Capítulo Oitenta e Quatro 2°Temporada

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Fernanda 🌻

Depois de tantos anos eu retornando pra esse morro, onde eu vivi um tempo.

- Onde a senhora pensa que vai? - um vapor se encostou na janela do carro.

- Tô indo ver o Cobra, fala pra ele que é a Fernanda.

Ele falou com o Cobra no radinho, que autorizou nossa entrada.

- Ele ainda mora na mesma casa?

- É.

Subi o vidro e acelerei o carro.

- Aqui é bem diferente de lá do Complexo da Penha.

- Realmente! Olha, eu morei ali. - apontei pra casa que morei.

- É linda essa casa mãe, é simples, mas muito bonitinha.

- Como você tá se sentindo, filha?

- Nervosa...

Não demorou muito e eu parei o carro na frente da casa dele. A casa continuava igualzinha, só mudou a cor.

Desci do carro, ela quis ficar no carro.

- E aí madame, o Patrão tá te esperando.

- Ok, obrigada! Cecília, vamos filha! - ela desceu do carro, dava pra perceber o desconforto.

Estar aqui, nesse mesmo lugar, me traz tantas memórias... Boas, ruins, um misto de sensações.

Nós entramos e ele tava lá, sentado vendo tv.

- Victor? - chamei.

O olhar dele se encontrou com o meu.

Ele estava mais velho, isso é natural, vinte e três anos.

Ele estava mais magro, tinha um olhar triste, tava totalmente diferente do Victor que eu conhecia à anos atrás.

Eu senti todo aquele frio na barriga, ver ele é estranho, depois de tantos anos.

- Fernanda...

- Filha, vem...

Ele tava atrás de mim, escondida. Ela saiu de trás de mim e olhou pra ele.

Vi os olhos dele enchendo de lágrimas.

- Minha filha... Tu é a cara cuspida da tua mãe. - ele abraçou ela que não teve nenhuma reação. - Senta, vem.

Ela sentou no sofá e ele também.

- Eu tô muito feliz que tu quis vir me conhecer, pô que felicidade.

Ela não falava nada, parecia ainda estar nervosa.

- Filha, quer uma água?

- Quero!

- Eu pego! - ele levantou e foi na cozinha, voltou com um copo de água.

O celular dela tocou.

- É o Nano, vou atender lá fora.

Ela levantou do sofá com o celular em mãos.

- Quem é esse Nano?

- O namorado dela.

- Que? Minha filha já namora? Puta que pariu, tô velho mermo.

Dei uma risada.

- E tu dormiu no formol foi? Mudasse nada.

- Engraçadinho.

Ele riu.

- Será que ela gostou de mim? Eu tô arrumando?

Olhei pra roupa dele, ele estava até de camisa social, esse Victor é uma comédia.

- Tá até estranho com essas roupas aí, tu nem é disso.

- Agora sou, onde já se viu o pai conhecer a filha trajado de Lacoste.

Dei uma risada.

- Esse namorado dela, é gente fina? Faz o que da vida ele?

- Ele é muito gente boa.

- Tu não falou no que ele trabalha.

- Na mesma coisa que tu.

- Que? Não, isso só pode ser ironia.

- Ah não é não!

- Que sina ein, mãe e filha no mermo caminho. Vou falar nada não que eu sou errado também.

Sorri.

Ele se aproximou de mim e segurou minha mão. Senti como se fosse um choque percorrendo por meu corpo.

- Tu ainda tá com aquele cara lá? - ele olhou pra aliança no meu dedo.

- Sim e muito feliz.

- Era pra nós tá aqui ó, vivendo de boa na paz.

- Você que escolheu continuar nessa vida Victor.

- Eu sei, eu sei também que eu errei contigo e com a nossa filha.

- Mãe?

Ele soltou a minha mão.

- Oi filha.

- Eu posso conversar com ele a sós?

- Claro! Eu vou dá um pião no morro.

Olhei pra garagem e vi minha antiga moto.

- Essa tralha aí tá aí?

- Tá, tu que é a dona, vai ficar aí até tu levar.

- Tá funcionando direitinho?

- Tá pô, eu cuido dela direitinho, tá sempre em revisão e direitinho.

- Então eu vou dá um pião no morro com ela.

Ele deu uma risada.

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