Capítulo 17

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Alix narrando

Mahelí chorava e eu a observava, que dor ela estava sentindo, dava para perceber pelas lágrimas.

- Oi mamãe, sei que a senhora não vai me escutar, mas eu preciso por para fora. Desculpe ter te deixado. - Ela abaixou a cabeça e as lágrimas pingaram no marmore. - Me perdoe por favor! Eu não tive escolha. Sofri todos os dias, longe da senhora. Pensei em desistir de viver e tudo, a senhora acredita? - Mahelí ameaçou um sorriso. - Agora eu entendo o que é ter depressão, desculpe se por algum momento não te compreendi. As palavras duras eram para ter ver bem. Só queria que nossas vidas voltasse ao normal. Eu ia te contar, naquele dia que consegui um emprego. Nem deu tempo de te dizer isso. Me perdoe mamãe, eu queria ter tido dinheiro para pagar a dívida do papai. Hoje eu estaria na Califórnia, trabalhando e cuidando da senhora. Desculpe não ter conseguido fazer nada para ajudar.  - Ela caiu em lágrimas e já não aguentava mais falar.

- Tenta se acalmar, está bem? - Abaixei perto dela e coloquei a mão em seu ombro.

- Esse aqui é o Alix, mamãe. Ele me ajudou com as minhas dores. Ele tem cuidado de mim, é uma pessoa muito boa. - Ela olhou para mim com os olhos vermelhos de tanto chorar. - Eu estou bem, mamãe. Só queria te falar isso. - Mahelí colocou o buquê em cima do túmulo e se levantou. - Te amo, obrigada por ter sido a melhor mãe do mundo. Vamos? - Ela estendeu uma mão para mim e com a outra secou os olhos. Parei de frente para ela e sequei seu rosto.

- Vamos! - Segurei sua mão e caminhamos em direção a saída de cemitério.

Mahelí encostou a cabeça no meu ombro e permaneceu em silêncio durante toda a viagem de volta para casa.
Dirigi com uma mão em sua perna, tentando conforta-la de algum jeito.
Ela desceu do carro sem esperar eu abrir a porta, parecia se arrastar.
Entrou em casa e caminhou para o banheiro do quarto, fiquei a observando. Ela tirou a roupa e entrou embaixo do chuveiro, fiquei em pé na entrada do banheiro a olhando.
Era de partir o coração ouvir seu choro, ela se abaixou e se permitiu chorar enquanto a água caía em suas costas.
Tirei minha roupa, fiquei só de cueca box, abri o blindex e entrei. A levantei do chão e abracei seu corpo molhado.

- Está doendo muito, Alix. Eu tinha tantas coisas para fazer com minha mãe. Queria contar tantas coisas para ela, mas não posso mais. - Seus soluços causavam dor em mim.

- Desculpe ter te levado lá, me perdoe. - Segurei seu rosto com as duas mãos, de uma maneira que ela pudesse me olhar nos olhos. - Me perdoe, por favor, heim? - Dei alguns beijinhos em seu rosto.

- Eu te agradeço por ter me levado lá. - Ela me olhava nos olhos. - Obrigada, só assim terei meu luto de uma vez. Não sei por quanto tempo vai doer, mas é melhor sofrer de uma vez só. - Ela envolveu os braços em minha cintura e repousou a cabeça no meu peitoral.

- Eu vou cuidar de você. - Dei um beijo em em sua testa. - Vamos nos secar, vou procurar algo para comermos. Me sequei e a sequei. Peguei Mahelí no colo e a levei até a cama, puxei a coberta e a cobri. - Quer que eu pegue uma roupa para você?

- Eu pego, obrigada. Mas eu quero um beijinho. - Seus olhos estavam tão tristes, dava nervoso só de olhar. Me aproximei vagarosamente e tomei seus lábios com delicadeza.

- Você é incrível. - Rocei o nariz em sua pele. - Já volto .

Sai e caminhei até a cozinha, ainda tinha comida do almoço. Esquentei e fiz dois pratos, um pra ela e um para mim.
Coloquei tudo na bandeija e entrei no quarto.
Ela já estava de baby doll, sentei ao seu lado e coloquei a bandeija em cima da cama.

- Estou sem fome, mas vou me esforçar para comer. - Ela falou com a voz triste.

- Acho bom, porque você tem que dar conta de mim. Se ficar fraquinha não vai dar conta disso tudo aqui. - Peguei a mão dela e passei no meu peitoral.

- Por isso vou me obrigar a comer. - Ela deu um sorriso forçado.

Comemos, escovamos os dentes e deitando para dormir. Ela grudou em mim, como se eu fosse a coisa que a prendia na terra.
Apoiei meu queixo em sua cabeça e cantarolei uma música de ninar, que sempre me ajudava a dormir quando menor. Dei leves batidas em suas costas.

O dia amanheceu chuvoso e frio, hoje era dia de pegar os exames. Tomei café da manhã com Mahelí e fui para meu quarto me arrumar.
Antes de sair, fui no quarto dela me despedir e fui para o trabalho.
O dia hoje está mega cheio.

Peguei os exames e levei para o médico, ao chegar no consultório De La Cruz estava saindo.

- E aí irmão? Veio trazer o exame de próstata para o doutor ver. - Ele falou e sorriu logo após.

- Eu acho que você está ansioso para a sua vez chegar logo. - Sorri para ele e dei um abraço apertado.

- Como você está? - Ele perguntou. O semblante de De La Cruz estava abatido. - E Mahelí?

- Estamos bem. E você? Aconteceu algo? Está com o semblante abatido.

- Só estou muito cansado, não estou dormindo direito. Vou nessa mano, depois te faço uma visita. Até mais. - Pelo jeito ele estava de moto, estava com sua jaqueta preferida.

- Até. - Estava me despedindo e chamaram meu nome no consultório. De La Cruz foi embora e eu entrei no consultório. O médico começou a olhar os exames de sangue minuciosamente.

- Bem, senhor Alix. Está tudo bem com o senhor, exceto por uma coisa. No espermograma deu que o senhor é estéril.

- Eu sou o quê? - Demorei para entender o que ele estava falando.

- O senhor não irá poder ser pai da forma convencional, mas a medicina e a ciência estão muito avançadas. Tem outros meios de engravidar a sua parceira. - Ouvir o médico falar que eu era estéril mexeu com meu psicológico.

Sai do consultório com a cabeça a mil. Minha mãe não me quis, logo eu que queria um filho não vou poder ter.
Entrei no carro e me permiti chorar.
Estava até planejando casar com Mahelí e encher a casa de filhos.
O que eu vou fazer agora?
Como vou falar isso para ela?
Não posso casar com ela e fazê-la abrir mão dos seus sonhos, vai que ela tem esse sonho de ser mãe.
Mahelí já não tem mãe, imagine agira sem filhos? Será que ela ficaria comigo se soubesse que eu não poderei dar um filho a ela?

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora