Capítulo 28

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Alix narrando

Sai do escritório apressado, meu coração disparou no momento em que ouvi que meus bebês estavam correndo risco.

Eu sei a dor que é nascer e crescer em uma família incompleta. Não queria que meus filhos passassem por isso. Mahelí devia estar com medo e se sentindo sozinha. Eu tinha que apoia-la.

Estava tão cego pelo ciúme e pela insegurança, que não consegui raciocinar e acabei a ofendendo.
Sei que não mereço o perdão dela, sei que a magoei muito. Mas estou disposto a tudo, para pelo menos ser presente na vida de nossos filhos.
Não tenho dormido, não tenho me alimentado, já perdi muito peso, a maior parte do meu dia é só choro.
Se eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente.

Cheguei no hospital e dei meu nome, pedi para o médico perguntar a ela se podia entrar.
Eu estava tão nervoso, parecia um adolescente indo para o primeiro encontro.

Ela autorizou a minha entrada, o médico me mostrou em qual quarto estava. Cada passo em direção ao quarto, meu coração parecia que ia explodir, dava para ouvir batendo acelerado.
Entrei e ela estava lá, deitada com medicamento na veia. Sua barriga já estava com um pequeno volume, mesmo deitada dava para ver.

A posta se fechou atrás de mim e eu caí de joelhos. Uma dor tão grande me dominou, eu não conseguia sair do lugar.
Passou um filme em minha cabeça, lembrei do seu olhar de pavor em minha direção. As palavras horríveis que eu disse, a arma que apontei para ela e coloquei em sua barriga.

- Alix! Alix, o que está acontecendo? - Eu não conseguia olhar para ela. - ALIX! Me fala por favor o que está acontecendo? - As lágrimas escorriam no meu rosto, pela voz de Mahelí, no dela também. - Eu vou levantar. - Sua voz estava trêmula. - Levantei a mão lentamente e fiz um sinal para ela esperar. Segurei o peito e permiti chorar tudo o que podia, como pude ser tão miserável com quem só me deu amor e carinho? Eu mesmo sou meu inimigo. Tentei me acalmar e levantei.

- Está tudo bem. Não fica nervosa. - Falei com os olhos fechados. Tentei me acalmar para ela não ficar nervosa.

- Quer que eu chame o médico? - A voz dela me causava dor, eu estava com ódio de mim mesmo por ter magoado quem não merecia.

- Mahelí, acho que vou voltar depois. - Tapei os olhos com uma mão e abaixei a cabeça. - Não estou conseguindo ficar aqui. - Meu peito subia e descia, o choro e o arrependimento me dominou, mas como ela acreditaria em mim?

- Alix, você está me deixando assustada, o que está acontecendo? Me fala por favor. Olha eu não vou aguentar outro diagnóstico ruim. Você não vai morrer , vai? - Ela se desesperou. - Me fala Alix!

- Bem que eu queria mesmo, ainda seria pouco para mim. Depois de tudo o que fiz e falei, a morte seria um bom troco.

- Pare de falar besteiras, eu não aguento perder mais ninguém. Se eu perder mais alguém, acho que vou surtar.  - Ela chorava como se estivesse prestes a perder alguém importante e não pudesse fazer nada. Só podia estar falando dos bebês.

- Mahelí. - Falei ainda olhando para o chão. - Eu preciso te pedir perdão. Eu sei que não mereço, mas eu preciso te pedir. Eu sou um idiota. Não conhecia o que era amor verdadeiro, só tive amor falso na minha vida. As mulheres que tive na minha só me traíram, a começar por minha mãe. A pessoa que devia me amar e me proteger me abandou. Depois foi aquela tralha da Lena, me traia e ia casar comigo mesmo assim. Sei que você não tem culpa de nada disso, eu devia me curar primeiro e me tratar com um profissional antes de me envolver com alguém. Mas eu não consegui, o sentimento veio antes. Eu não consegui evitar te amar. Me perdoe, Mahelí.

- Alix... - A interrompi.

- Eu preciso falar. - Limpei os olhos e olhei para ela. - Me perdoe, não estava pronto. Quando vi já estava envolvido e  loucamente apaixonado por você. Esse sentimento é estranho para mim, eu não consegui lidar com isso. Fiz tantos planos, queria construir uma família, me imaginei feliz ao seu lado. Você me fez até sorrir, coisa que nunca tinha acontecido. Mas o diagnóstico que recebi fez meus sonhos se desmoronarem, eu não consegui te contar. Tive medo, tive vergonha, me senti impotente. Mahelí, eu não queria ter que ficar sem você, mas também não queria te manter presa em mim.

- Por que você não confiou em mim o suficiente? Se você entendesse o que eu sinto por você, saberia que eu não te deixaria. Eu te deixei dúvidas do que eu sentia por você? Você acha que eu fingi esse tempo todo? Você foi o primeiro homem da minha vida, como eu fingiria algo? - Ela limpou o rosto com as mãos.

- Eu daria tudo o que eu tenho, só para apagar o último olhar seu, que está gravado em minha mente. Isso não sai da minha cabeça.  - A lágrima escorreu em meu rosto. - Desculpe te causar tanta dor, tanto medo.  Eu não mereço seu perdão, e sei disso. Mas me permita criar nossos filhos, eu não quero que eles sintam o que eu sinto. Não quero que eles se sintam rejeitados, quero que eles sejam felizes e nos tenham como um porto seguro. Me perdoe, Mahelí.

Mahelí narrando

Ver o estado de Alix mexeu profundamente comigo.
Não sei se são os hormônios da gravidez ou se é a falta que sinto dele, eu queria abraça-lo e dizer que o amo. Queria sentir seu cheiro, seu gosto, seu toque.

Me derramei em lágrimas ao ouvi-lo dizer, nossos filhos. Então ele queria filhos sim, só disse aquilo tudo por causa do medo que estava sentindo.
Tive vontade de agarra-lo e enche-lo de beijos, mas tive que ser forte.
De La Cruz está precisando muito de mim e de Alix também, mas eu não posso contar para ele  o segredo.

- Vem aqui. Por favor. - Estendi a mão para ele segurar. Alix hesitou um pouco, mas caminhou lentamente em minha direção. Segurei sua mão e coloquei na minha barriga.

- Ah, meu Deus! - Ele começou a chorar novamente. Parecia que seus olhos iam sangrar de tão vermelhos que estavam.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora