Capítulo 23

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De La Cruz narrando

Falei aquilo com um peso no peito. Mahelí me olhava com os olhos rasos de lágrimas.

- Você fica na minha casa, te pago um salário e depois que eu morrer, você pode ficar com tudo. Pelo menos vou fazer um bem para você.

- Você está proibido de nos  deixar tão precocemente. Está me ouvindo? - Ela começou a chorar.

- Não fica assim, está tudo bem. - Passei a mão em seu rosto. - Já aceitei a ideia de partir,  até porque não tenho nada que me prenda aqui.

- Então eu vou, vou fazer da sua vida mais feliz nesses quatro meses. Você está proibido de ficar triste, me promete que não vai ficar triste? - Ela secou as lágrimas.

- Vou tentar. - Sorri.

- Vem aqui. - Ela estendeu a mão para mim. - Posso segurar sua mão?

- Pode sim. - Sorri gentilmente. 

- Como vai ser sem você aqui para me ajudar? - Ela não conseguia segurar as lágrimas. Maheli colocou minha mão em seu rosto e segurou ali.

- Fica em paz. Se acalme, você também não pode ficar triste. Esqueceu dos bebês? Vou sair agora, já deu meu horário, mas eu vou ficar lá fora. Qualquer coisa pede para me chamar.

- Vai descansar.

- Só saio daqui com você. Tenho que te proteger, já que não estão fazendo o serviço direito. Aquele cabeção. - Me referi a Alix. - Fica bem. - Ela me puxou para um abraço.

- Obrigada por tanto. Prometo fazer seus dias mais felizes. Vai descansar, por favor.

- Eu que te agradeço. Seu eu não puder ficar, vou embora. Só se eu não puder ficar mesmo. Se cuida, me ligue se precisar, seu celular está na recepção, vou pedir para trazerem. - Dei um beijo em sua testa e sai do quarto, caminhei em direção ao elevador.

Alix estava na recepção, me esperando.

- Como ela está? - Perguntou ansioso.

- Está debilitada, parece até uma parafina.

- Ela falou algo sobre mim?

- Ela falou que quer ir embora, mas não tem para onde ir. Pra sua casa ela não quer voltar. Ofereci para ficar na minha casa, eu só vivo na rua mesmo. O que acha? Até vocês se acertarem...

- Eu só faço besteira. Pelo menos vou saber que ela está bem. Nem posso exigir que ela fale comigo, confesso que fui ridículo.

- Por hoje não terá mais visitas, o médico veio nos informar. - Pedi para levarem o celular para ela. Fomos para casa.

Passaram alguns dias, até que Mahelí recebeu alta. Fui todos os dias no hospital, o ridículo do Alix recebia as informações pelo celular. Ele não tinha coragem de aparecer lá.
Mahelí estava de repouso devido a placenta descolada.

A levei para a casa de Alix, ela tinha que pegar suas coisas lá, estava com a aparência melhor, mas ainda andava vagarosamente devido ao ferimento da perna e a placenta descolada.

- Alix, conversa com ela cara! Para de ser mente fechada. Já repetiu os exames? - Falei enquanto ela estava arrumando as malas.

- Não vou impedi-la. - Eu tentava convence-lo. Alix estava como uma pedra, mas eu sabia que aquilo era uma máscara, não queria demonstrar fraqueza.

- Isso é amor? É sério? Está pensando só em você, isso é egoísmo.

- Que seja. Estou acostumado a viver sozinho. Não vai fazer diferença. Eu não sou a melhor opção para ela.

- Alix, pelo amor de Deus. Acostumamos com coisas boas muito rápido, com certeza você vai sentir falta dela. Para de querer demonstrar força. Já que não dá o braço a torcer, vá me visitar, não precisa de um motivo. Não deixe de ir vê-la, ela está precisando de você.  - Não podia falar o motivo. 

Alix narrando

Eu estava me fazendo de forte, mas meu coração estava destruído.
Pensei na segurança dela, De La Cruz é bem rigoroso com isso e eu estou deixando a desejar.

Mahelí saiu mancando do quarto, com algumas coisas nas mãos.
De La Cruz pegou e levou para o carro, fez um sinal para eu falar com ela.

Mahelí estava com uma caixinha na mão, ela se desequilibrou e a caixa de presentes caiu no chão. As coisas que estavam dentro da caixa caiu pelo chão.
Catei e coloquei de volta na caixa, fiquei parado olhando um teste de gravidez na minha mão.

- De quem é isso? - Perguntei com ódio na voz. Ela abaixou a cabeça. - Me responde Mahelí, de quem é esse teste positivo? - Caminhei até ela e encostei a minha testa na dela.

- É meu. - As lágrimas escorreram em seu rosto.

- Seu? Como assim é seu? Você está grávida? - Segurei seu rosto com uma mão.

- O que é isso Alix? Solte-a. - De La Cruz entrou na sala e gritou.

- Não se meta, o assunto aqui é entre mim e ela. - Continuei olhando em seu rosto, a raiva me dominou.  - De quem é o filho? - Ela me olhou com ódio, foi a primeira vez que vi aquele olhar. - FALA MAHELÍ! É de algum segurança? Porque você não sai, então só pode ser de algum deles.

- Alix, não fale coisas que você vai ser arrepender depois. - De La Cruz falou.

- Eu quero saber com quem ela está tendo um caso, você e Lena são da mesma laia.

- Não me compare com aquela mulher. Eu duvido que ela conheceu esse seu lado. Você foi bom com ela e ela te traiu. Já comigo, você está sendo perverso e eu não tenho coragem de fazer nada de ruim para você.

- Mahelí, eu não vou deixar você sair, até me contar tudo. - Soltei seu rosto. - Quero saber quem é o pai. - Ela ameaçou a sair de perto de mim. O ódio estava tão grande, que peguei minha pistola e engatilhei. Apontei para ela.

- Você está maluco Alix? Abaixe isso. - De La Cruz gritou.

- Se ela não me contar, ela não vai sair daqui. - Andei até ela e coloquei a pistola na lateral de sua cabeça.

-Por que você não atira logo? - Ela pegou o cano da arma e colocou em sua testa. - Só assim eu paro de sentir essa dor, eu não aguento mais isso, Alix. Acaba logo com isso. 

- Me conta primeiro quem é o pai. Depois faço o serviço.

- Para com isso Alix. Onde já se viu isso? Está ficando maluco? - De La Cruz se aproximou de mim.

- Já sei um jeito para você falar.  - Sorri de um jeito sombrio. Apontei a arma para a barriga dela.

- Você está maluco, Alix? - De La Cruz me segurou e me desarmou.

- Por que está defendo Mahelí? Por acaso você é o pai? - Agarrei no pescoço dele.

- Alix, para com isso. - Ele falou sufocado. - Não estou entendendo o que você está fazendo. Está me estranhando cara? - De La Cruz não reagiu.

- Sai daqui, eu tenho que conversar com ela a sós. - Falei entre os dentes.

- Eu não vou, você está muito alterado. Você acha que eu te trairia? Fui eu quem falei para você sobre Lena. Você ainda sabe o que significa amizade? E respeito, você sabe o que significa? Então respeite sua mulher.

- Me deixe a sós com ela. - Falei ainda entre os dentes.

- Você tem noção do quão ridículo você está sendo? - Fui em direção a Mahelí e De La Cruz entrou na frente. 

- Você vai ter que passar por cima de mim. Mahelí, assim que der, você foge daqui. - Ele inclinou a cabeça para lado para falar com ela.

- Sai da minha frente, eu só quero conversar. - Não sou de agredir mulher, jamais faria isso, ainda mais sendo ela. Mas eu queria aterroriza-lá para ouvir a verdade. 

- Eu nunca vi um homem conversar com uma mulher com uma arma na mão. Não vou deixa-la sozinha com você, pode desistir. - De La Cruz estava protegendo Mahelí com unhas e dentes.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora