Capítulo Dezoito

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- Tava aonde? - ele já levantou do sofá e veio na minha direção.

- Eu tava na praça com o pessoal, o Nico me trouxe.

- Tu não acha que tá ficando muito amiguinha dele não? - ele segurou meu braço e apertou.

- Ele é de confiança, os outros eu nem tenho intimidade.

- Intimidade? Agora tu anda sendo próxima dos outros cara? Vadia...

Senti o meu rosto queimar.

Minha boca tava com gosto de sangue.

Não consegui conter as lágrimas.

Ele me soltou e começou me xingar de tudo que é ruim.

Ele quebrou umas coisas, eu fiquei quietinha no cantinho da sala com medo dele.

Quando ele subiu a escada e foi pro quarto.

Eu deitei no sofá, chorei por horas...

Eu não tenho sorte com ninguém, acho que eu fui destinada a sofrer...

Acordei no outro dia, ele tava limpando a bagunça que ele fez.

Levantei e passei por ele, ele segurou meu braço.

Ele olhou pra minha boca, e passou o dedo no pequeno corte no canto da boca.

- Foi mal por ontem, eu tinha usado umas parada e acabei descontando em tu o meu estresse.

Quando ele soltou meu braço, eu subi a escada, tomei um banho e me vesti.

Quando eu desci a escada, ele tava lá ainda limpando as coisas.

Eu saí de casa, fui pra casa da Bia.

- Aquele desgraçado te bateu de novo?

O Léo apareceu na sala.

- O Cobra que fez isso?

- Ele ficou bravo por que eu cheguei aquela hora que a gente saiu de lá. Ele falou que usou umas parada...

- A vontade que eu tenho é de picotar ele todinho... Aquele filho da puta.

A Bia tava andando de um lado pro outro.

- Como ele tem coragem?

- Ah amiga, eu não sei... - comecei chorar. - Eu passei quase cinco anos na mão do Eduardo, era agressão física e psicóloga constantemente. Agora eu estou na mesma situação, só que com outra pessoa.

Dei uma pausa.

- Eu sei que nós só estamos juntos por conta que ele falou pro Eduardo que eu era mulher dele. Mas poxa... Eu trato ele bem, tento da carinho, mas ele me trata desse jeito, eu não mereço isso...

Ela me abraçou.

- O café tá pronto, cês come aí.

- Pra onde você vai, amor?

- Vou tentar apagar esse incêndio. - ele deu um beijo nela e saiu.

- Por que você não fica aqui hoje? Dorme aqui, a gente faz uma sessão só de meninas, assiste filmes, faz pipoca, fofoca...

- Pode ser... Obrigada amiga!

Ela me abraçou de novo.

Léo narrando

Cheguei na casa do Cobra e tava tudo revirado, um bocado de coisa quebrado, ele tava limpando os vidros quebrados.

- O que caralhos tu tem na cabeça? - me encostei na parede.

- Nem ver dá sermão essa hora do dia, me ajuda aí.

- Pô, tu tem que parar com essa tua mania de querer descontar a raiva nos outros.

- Já falei que não foi por mal.

Ajudei ele a limpar as coisas.

- Ela tá na tua casa, né?

- Tá, tu não vai pisar lá, morô? Deixa a mina respirar em paz.

Quando nós terminou, nós foi direto pro galpão ver as droga que chegou.

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