Capítulo 31

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Mahelí narrando

De La Cruz me olhava de soslaio, meu coração estava disparado, era como se ele me pedisse para manter a calma.

- Não faz isso Alix, você não está entendo o que está acontecendo. - Falei em meio as lágrimas.

- Não estou entendendo? Eu sou um idiota em acreditar que você me amava. Fala pra mim, Mahelí. Era fake, não era? Fake love. Eu só tive amor falso na minha vida, com você não seria diferente.

- Alix, olha eu vou te explicar tudo, está bem? Mas tira essa arma da testa dele, por favor. - Comecei a me tremer de medo.

- Sabe o que eu não entendo, De La Cruz? Como você casa com uma mulher gostosa dessa e dorme em quartos separados? Você já experimentou como ela é? - Uma lágrima escorreu no rosto de Alix. - É viciante. - Ele tinha ódio na voz.

- Para de falar besteiras, seu idiota. - De La Cruz falou entre os dentes. - Você não está entendo nada..

- Vamos ver quem é o idiota aqui. - Alix parecia que realmente apertaria o gatilho.

- PARA ALIX! POR FAVOR, POR FAVOR. - Cai de joelhos. - De La Cruz está morrendo , está com câncer na fase terminal. Não faz isso, por favor. - Cai no chão de joelhos. - Eu vou te explicar tudo.

- O que você disse? - Alix tirou a arma da cabeça de De La Cruz. - Me explica o que ela acabou de dizer. ME EXPLICA ISSO! - Ele gritou. Seu olhar se transformou em desespero.

- Desculpe não ter te contado. - Falei em meio ao choro. - Mas não faça nada que você vai se arrepender depois.

- Isso é mentira, não é? Vocês armaram de falar isso para me enganar? Fala De La Cruz!

- Tenho três meses de vida. - De La Cruz falou.

- Isso é mentira. Isso não pode ser verdade. Levanta. - Ele puxou De La Cruz e o levantou. - Você acha que vou acreditar nisso? Você quer que eu vá embora e fique com remorso, não é isso? Pois isso não vai acontecer. - Alix deu um soco no rosto de seu amigo.

- Mahelí, sai daqui. Você não pode se estressar. Desculpe por isso. - De La Cruz falou bem calmo.

- Eu não vou sair daqui. Pare com isso Alix!

- Está defendendo seu macho? - Os olhos dele penetraram minha alma.

- É assim que você quer sua família, uma família sem confiança não existe.

- Cala sua boca, você não tem moral para falar comigo. - Ele gritou. De La Cruz o imobilizou e tirou as duas armas de suas mãos.

- Mahelí, vai deitar. Por favor. Eu já vou no seu quarto ver como você está.

Sai do quarto andando de costas, fui no meu quarto e peguei um casaco. Sai andando e logo cheguei no portão.
Eu só queria sumir dali, eu fui a causadora disso tudo.
Andei até não sentir mais minhas pernas, eu só queria que isso tudo terminasse.
Cheguei na beirada de uma praia, cai de joelhos no chão, minha vontade era sumir, só assim evitaria tantos problemas.

Alix e De La Cruz estavam muito bem sem mim.
Se não fosse por meus bebês eu já teria desistido de viver novamente.
Me deu uma forte dor na barriga, senti uma pressão forte para baixo. Algo úmido molhou minha roupa, logo senti escorrendo na minha perna.
Escutei um carro freando bruscamente na pista.
Não tive coragem, nem ânimo para olhar para trás. Meu coração estava partido demais.

- Mahelí? - Um dos homens falou para mim. Olhei para seu rosto e reconheci Andrey.  - É ela mesmo, podem levar.

Outros dois homens me pegaram pelos braços e me levantou da areia. Não reagi, nem gritei. Sabia que já estava sozinha, eu só queria morrer. A dor na barriga, que eu estava sentindo, já sabia o que significava.
Me permiti chorar enquanto caminhava em direção ao carro preto, parecido com o primeiro que me jogaram.
Será que toda vez que entrar nesses carros vou sangrar ou sentir dor ?
Sentei no chão da van sem bancos traseiros.
Ouvi o barulho de duas motos.

- Eles estão aqui, vamos? - Um dos homens que estavam com Andrey gritou.

Deitei no chão da van e ali fiquei, aguentando a dor e chorando. Ouvi os barulhos de tiros, os homens de dentro da van revidaram.
Um tiro acertou o pneu da van, a fazendo cair de lado. Fui jogada para o lado oposto, batendo a lateral da minha barriga no chão. Do jeito que cai fiquei, uma poça de sangue começou se formar.
A troca de tiros começou, até um silêncio ensurdecedor chegar.

- Mahelí. - De La Cruz abriu a porta emperrada. - Vem, vou te ajudar. - Eu só olhava para ele. Não queria levantar dali. - Temos que sair daqui, vem. - Como eu não me mexia, ele entrou abaixado e me pegou do chão.

- Meus bebês, De La Cruz. Meus bebês. - Eu me tremia toda, as lágrimas escorriam incansavelmente. Estava em estado de choque.

- Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem. - Quando ele viu a poça de sangue ele entendeu o que eu estava falando. - Me perdoe, Mahelí. - As lágrimas rolaram em seu rosto. - Vai ficar tudo bem, vou cuidar de você. - Ele me pegou no colo e foi caminhando em direção a moto.
A outra moto estava se aproximando, só podia ser Alix. Devia ter ido atrás de alguém. De La Cruz me colocou no chão, para vestir um caso em mim.  - Vou te levar para o hospital. Me perdoe, por favor.

- Eu não quero. Me leva para casa. Eu só quero deitar, eu quero ficar pertinho de você. Faz isso por mim?

- Mahelí. - Ele segurou meu rosto com as duas mãos. - Eu vou cuidar de você, está bem? Logo você se acerta com Alix e vocês vão ter muitos herdeiros. Mas você tem que ir para o hospital, eu falei que não me perdoaria se você perdesse esses bebês por minha causa.

- Eu não quero ficar aqui mais não, De La Cruz. Esses bebês eram a razão de eu estar tão forte. Sem eles eu vou desistir também. Eu não quero mais viver.

- Não seja ingrata. Olha eu aqui, tentando viver e você querendo desperdiçar sua vida? - Ele passou a mão no meu rosto.

- Desculpe, mas está doendo muito. - Eu chorava desesperadamente.

- Eu imagino que sim. Mas não desperdice sua vida, ao invés disso, use sua vida para ajudar outras vidas. Não é essa sua profissão? Promete que você vai fazer isso?

- Eu vou tentar. Tomara que eu aguente. - Vi Alix descendo da moto e vindo em nossa direção correndo, parecia gritar algo.

De La Cruz parecia ter visto algo atrás de mim, com um rápido movimento ele me abraçou e me virou, protegendo o meu corpo.
Senti o impacto do corpo dele no meu. Ele olhou para mim e sorriu. Alix deu dois tiros e dois caras caíram.
De La Cruz me soltou e falou com dificuldade:

- Vai com Alix. Acho que não vou conseguir te levar.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora