Capítulo 3

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Alix narrando

Os lances se encerraram e eu fui buscar minha compra, De La Cruz mandou uma mensagem, pedindo o link de pagamento. Nem perguntou quanto tinha sido, dinheiro para nós não é problema.
Só o relógio no meu pulso pagaria por ela e mais as cinco que foram vendidas.

Mandei uma mensagem para ele

Deixa que eu pago seu presente.

Ele logo respondeu:

Negativo, eu quero pagar. Faço questão.

Encaminhei o link para ele, em segundos foi pago.
Eu estava parado em frente a porta, esperando destravar para eu pegar a compra. Como esse povo pode vender mulher? Que mercado é esse? O nome dela estava no link de pagamento.

A porta destravou e eu entrei, de cabeça baixa, Mahelí se encolheu toda ao me ver. Levantei a cabeça lentamente para olha-la, o medo que estavam em seus olhos eu já conhecia. As pessoas costumavam me olhar assim, uma lágrima escorreu em seu rosto.
Aquele medo parecia palpável, seu rosto ficou pálido de uma hora para a outra e sua perna falhou.
Antes dela cair no chão a segurei. Mahelí desmaiou, não sei se de medo ou de fome, parecia não ter se alimentado.
A joguei no ombro e caminhei em direção ao meu carro. Seus cabelos estavam soltos, ao coloca-la no carro estavam todos para frente, tapando seu rosto.
Tirei os cabelos do rosto dela e a ajeitei no banco ao lado do motorista. Inclinei o banco para aconchega-la e coloquei o cinto de segurança nela.

Meu celular vibrou com a ligação de De La Cruz.

- E aí mano? Tudo ok?

- Sim, ela está aqui no carro comigo. - Olhei para o lado a observando.

- Pode leva-la para sua casa? Ainda não cheguei de viagem.

- Você está de brincadeira? Como vou aparecer com uma mulher na minha casa na véspera do meu casamento?

- Prefere deixá-la em um hotel? Mas você vai ter que ficar com ela.

- Você me arruma cada coisa... Vou cobrar por isso.

Desliguei o celular e dirigi em direção a minha casa, eu tinha coisas para resolver.
Tirei Mahelí do carro e a coloquei em um quarto na minha casa. Tirei suas sandálias e coloquei álcool para ela cheirar.
Ela acordou e fez ânsia de vômito.

- Estou muito enjoada. Posso ir ao banheiro? - Apontei a porta que era do banheiro.

- Vou pegar roupas para você. - Tinha um mundo de roupa de Lena, roupas ainda com etiqueta. Mahelí entrou no banheiro do quarto e eu fui para o outro quarto pegar roupas. - As roupas estão aqui. Vou deixar aqui, penduradas na maçaneta.

- Obrigada, sua voz saiu fraca dentro do banheiro. Deduzi que ela ainda não tinha comido.

Caminhei até a cozinha, tirei o blazer e fiquei só com a camisa branca. Fiz uns sanduíches e suco de laranja. Voltei para o quarto e deixei em cima da mesinha. Olhei na porta do banheiro e as roupas não estavam mais lá. Parei perto da porta para falar, dei leves batidas.

- Tem um lanche para você na mesinha. Pode comer tudo. Tenho que resolver algumas coisas, fique a vontade. - A casa era rodeada de seguranças, não teria como ela tentar escapar.

Virei e sai do quarto. Caminhei até o meu escritório. Resolvi algumas coisa e fui para meu quarto, tomei um banho e fui no quarto onde Mahelí estava. Bati antes de entrar.
Ela estava sentada no chão, com as costas na cama, abraçando as pernas. Parecia estar em estado de choque, seus olhos estavam arregalados.

- Estou apavorada. - Sua voz saiu baixa. - O que vai acontecer comigo?

- Olha. - Sentei na cama, perto dela. - Eu não sei qual o seu passado, de onde você veio, o que te levou a isso. Mas tudo vai ficar bem se você se comportar. Te comprei para um amigo meu, De La Cruz é um cara incrível, você vai ser bem tratada por ele. Ele é a melhor pessoa que conheço.

- Eu acabei de arrumar um emprego, nem pude falar para a minha mãe. - As lágrimas escorreram em seu rosto.

- Provavelmente você não vai vê-la mais. Mas você vai ter tudo o que quiser, meu amigo é muito genero. Nunca mais você terá que trabalhar.

- Estou com tanto medo. - Ela se tremia toda.

- É normal sentir medo. Mas tente pensar positivo, só não o contrarie e você terá tudo dele. Mafiosos não gostam de ser contráriados. Agora vem, vamos comer. Vou comer com você, se eu deixar você se alimentar sozinha, isso vai ficar aqui. - Peguei a bandeja com as coisa e coloquei em cima da cama. Como ela não se movia, peguei o sanduíche e coloquei em sua mão. Coloquei o suco em outra mão.

- Obrigada. - Ela ainda estava com os olhos fixados no chão.

- Tente comer e dormir. Eu tenho que descansar, daqui a pouco tenho um evento importante. - Me referia ao meu casamento. Comi o sanduíche, enquanto ela mordiscava o dela. Esperei, quando ela acabou de comer juntei as coisas e coloquei na bandeja. - Agora vem deitar. - A ajudei a deitar e a cobri.

- Obrigada. - Ela permanecia com os olhos fixos em algum lugar, não olhava para mim. Uma tristeza profunda estava fixada ali, parecia ter perdido o prazer de viver.

Sai e a deixei ali. Escutei o barulho do choro vindo do quarto. Como eu não tinha muito afeto por pessoas, continuei indo para meu quarto.
Tomei um remédio, relaxante muscular, peguei logo no sono.

O dia amanheceu e fui tomar banho, hoje era o grande dia. Cancelei tudo o que tinha em uma semana, eu seria de Lena por uma semana inteira.
Vesti meu terno de Lã Vicuña, conhecido como fibra de Deus. O tecido é raro e mais caro do mundo.
Acabei de me arrumar e fui no quarto ver como Mahelí estava.

Olhei pelo quarto e não a encontrei, olhei no banheiro e nada.
Andei pela casa a procurando, até que cheguei na cozinha. Os cozinheiros estavam de folga, até porque eu não comeria em casa hoje. Mas não era sempre que vinham também, eu quase nem parava em casa.

- Bom dia. Conseguiu dormir? - Abri a geladeira e peguei uma garrafa de água.

- Bom dia. Tentei dormir, mas não consegui desligar. - Seus olhos estavam inchados de tanto chorar.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora