Alix narrando
Descarreguei todo meu ódio em cima de Mahelí. Fiz uma grande besteira.
- Eu não vou deixar essas palavras entrarem no meu coração, você está bêbado. Não sabe o que está falando. Vem, você está sangrando, deixa eu cuidar de você. - Ela colocou a mão em mim e eu, um idiota que sou, puxei meu braço. Mahelí desequilibrou e caiu em cima do caco de vidro. Fez um rasgo profundo na perna.
- Você está bem? Deixa eu ver. Desculpe Mahelí. - Ela estava de camisola, o sangue começou a molhar sua roupa. Tentei ver, ela levantou e foi mancando para o quarto. Ficou um rastro de sangue no chão. Logo ela saiu do quarto com um sobretudo por cima e a carteira na mão. - Mahelí... - Tentei falar com ela.
- ME DEIXA EM PAZ ALIX! - Ela gritou. - É assim que você quer que eu te responda? É assim que quer ser tratado? Aí vai ter um motivo para ficar longe de mim, não é isso? - Ela secou as lágrimas com as mãos. - Daí eu vou saber que fiz algo ruim para você e por isso está distante de mim. Porque não estou entendendo o motivo da sua frieza, estou com tanta saudades. Eu sinto sua falta, você sabe disso? Eu não consigo dormir direito, pensando em você. Você mudou de repente e nem falou o motivo, eu acho que tenho o direito de saber. Queria cuidar de você agora e é isso que recebo. - Ela chorava.
- Eu vou te levar no hospital. - Levantei do braço do sofá, cambaleei e apoiei na parede.
- Você não está nem conseguindo ficar de pé, você vai dirigir? - Ela deu um sorriso forçado.
- Eu vou junto então. - Me recompus e caminhei em sua direção.
- Eu não quero que você venha. Me deixe sozinha, por favor. Diga para alguém me levar, estou perdendo muito sangue. - Ela falou olhando para outro lado. Eu não sou de insistir, nunca implorei por nada, esse é meu jeito. Mesmo sabendo que estou errado, não pedi novamente, talvez fosse melhor eu ficar longe mesmo.
Chamei um segurança e pedi para levá-la no hospital. Fiquei em casa aflito, andando de um lado para outro.
Pra que fui beber?Mahelí narrando
Cheguei no hospital morrendo de sangrar. Fiz torniquete, mas não adiantou muito, deixei uma poça de sangue no carro.
O segurança me colocou na cadeira e me conduziu até a emergência, para minha surpresa De La Cruz estava lá.- O que houve? - Ele veio correndo quando me viu. - Cadê Alix?
- Está em casa. Ele está bem, só um pouco bêbado.
- Ele fez isso? Você contou a ele? - Ele estava agitado. - Vou lá ter uma conversa com ele, isso não se faz. Segurei seu braço.
- Calma, eu não consegui contar nada. Nem deu tempo. Ele fez isso, mas não foi intencional, ok? - Chamaram meu nome e De La Cruz pediu para o segurança deixá-lo entrar comigo.
Examinaram e viram que tinha um caco de vidro dentro do ferimento. Teriam que enfiar uma pinça para tirar, eu sei o quanto isso dói.
- Vem aqui, me abrace. - De La Cruz me puxou para o lado dele e eu enfiei meu rosto em seu abdômen, passei meus braços por sua cintura.
- Isso dói. - Falei entre as lágrimas. A anestesia não tinha feito efeito ainda.
- Pense no parto, deve doer mais que isso. - Ele brincou.
- Pois é! - Quando o médico tirou pedaço de vidro de dentro da minha perna. Minha vista escureceu na hora. - De La Cruz, não estou me sentindo bem. Acho que vou desmaiar. - Tentei olhar para a perna, senti algo diferente, mas ele segurou meu rosto com as duas mãos.
- Olha para mim, está bem? Fica comigo. - A última coisa que ouvi foi: Ela tem que ir para a cirurgia agora.
De La Cruz narrando
Entrei com Mahelí no consultório, ela estava visivelmente nervosa.
Permiti que ela passasse os braços em volta da minha cintura e tentasse relaxar.
Ela enfiou o rosto no meu abdômen e gemeu baixinho, estava com muita dor.Quando o médico tirou o vidro de dentro da perna dela o sangue voou longe.
Mafiosos sabem bem o que significa, uma artéria foi rompida. Mahelí ficou pálida na hora, parecia que ia desmaiar.
Tentei acalma-la, segurei seu rosto, pedi para ela olhar para mim.
Em questão de segundo ela desmaiou.- Ela tem que ir para a cirurgia agora. - O médico falou. - Está perdendo muito sangue.
Eles levaram Mahelí e eu fiquei ali, com o coração saindo pela boca.
Peguei o celular e liguei para Alix.- Alô. - A voz dele estava se arrastando.
- Alix, onde você está? Eu não acredito que você está em casa.
- Estou em casa.
- Enquanto você está aí, sua mulher está na sala de cirurgia. Você não pensa não?
- O quê? Você está aí? O que aconteceu, foi grave?
- Atingiu uma artéria. Vamos torcer para não ser uma artéria calibrosa.
- Eu não posso ir aí, não vou aguentar vê -la, depois de tudo que falei e fiz.
- Você é bem idiota, sabe disso? Passei a mão no rosto e respirei fundo.
- Pede desculpas por mim.
- Seu covarde! - Ele desligou na minha cara.
Meu coração estava acelerado, pedi aos céus que não deixasse acontecer nada com os bebês e nem com ela. Que vontade de arrebentar Alix.
Após três horas ela foi para o quarto.Abri a porta vagarosamente, a luz do quarto estava baixa. Caminhei até ela e a observei, parecia um anjo dormindo. Peguei uma manta no armário e coloquei em cima dela, Mahelí segurou minha mão antes de eu me afastar.
- Oi. - Ela falou com a voz muito baixa. - Estou viva? - Sua pergunta me fez sorrir.
- Está, você está viva. - Gargalhei.
- Sabe como estão meus bebês? Tem alguma notícia? - Ela estava emocionada.
- Pelo jeito não aconteceu nada de ruim com eles, vamos esperar o médico passar. Provavelmente ele só virá pela manhã.
- O que você está fazendo aqui? Não estava com dor? - Sua voz era fraca.
- Sim. Tinha acabado de tomar os medicamentos da quimioterapia. Estava esperando fazer efeito para ir embora.
- E como você está se sentindo agora? Puxa a poltrona, senta ali. Você tem que se cuidar. - Ela começou a ficar agitada e queria levantar para cuidar de mim.
- Ei, se acalme. - Coloquei a mão em seu ombro e a fiz deitar. -Estou bem. O susto me fez esquecer da dor. Você tem que ficar quietinha aí, acabou de sair de uma cirurgia, perdeu muito sangue.
- Cirurgia? Quantas horas eu fique apagada? - Ela tirou a manta e o lençol de cima dela, para ver a cicatriz da operação.
- Você dormiu por três horas. Se cobre, está frio. - Puxei a manta e coloquei em cima dela.
- Você está aqui esse tempo todo? Você tinha que estar descansando.
- Como eu ia embora e te deixar aqui? Você faria isso? Me deixaria aqui sozinho?
- Confesso que não conseguiria.
- Então pronto. - Cruzei os braços e fiquei a observando.
- Se quiser pode ir agora. Vou ficar bem, você tem que descansar. Já está tarde.
- Eu não sei o que há de errado, mas eu não consigo te deixar aqui sozinha. Desculpe tudo isso, a culpa foi minha. Eu que pedi para Alix escolher a mulher mais linda da noite, ele sabe os meus gostos, meu padrão é alto.
- De La Cruz, deixa eu te falar uma coisa. Olhe bem pra mim, preste bastante atenção. Você salvou a minha vida. Eu não tenho palavras para te agradecer, devo muita coisa a você. Alix não é uma pessoa ruim, só precisa se encontrar. Eu poderia estar em uma situação nem pior agora. Fora que eu ganhei você em minha vida, não tenho palavras para agradecer. Você é um anjo.
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Fake Love - Triologia 1°
RomanceApós um mafioso ser traído por sua noiva, ele passa a não acreditar que o amor pode existir. Ele se torna mais sombrio e solitário, achando que só existe amor falso. Para sua surpresa descobrirá o que é ser amado e o que é amor, ele verá como am...