No Morro do Alemão

Capítulo Oitenta e Sete 2° Temporada

Fernanda 🌻

Um mês se passou, desde que o Caio morreu...

Eu me senti um lixo, ele morreu, e morreu me traindo...

Quantas vezes ele fez isso escondido? Eu te respondo, inúmeras vezes.

Eu tive acesso ao celular dele, ele era um canalha, ele conversava com todo tipo de mulher. Fazia até vídeo chamada com elas, em troca de dinheiro.

Eu me senti tão enganada, mas tão enganada... Que o que eu mais quero agora é esquecer de tudo.

A fase do luto já passou, agora eu quero mais é viver.

Quero aproveitar que ainda tô nova, recomeçar minha vida, viver a minha vida.

Cecília ✨

Esse foi o pior mês da minha vida, eu perdi o meu pai, o meu herói...

Eu não tenho ânimo pra nada, exatamente nada, só quero ficar deitada e sozinha no meu cantinho

Eu sei que como homem, ele errou com a minha mãe, mas como pai, ele nunca errou comigo.

Tem sido muito difícil viver o luto, mas o Nano, a Camila, minha mãe, o Wellington, o Tito e até o Victor estão me ajudando.

- Me ajuda aí pô, já tentei fazer ela comer, mas ela não quer. - olhei pra porta e tava o Wellington e o Nano.

O Wellington entrou no meu quarto e o Nano ficou na porta olhando.

Ele tinha me trazido sopa de carne, eu amo, mas não desce.

- Cecília, tu tem que comer, tu não pode passar tanto tempo sem comer, é pro teu bem...

- Eu não quero e quero ficar sozinha.

- Eu não vou te deixar aqui e sozinha, tu sabe.

Eu tava sentada na cama, eu não conseguia parar de chorar. Ele sentou e me abraçou de lado.

Eu sei a importância que ele tem na minha vida, nós dois passamos por muita coisa juntos e ele sempre me ajudou.

- Faz um esforço, toma só um pouquinho dessa sopa.

- Wellington, não, por favor...

- Depois que tu tomar, só um pouquinho, nós desenrola de ir pra quela praia que tu gosta tanto, lembra?

- Eu não quero nada, nada!

- Cê quer ficar sozinha, né? Olha, eu vou trabalhar, mas mais tarde tô aqui de novo e tu vai comer.

Ele levantou e saiu do quarto, o Nano sentou atrás de mim e me abraçou.

- Vida... Come só um pouquinho, tu acha que teu pai ia gostar de te ver assim?

Por um momento aquilo se fez presente na minha vida e fez sentido.

Ele não gostaria de me ver assim...

Fui comendo aos poucos, comi um pouco e não quis mais. Depois de quatro dias sem comer absolutamente nada, eu consegui...

Ele sentou na minha frente e sorriu.

- Obrigado, obrigado!

Ele estava contente por eu finalmente ter comido.

Ele desceu com o prato e voltou pra deitar comigo.

- Já tá na hora do remédio? - me referi ao remédio pra dormir.

- Tá quase, vou pegar.

Ele levantou e foi buscar no esconderijo dele.

Ele não deixou mais fácil, depois da última vez que tomei quase uma cartela toda, ele começou esconder.

Ele trouxe água e o remédio, eu tomei e apaguei.