Capítulo Quatorze

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A Bia e o Léo já tinham ido, o Léo estava bêbado quando eles foram.

- Amiga, o Cobra pode me levar em casa? É que você sabe, andar tarde a noite sozinha é perigoso.

- Aham, vai lá.

- A gente se vê. - ela me deu um beijo na bochecha e foi até lá.

- Vou levar a Vanessa em casa e de lá eu vou ajudar os pivete com o descarregamento das arma. Não me espere.

Nós estávamos em uma rodinha.

- Nico, tu fica responsável pra levar a minha mulher em casa, já é?

- Beleza patrão.

Eles saíram e aos poucos todos foram indo embora, ficando só eu e Nico.

- Quando tu quiser ir, tu me avisa.

- Ixi, tá me expulsando? - fiz cara de séria.

- Jamais, minha casa, sua casa.

Dei uma risada.

- Ele é frio com você quando vocês tão sozinhos? Mal aí a pergunta.

- Na verdade ele sempre foi um pouco frio comigo, mas tem piorado.

- Entendi.

- E você, é sempre tão atencioso assim?

- Sempre que posso.

Ele me olhava no fundo dos olhos.

- Aproveita que nós tá de boa e bora dançar pô, ainda é meu aniversário.

Ele aumentou o volume e colocou a música Planeta de Cores.

- Essa é bom ein. - falei pra ele.

Ele me puxou, dessa vez nossos corpos estavam mais colados do que mais cedo.

Ele segurava minha nuca com uma mão e com a outra ele segurava minha cintura.

A barba dele roçava o meu rosto.

Ele cantarolava baixinho em meu ouvido.

A voz rouca dele me deixava exatamente excitada, que caralhos tá acontecendo comigo.

Por um momento, ele beijou meu pescoço. Senti meu corpo todo arrepiar e minhas pernas bambearem.

- Nico... - minha voz saiu como um gemido.

Ele me viu toda arrepiada.

- Porra Nanda, faz isso comigo não...

A música acabou, mas aquela nossa química não.

Ele me olhou nos olhos, aqueles olhos verdes dele, fiquei hipnotizada.

Com uma mão segurou minha cintura e com a outra ele segurou meu rosto, eu estava totalmente entregue a ele.

Aquele perfume dele me deixou louca.

Ele se aproximou de mim, encostou o nariz dele no meu.

Seus lábios tocaram os meus por um segundo, o radinho que estava na mesa tocou.

Ele ia olhar o que era, eu segurei a mão dele e puxei ele pra perto de mim de novo.

- Fica me olhando assim não Nanda, eu não consigo me segurar por muito tempo.

Ele se aproximou de novo e encostou seus lábios nos meus, mas não deu tempo de nada.

Do nada, fogos de artifícios e uma enxurrada de tiros.

Nós corremos pra dentro de casa.

- O que tá acontecendo?

- Invasão.

O radinho toca.

- Caralho Nico, fica aí com a Fernanda. Não sai por nada.

- Já é, já é.

Ele pegou o fuzil e me puxou pra dentro de casa.

Ele fechou a porta e arrastou a geladeira e colocou na frente da porta do quintal.

Ele correu pra porta da sala, fechou e logo arrastou o sofá pra porta.

- Vamo lá pra cima.

Ele segurou minha mão e nós subimos.

Ele fechou a porta do quarto e empurrou o guarda roupa pra frente da porta.

Ele pegou munição e colocou na arma e deixou umas em cima da cama.

- Quem tá invadindo?

- O Eduardo, teu ex marido.

Um calafrio subiu em mim.

Todas as lembranças estavam comigo, eu por um momento tinha esquecido.

- E se ele me achar? E se ele vier atrás do Victor? De você?

- Os cria tão preparado pra guerra.

Comecei chorar desesperada, com medo de que ele me achasse.

- Se acalma pô, eu tô contigo e vou te proteger.

Nós sentamos no chão e ele me abraçou de lado.

Ficamos nessa mesmo posição por horas, até os tiros cessarem por vez, já era de manhã.

- Nico, mantém a patroa aí até a noite, ordem do patrão.

- Já é.

- Acabou!

- O Victor tá bem? Pergunta a ele.

Radinho on

- O patrão, tá de boa? A patroa mandou perguntar.

- Tá de boa, tudo nosso.

Radinho off

Me senti aliviada.

Ele arrastou o guarda roupa de volta pro lugar.

Eu sentei na cama dele.

- É, eu queria te pedir desculpas por ontem. - ele coçou a nuca. - A gente tá tava meio chapado, melhor deixar isso no passado.

- Concordo. Eu não sei o que me deu, eu nunca faria isso com o Victor, ele é o homem que eu amo. Mas tem acontecido tanta coisa, ele vem me deixando de lado, meio que desprezado.

- Tô ligado...

- Nico, esse é seu nome mesmo?

- Nicolas.

- Nicolas, eu posso tentar dormir um pouco na sua cama?

- Fica de boa.

Ele saiu do quarto e eu me deitei, estava cansada e com sono.

Nico on

Acordei meio quebrado, só acordei com o barulho da porta abrindo, era o Cobra.

Levantei do sofá.

- Cadê ela?

- Tá lá no quarto dormindo.

Esfreguei os olhos e logo eles dois desceram a escada.

Puta que pariu, a mina é linda até quando acorda.

Parece uma boneca mesmo.

- Valeu aí Nico.

- Se precisar tô aí.

- Tchau Nico. - ela sorriu e eles foram embora.

Como que eu pude me apaixonar assim pela mulher do meu patrão?

Caralho, quero nem imaginar se ele souber.

Mas eu fico revoltado pô, o cara tem uma mulher dessa casa e ainda sai pra procurar outra na rua, cê é loko.

Eu com uma mulher dessa, mudava de vida e os caralho a quatro se ela quisesse.

Quando eu lembro que eu quase beijei ela, caralho...

Cheguei bem pertinho dela, não vou esquecer mais nunca desse dia.

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