim.

Sai daquele prédio devastado.

Eu que escolhi essa vida e botei tudo a perder...

Ver a minha cria chamando outro de pai, caralho aquilo me doeu tanto, eu que era pra tá no lugar dele, mas foi eu que vacilei com tudo e fiz merda de novo com ela.

Eu já sei que nasci pra viver só nessa vida, eu sou um verdadeiro filho da puta e mereço todo esse desprezo.

Fim...?