Mahelí narrando
Ouvir De La Cruz me pedir em casamento foi algo que me surpreendeu. Fiquei parada olhando para ele, tentando entender o que ele pediu.
- Deixa eu te explicar, a máfia fica com os bens de quem morre e não tem família. Eu não tenho mais ninguém. Não me importava para onde iria meus bens. Mas agora eu tenho você, tenho uma gratidão eterna. Quero partir em paz, sabendo que você vai ter uma vida estável, sem depender de Alix. Caso não dê certo no futuro, você terá como se manter e cuidar das crianças.
- Você tem certeza disso? - Olhei em seus olhos.
- Nunca tive tanta certeza na vida. Eu quero fazer isso por você. Depois que eu morrer, você pode se casar novamente.
- Eu não quero que você morra, De La Cruz. - Tentei controlar o choro. Sempre que era falado sobre sua morte eu sofria.
- Tem coisas que não podemos controlar. As que podemos, tentamos fazer da melhor forma. Você aceita se casar comigo? Só tenho que explicar para Alix nosso plano. Vou ter que contar para ele sobre a doença e meu prazo de validade.
- Isso te fará feliz? Te deixará em paz? - Perguntei.
- O quê? O casamento?
- Sim, você ficará feliz? Terá paz? - Eu só queria deixá-lo feliz.
- Sim. Você não sabe o quanto.
- Então eu aceito. - Sorri para ele e passei a mão em seu rosto. - Eu prometi que o faria feliz. - Eu tenho tempo para consertar o que está errado, ele não. Depois eu explico para Alix, já está tudo uma bagunça mesmo entre ele e eu.
- Está me dizendo que aceita? Não quer falar com Alix antes?
- Não. Vai que ele não entende. Ele ainda não confia em mim o suficiente. Depois me acerto com ele. Ele sabe das regras da máfia, certo? Que se alguém morre sem deixar herdeiros ou família, a máfia fica com tudo?
- Sim. Sabe sim. - Ele me olhava de um jeito sereno.
- Então se ele confiar em mim, ele vai entender. Ainda não confia o suficiente, eu sei. Mas eu vou tentar fazer-lo entender. Agora chega de falar de morte, eu quero um abraço do meu noivo, deita aqui do meu lado. - Sorri agora ele.
Cheguei para o lado e aquele brutamontes deitou do meu lado na cama, passou um braço por baixo da minha cabeça e me puxou para mais perto. Deitei de frente para ele, De La Cruz estava de barriga para cima, enfiei meu rosto na lateral do seu corpo e me encolhi um pouco.
- Está confortável? - Ele perguntou gentilmente.
- Sim. De La Cruz, não me deixe tão cedo. Por favor. - Uma lágrima teimosa escorreu.
- Vou tentar. Vai que eu consiga viver um dia a mais.
- Vou tentar achar uma cura para você. Então espere, por favor. Eu estou te implorando. - Chorei quietinha.
- Vamos fazer assim, viver cada dia como se fosse o último? Daí quando chegar a hora, estaremos preparados.
- Todos os dias sentirei medo ao dormir e sofrerei. Todos os dias me sentirei a pessoa mais feliz do mundo ao acordar e te ver, serei grata por você estar comigo.
- Eu te amo Mahelí, você é a melhor coisa que pôde ter acontecido na minha vida. Sou grato por esse oportunidade de ter você comigo.
- Eu também te amo, De La Cruz. Obrigada por cuidar tão bem de mim e permitir fazer parte da sua história. Como eu queria ter te encontrado antes. Se você pudesse, eu te daria um filho. Pediria que viesse a sua cara.
- Ah é? - Ele sorriu. - Por que pediria para vir a minha cara?
- Porque você é lindo. - Sorri para ele, seus olhos estavam brilhando. - Ou se você tivesse um filho e eu uma filha, eu a deixaria se casar com ele. - Sorrimos. Me abraça? Vamos ser felizes juntos, vamos esquecer o resto das coisas, quero te proporcionar toda alegria que puder ter.
Se passaram quinze dias do pedido de casamento.
Tenho ficado de repouso e De La Cruz tem cuidado de mim.
Ele não teve mais crises de dor, tenho o monitorado.
Mandei mensagem para Alix três dias seguidos, dizendo a mesma coisa nesses três dias.- Eu quero ser uma pessoa em quem você confie, ainda que tudo ao redor diga ao contrário, preciso que confie em mim.
Me vesti na frente do espelho, meu coração está tão acelerado. O vestido justo revelou que não estou sozinha, meus pequenos estão crescendo.
Calcei os sapatos de saltos finos e por fim coloquei os brincos de diamantes.
Caminhei lentamente até o carro, o motorista me esperava com a porta aberta, o buquê estava no banco do carona.
Todos os chefes de máfia estarão lá hoje, inclusive Alix. Sequei uma lágrima e respirei fundo, tenho que ser forte.O motorista me ajudou a descer do carro, caminhei até o local indicado.
Ao abrir as duas grandes portas de madeira, me deparei com uma sala cheia de homens com ternos pretos. Eles estavam impecáveis, pareciam modelos de roupa de grife.
Ao fundo, ao lado do celebrante do casamento, estava Alix. Do outro lado do celebrante, De La Cruz.Alix não conseguiu esconder a surpresa estampada em seu rosto, logo veio um semblante de dor e raiva. Mas ele tinha que manter a compostura na frente de todos, aliás ele era o chefe dos chefes.
Eu não conseguia olhar para ele, tentei focar em De La Cruz.
Caminhei até ele, o casamento foi celebrado.
No final, tivemos que colocar nossas mãos uma em cima da outra. Passaram uma linha, encerada, vermelha em volta de nossas mãos, amarrando uma na outra. Todos que estavam ali tiveram que dar um nó, o último foi Alix.Ele olhou nos meus olhos com dor, como eu queira dizer tudo para ele.
Uma lágrima escorreu em meu rosto, ao olhar seus olhos.
Ele permaneceu em silêncio.
Assim que a cerimônia acabou, ele saiu sem se despedir de ninguém. Dei graças a Deus que não precisamos nos beijar, ele ficaria pior.
Voltamos para casa em silêncio.- Mahelí, quer que eu ligue para ele? - De La Cruz parou na minha frente e me segurou pelos ombros, quando descemos do carro.
- Não precisa. - Olhei em seus olhos e passei a mão em seu rosto. - Vou tomar um banho e já vou deitar. Fiquei muito tempo em pé, tenho que repousar. - Sorri e me retirei.
Entrei no banheiro e chorei tudo que pude. Alix não vai me perdoar, deu para ver em seus olhos. Ele vai achar que De La Cruz é um traidor também.
Se eu não tivesse entrado na vida deles, essa confusão não estaria acontecendo.
A culpa é minha.Tomei banho e deitei, De La Cruz veio me dar boa noite, me deu uma sopa quentinha e comeu no quarto junto comigo. Após escovarmos os dentes, deu um beijo em minha testa e foi para seu quarto.
Meu sono estava agitado, não consegui dormir, levantei para ir ao banheiro, vi que o sangramento voltou. Sabia que ficar muito tempo em pé me prejudicaria.
Voltei para a cama e escutei um barulho do lado de fora, corri para ver se era De La Cruz passando mal novamente.
Entrei correndo em seu quarto, pois o barulho veio de lá.- Ei. Fica aí! - Alix falou com a voz seca, me impedido de dar mais um passo. Uma arma estava na cabeça de De La Cruz, ele ainda estava deitado na cama de barriga para cima, a outra arma ele apontou para mim. - Primeiro vou resolver com esse falso aqui, depois vamos conversar, ele engatilhou a arma encostada na testa de seu amigo.
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Fake Love - Triologia 1°
Roman d'amourApós um mafioso ser traído por sua noiva, ele passa a não acreditar que o amor pode existir. Ele se torna mais sombrio e solitário, achando que só existe amor falso. Para sua surpresa descobrirá o que é ser amado e o que é amor, ele verá como am...