Fernanda 🌻
Depois de tantos anos eu retornando pra esse morro, onde eu vivi um tempo.
- Onde a senhora pensa que vai? - um vapor se encostou na janela do carro.
- Tô indo ver o Cobra, fala pra ele que é a Fernanda.
Ele falou com o Cobra no radinho, que autorizou nossa entrada.
- Ele ainda mora na mesma casa?
- É.
Subi o vidro e acelerei o carro.
- Aqui é bem diferente de lá do Complexo da Penha.
- Realmente! Olha, eu morei ali. - apontei pra casa que morei.
- É linda essa casa mãe, é simples, mas muito bonitinha.
- Como você tá se sentindo, filha?
- Nervosa...
Não demorou muito e eu parei o carro na frente da casa dele. A casa continuava igualzinha, só mudou a cor.
Desci do carro, ela quis ficar no carro.
- E aí madame, o Patrão tá te esperando.
- Ok, obrigada! Cecília, vamos filha! - ela desceu do carro, dava pra perceber o desconforto.
Estar aqui, nesse mesmo lugar, me traz tantas memórias... Boas, ruins, um misto de sensações.
Nós entramos e ele tava lá, sentado vendo tv.
- Victor? - chamei.
O olhar dele se encontrou com o meu.
Ele estava mais velho, isso é natural, vinte e três anos.
Ele estava mais magro, tinha um olhar triste, tava totalmente diferente do Victor que eu conhecia à anos atrás.
Eu senti todo aquele frio na barriga, ver ele é estranho, depois de tantos anos.
- Fernanda...
- Filha, vem...
Ele tava atrás de mim, escondida. Ela saiu de trás de mim e olhou pra ele.
Vi os olhos dele enchendo de lágrimas.
- Minha filha... Tu é a cara cuspida da tua mãe. - ele abraçou ela que não teve nenhuma reação. - Senta, vem.
Ela sentou no sofá e ele também.
- Eu tô muito feliz que tu quis vir me conhecer, pô que felicidade.
Ela não falava nada, parecia ainda estar nervosa.
- Filha, quer uma água?
- Quero!
- Eu pego! - ele levantou e foi na cozinha, voltou com um copo de água.
O celular dela tocou.
- É o Nano, vou atender lá fora.
Ela levantou do sofá com o celular em mãos.
- Quem é esse Nano?
- O namorado dela.
- Que? Minha filha já namora? Puta que pariu, tô velho mermo.
Dei uma risada.
- E tu dormiu no formol foi? Mudasse nada.
- Engraçadinho.
Ele riu.
- Será que ela gostou de mim? Eu tô arrumando?
Olhei pra roupa dele, ele estava até de camisa social, esse Victor é uma comédia.
- Tá até estranho com essas roupas aí, tu nem é disso.
- Agora sou, onde já se viu o pai conhecer a filha trajado de Lacoste.
Dei uma risada.
- Esse namorado dela, é gente fina? Faz o que da vida ele?
- Ele é muito gente boa.
- Tu não falou no que ele trabalha.
- Na mesma coisa que tu.
- Que? Não, isso só pode ser ironia.
- Ah não é não!
- Que sina ein, mãe e filha no mermo caminho. Vou falar nada não que eu sou errado também.
Sorri.
Ele se aproximou de mim e segurou minha mão. Senti como se fosse um choque percorrendo por meu corpo.
- Tu ainda tá com aquele cara lá? - ele olhou pra aliança no meu dedo.
- Sim e muito feliz.
- Era pra nós tá aqui ó, vivendo de boa na paz.
- Você que escolheu continuar nessa vida Victor.
- Eu sei, eu sei também que eu errei contigo e com a nossa filha.
- Mãe?
Ele soltou a minha mão.
- Oi filha.
- Eu posso conversar com ele a sós?
- Claro! Eu vou dá um pião no morro.
Olhei pra garagem e vi minha antiga moto.
- Essa tralha aí tá aí?
- Tá, tu que é a dona, vai ficar aí até tu levar.
- Tá funcionando direitinho?
- Tá pô, eu cuido dela direitinho, tá sempre em revisão e direitinho.
- Então eu vou dá um pião no morro com ela.
Ele deu uma risada.
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No Morro do Alemão
Fanfiction+18 | Esse livro possui conteúdo pesado, se você for sensível, recomendo não ler. Fernanda é uma jovem de 24 anos que é casada com um capitão da PM. Ela vive uma vida resumida em sofrimento, até conhecer o Cobra. Ela crê que sua vida irá mudar e mel...