Capítulo Três

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Acordei e logo levantei da cama. Escovei os dentes e desci a escada.

Era cinco e meia da manhã, sempre levantava esse horário pra colocar a mesa pro Eduardo.

Fui na cozinha peguei as frutas que tinha, pão e frios e coloquei na mesa.

O bolo já estava na mesa.

Fiz um copo de suco de laranja pra ele e me sentei no sofá.

Liguei a tv baixinho pra que ele não acordasse. Todo esforço pra não fazer barulho foi em vão, pois ele tinha acabado de acordar.

- Bom dia!

- Bom dia! - ele olhou pra mesa confuso. - Que isso?

- Fiz um café da manhã pra você, espero que goste. - sorri.

- Eu não como de manhã, só um café preto mesmo.

Ele foi na cozinha e fez um café na máquina de cápsula.

Enquanto ele esperava o café, eu ia retirando as coisas da mesa. Tive que jogar fora o suco, eu estava sem fome.

Ele tomou o café em silêncio.

- Não precisa fazer almoço pra mim, já é?

- Tá bom.

Ele terminou a xícara de café e logo saiu.

Passei a manhã inteira faxinando a casa, tava precisando de uma faxina pesada.

Terminei a faxina era quase noite, Victor não pisou o pé em casa hoje.

Aproveitei que tava faxinando e já fiz a janta pra ele. Fiz arroz, feijão preto, frango e purê. Fiz um suco de manga pra completar a janta.

Arrumei a mesa, aproveitei e fiz um pratinho pra mim. Comi rapidinho e lavei as louças.

Fui pro quarto e acabei pegando no sono.

Alguns dias depois...

As manchas roxas sumiram todas, agora eu posso sair e arrumar um emprego, viver minha vida.

Eu e Victor quase não nos vemos mais, ele está sempre ocupado.

Ele comprou algumas roupas pra mim, mas eu vou pagar ele assim que conseguir um emprego.

Andei a favela toda procurando um trampo.

Quando a noite caiu, já tinha desistido de procurar, quando finalmente achei um bar que estava contratando garçonete.

Aceitei, fiquei tão feliz por ter conseguido.

- Amanhã você começa, eu sou a Lurdes, dona do bar.

- Tá bom dona Lurdes, muito obrigada pela oportunidade. - sorri pra ela.

- Amanhã as sete, de segunda a sexta.

- Tá bom.

Agradeci mais uma vez e saí do bar.

Ia subindo a favela tranquilamente pra chegar em casa, quando o Victor para a moto ao meu lado.

- Resolveu sair da toca. - ele desceu da moto.

- Sim.

- Tava onde?

- Eu fui procurar emprego, consegui no bar da Lurdes.

- Tô ligado. - ele ficou meio estranho.

- Eu quero ter minha independência financeira, ter minha casa, minhas coisas do meu jeitinho.

- Tu não tá feliz lá em casa?

- Mas a casa é sua, eu já invadi seu espaço por muito tempo, eu preciso ter o meu espaço.

- Tô indo pra casa, vai querer uma carona?

- Ah não, pode ir.

Ele montou na moto e ligou.

- Deixa de firula, bora logo.

Eu subi na moto e a gente foi pra casa dele.

Entramos e ele foi logo na cozinha.

O celular dele tocou e ele atendeu.

- Qual foi Gabi?
- Tá chapando?
- Tenho nada contigo não, desinfeta caralho.

Ele desligou e se jogou no sofá.

- Bora pedir uma pizza?

Ele tá todo estranho.

- Pede aí pra você, tô sem apetite.

Ele pediu a pizza que não demorou muito e chegou. Ele pegou uma fatia e olhou pra mim.

- Tu não quer mesmo?

- Não.

Ele comeu em silêncio.

Eu subi a escada e fui pro "meu" quarto.

Acordei animada pro trabalho.

Escovei os dentes e saí voada de casa.

Entrei no bar e logo coloquei a farda e a touca.

O horário de pico é o horário do almoço, assim a Dona Lurdes falou.

O bar lotou, várias pessoas fazendo pedidos.

- Dona Lurdes, mais uma parmegiana, agora para mesa 6.

- Tem o que aí pra comer?

Uma voz familiar, olho pra trás e vejo Victor.

- Ah, oi. Aqui o cardápio. - dou o cardápio a ele. - O prato do dia hoje é parmegiana de frango.

- Pode ser isso aí, faz cinco, um pra mim e quatro pros mano que tão na mesa comigo.

No Morro do Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora