No Morro do Alemão

Capítulo Cinquenta e Um

Algum tempo já passou, eu arrumei um novo emprego home office, o quarto da Cecília já está pronto, eu tô com oito meses de gravidez.

Minha barriga não é tão grande, pelo o tamanho da minha barriga eu chutaria uns seis meses, mas tá tudo bem.

A médica me falou que está tudo certo com Cecília, ela tá com o peso ok e eu também.

Eu estou tão ansiosa pra chegada da minha bebê, já comprei tudo, absolutamente tudo.

A bolsa da maternidade minha e dela já estão arrumadas, estou pronta pra qualquer imprevisto.

Nesse momento estou sentada na praia, admirando o pôr do sol.

Em relação ao Victor, ele veio aqui duas vezes a uns dois meses atrás, mas nós só discutimos, ele não aceita que eu quero ficar aqui e também não quer sair do morro, não quer largar o poder.

Se o poder é mais importante que a própria filha dele, foi ele que escolheu.

Eu terminei com ele, não aguento mais picuinha no meu ouvido, porra, eu tô grávida e precisando de paz, minha gravidez é de risco, não posso tá passando estresse a toa.

Quando começou escurecer eu voltei pra casa, tinha um carro parado lateral, esse carro é do Victor.

- Victor?

Ele me olhou diferente, os olhos vermelhos, o nariz sujo de pó, aparentemente bêbado...

- Decide aí, ou tu volta pro morro comigo e nós fica junto ou tu sai da minha casa.

- É sério isso?

- Tu acha que eu saí do morro pra brincar contigo?

- Mas Victor, eu já montei todo o quarto da Cecília, gastei uma grana e...

- Gastou atoa, tu sabe que a casa é minha, então... Pega as tuas coisas e vaza, já que tu não quer voltar pro morro comigo.

- Me deixa ficar aqui Victor, eu não tenho pra onde ir agora... Só essa noite, por favor...

- Não, pega logo as tuas coisas Fernanda. Tu não quer mostrar que é independente e os caralho a quatro? Se vira então.

Eu subi a escada chorando e com raiva. Peguei as coisas da Cecília e coloquei tudo na mala e logo após coloquei as minhas coisas também.

Saí de lá sem nem olhar pra cara dele.

Fui arrastando as nossas malas até chegar em um posto de gasolina, eu já tava cansada, muito cansada.

Me sentei em um banco pra poder respirar um pouco.

Mas agora, pra onde eu vou? Pra arrumar uma casa ou um apartamento que seja, essa hora.

Chamei um Uber e fui pra pousada mais próxima que tivesse, eu só queria deitar e descansar um pouco.

Eu não tava com muito dinheiro esse mês, eu acabei gastando mais do que deveria com o quarto da Cecília, com os móveis, as roupinhas e tudo mais.

Mas eu consigo me virar com o que tenho até receber meu próximo salário.