Capítulo 10

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Alix narrando

Mahelí chorava tanto, parecia está sendo torturada. Seus olhos estavam vermelhos, parecia que iam sangrar de tanto chorar.
Vê -la desabafando me deu uma tristeza, que vida.
Eu já cresci em um mundo obscuro, não conheci o que é amor, todos os amores que tive foram falsos.
Mas ela não, sua família era feliz e pelo visto era cercada de amor. De uma hora para outra você ver as coisas se acabarem, deve ser doloroso.

Decidi falar com ela, sem dar importância para sua dor.

- Sabe por que te trato assim? Porque você é uma intrusa na minha casa. Eu não queria você, eu não tinha planos para mais uma pessoa na minha vida. Daí ainda veio a traição da minha ex noiva, era o momento que eu queria me matar e você não deixou. Daí eu quis ficar sozinho, você deixou? Não, você não deixou. Isso só fez eu te odiar mais.

- Odiar? - Ela olhou para mim com aqueles olhos exalando dor. Eu preferia que ela enfiasse uma faca no meu peito. - Então é esse sentimento que você tem por mim, né? - Ela engoliu seco depois das lágrimas. - Com licença, vou ao banheiro.

Mahelí levantou e caminhou até ao banheiro. Fechei os olhos e respirei fundo, ouvi um choro abafado vindo de lá de dentro.
Isso está me deixando louco. Levantei e sai do quarto, se ela quisesse tirar sua vida, problema eu não vou ficar cuidando de quem eu nem queria aqui.

Tomei café da manhã e sai.
Cheguei no escritório e não consegui me concentrar. Eu ainda não tinha dado o celular para ela, não tinha como eu ligar. Decidi ir para casa mais cedo, com a desculpa que levaria sua roupa e jóias para o evento.
Tinha que ser ela pra causar esses conflitos dentro de mim, que raiva.

Comprei as coisas por um aplicativo e passei para pegar na loja.
Cheguei em casa e perguntei os segurança se eles tinham visto Mahelí durante o dia, disseram que ela não saiu do quarto o dia todo.

- O que essa menina está aprontando? - Cocei a cabeça e entrei, indo direto no quarto dela. Ela não estava na cama, a refeição estava do mesmo jeito que eu deixei. Bati na porta do banheiro e ela não atendeu. A porta estava trancada por dentro. - Mahelí! - Bati na porta e a chamei. - Mahelí! Se você não atender eu vou arrombar a porta.

Esperei uns segundos e ela não respondeu. Arrombei a porta, lá estava ela caída no chão, com a boca branca.
Abaixei e a peguei, seu corpo estava gelado. A deitei na cama e a cobri com o edredom. Coloquei o ouvido em seu peito, havia batimentos.
Deitei do lado dela e a abracei para esquentar seu corpo o mais rapido possível. Ela parecia tão indefesa, não esboçava reação nenhuma.
Ajeitei uma mecha de cabelo caído em seu rosto.
Seu rosto estava muito próximo ao meu, nunca tinha a olhado tão de perto. Ela é linda.

Essa tristeza e choro a torna diferente da Mahelí sorridente e tagarela de antes.
Senti uma onda de tristeza me invadindo, eu estou cooperando para que ela sinta vontade de morrer. Sou um dos culpados.
Já senti essa dor e não desejo para ninguém.
Passei o polegar em seu rosto de porcelana, sua boca foi voltando a ter cor, estava começando a se aquecer.

Fiquei olhando seus lábios e senti vontade de senti-los. Resisti um pouco, não queira desrespeita-la. Mas por outro lado lembrei que ela era minha.
Olhei para ter a certeza que ela ainda estava desligada, me aproximei vagarosamente e encostei meus lábios nos dela. Que lábios macios e doces. Me afastei vagarosamente, abri meus olhos lentamente. Fiquei admirando seu rosto de perto, ela abriu os olhos lentamente e olhou nos fundos dos meus.

- Seus olhos são lindos. - Ela falou baixo.

- Como você está se sentindo? Quer me matar de susto? - Fiquei aliviado por ela ter acordado.

- Protegida e acolhida. Assim estou me sentindo. - Sua voz era fraca. - Eu morri e fui para o céu?

- Eu tô mais para ser outra coisa, ao envés de anjo. Eu não sou bonzinho.

- É sim, está até abraçado comigo. - Ameacei solta-la, ela me puxou para mais perto. - Fique assim comigo por mais uns minutos, por favor. - Relaxei o corpo e permiti quem ela se aninhasse. - Seu cheiro é bom. - Foi a última coisa que ela disse, logo apagou.

Após alguns minutos de silêncio, me afastei um pouco para olha-la.

Mahelí estava dormindo, o rubor voltou ao seu rosto. Fiquei parado a admirando, como é linda.
Lembrei dela no dia do leilão, a maquiagem era básica mas realçou sua beleza. Tinha pavor em seus olhos, eu a observei bastante naquele dia, pois pensei que seria uma compra de De La Cruz.
Já tem tempo que não o vejo, acho que está me evitando para eu não empurrar Mahelí para ele.
Me mexi um pouco na cama, tentando levantar sem acorda-la. Ela segurou meu braço.

- Fica aqui, por favor. Não me deixe sozinha. - Sua voz saiu como um sussurro. Ela estava de olhos fechados.

- Eu já volto. - Sussurei de volta, tirei a mão, com delicadeza, do meu braço.

Fui até meu quarto tomei um banho. Fiquei alguns minutos com a água caindo em minha cabeça. O que eu acabei de fazer? Eu beijei uma mulher indefesa, é isso?
A que ponto cheguei, olha o nível da carência.
Me sequei, vesti uma calça de moletom e fui para a cozinha. Fiz uma refeição leve para Mahelí, até o momento ela só tinha comido a fruta que enfiei na boca dela pela manhã.

Coloquei a bandeja em cima da mesinha e caminhei até ela. Ela abriu os olhos e levou um susto.

- Alix? - Seus olhos estavam arregalados.

- Calma, vim trazer sua refeição. Você consegue sentar sozinha?

- Sim, consigo. - Ela sentou, encostada na cabeceira da cama. Coloquei a bandeja em seu colo.

- Come tudo, não vou sair daqui enquanto você não comer tudo. Foi essa frase que você usou?

- Sim, mas eu estava vestida. - Ela tampou os olhos com as mãos.

- Eu também estou. - Olhei para a calça preta de moletom. - Só estou sem blusa, é normal homens andarem sem blusas.

- Não consigo me concentrar.

- É sério isso? - Peguei o edredom e joguei em cima de mim. - Você é médica mesmo? Não consegue nem ver um cara sem camisa.

- Não é qualquer cara sem camisa e nem qualquer corpo. - Suas bochechas estavam vermelhas.

- Não entendi. Agora você vai me explicar isso.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora