Capítulo 33

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Alix narrando

Tirei Mahelí do box e a sequei. Ajudei a vestir sua roupa e a empurrei até chegar na cama, não pude pega-la no colo pois estava com a roupa ensopada.

- Já volto, vou comprar outra roupa. - Me virei para sair.

- Alix. - Ela me chamou e eu parei imediatamente. Me virei para olha-la. - Será que vai parar de doer algum dia? - Seus olhos estavam molhados, pelas as lágrimas.

- Tomara que sim. No que depender de mim, facilitarei para essa ferida curar logo.

- Você perguntou se pararmos de nos amar, para de doer? E se pararmos de nos amar e o amor virar ódio? - As lágrimas escorreram em seu rosto. - Vai doer também. Então só vamos continuar nos amando, distantes um do outro até que o amor se acabe e se torne um sentimento de afeto.

- Mas eu não quero parar de te amar. Agora eu sei que amar dói, se eu tiver que sofrer por te amar, sofrerei até meu último minuto de vida. Tudo isso aconteceu por minha causa. Não posso te pedir para ficar ou continuar me amando. Mas eu sempre estarei esperando por você. Prometo que vou me curar, para estar pronto caso você volte um dia.

- Alix. Eu estou precisando tanto de um abraço seu. - Os olhos dela me procuram os meus, as lágrimas desciam incansavelmente. Arranquei o terno rapidamente, afrouxei a gravata e tirei
, desabotoei a camisa rapidamente, estava tudo molhado. Caminhei em sua direção, Mahelí estava em pé encostada na cama. A envolvi em meus braços, como eu queria ter o poder de curar alguém. Ela não merecia passar por isso, ela não me merecia, mas eu fui egoísta demais.

- Me perdoe. - Apoiei  meu queixo no topo de sua cabeça.

- Alix. - Sua voz saiu fraca e trêmula. Me afastei para olha-la.

- O que houve? - Olhei em seus olhos.

- Eu te amo. Não se esqueça disso. Nunca mais amarei ninguém como te amo, dizem que o primeiro amor nunca é esquecido. Dizem também que quando amamos alguém o deixamos livre. Por isso estou te deixando livre hoje, não precisa cuidar de mim. Após o velório, só me deixe aqui e siga a sua vida. Cuide de seu psicológico, não carregue o peso da culpa. - As lágrimas escorreram no meu rosto. - Se um dia você achar que está pronto, me procure. Mas se achar uma pessoa melhor, não hesite, se apaixone novamente e seja muito feliz. Viva uma vida feliz, você precisa disso. Eu não estou sendo igual a sua mãe, que te abandou. Só estou deixando você escolher o que é melhor para sua vida. Ao contrário de sua mãe, estou aqui dizendo que te amo e estarei esperando por você, torcendo para que sejas feliz. Você tem que acreditar que amores verdadeiros existem. - Ela passou a mão no meu rosto. - Posso te pedir mais uma coisa?

- O que  você quiser. - Eu a olhava, mergulhado em lágrimas.

- Me beija? - Meu coração disparou freneticamente. Caminhei em sua direção apressadamente e encostei a minha testa na dela. - Vai ser um beijo de despedida, não quero ir embora carregando só sentimentos ruins. Quero que você tenha algo bom para sentir saudades. - Segurei sua cintura e sua nuca, encostei meus lábios nos dela lentamente. Eu preciso dela para ser completo, seu toque, seu amor. Mahelí me traz vida, me traz cura. Mas eu preciso estar pronto para ela.

Mahelí me beijou com amor, com desejo. Passou um filme dos dias que ela ansiava por mim, das noites que não me dava descanso desejando meu corpo no dela.
Onde foi que me perdi? Onde deixei minha alegria ir embora?

- Não desista de mim, por favor. Passei o nariz em sua pele, memorizando o seu cheiro. A puxei para um abraço apertado. - Eu te amo, Mahelí. Vou ficar pronto para você, prometo. Eu preciso de você.

A deixei no quarto e vesti o terno molhado, fui na loja e comprei outra roupa.
Fomos para o velório, Mahelí estava em uma cadeira de rodas e eu a empurrava.
Caminhamos lentamente até o caixão, meu coração estava partido, era difícil até respirar.
Mahelí levantou e debruçou em cima do corpo de De La Cruz.

- Oi, De La Cruz. - Ela chorava, mas tentava manter a calma. - Senti sua falta hoje, pensei em te ligar quando o celular despertou avisando que era hora de tomar seu remédio. Você se foi e deixou um buraco enorme no meu peito. Ainda tínhamos tantas coisas para conversar. - Ela limpou o rosto com as costas da mão. Logo em seguida passou a mão no rosto dele. - Obrigada por ter ficado comigo no momento mais difícil da minha vida. Está doendo tanto sua ausência, como eu queria acordar desse pesadelo. Quem vai me fazer sorrir daquele jeito que só você fazia? Quem vai preparar aquelas refeições maravilhosas? Quem vai voltar para fazer todas as refeições comigo? Você não me preparou para a sua partida. Eu tentei viver cada dia como se fosse o último, mas eu não estava preparada. Cuida dos seus sobrinhos por mim, nem cheguei a descobrir se seriam meninas, meninos ou um casal. - Ela fez uma pausa, buscava o ar. - Se der, diga para eles que eu os amei de todo meu coração, ainda continuarei amando até o meu último fôlego de vida. Obrigada por ter me dado outra oportunidade de viver, eu vou lutar por você e por meus bebês. Se bem que se eu ficasse junto com vocês aí no céu seria menos doloroso do que ficar aqui. Me perdoe se falhei de alguma maneira. Prometo que vou estudar muito, para evitar que outras pessoas sintam o que estou sentindo. Eu vou descobrir uma cura para a doença que você tinha. Enquanto isso me ajude a descobrir a cura para essa dor, vou tentar suportar um dia de cada vez. Lembrarei doa momentos bons, só tive alegria ao seu lado. Obrigada por fazer parte da minha vida, obrigada por confiar em mim, a ponto de se casar comigo. Se eu te encontrasse antes, teria casado com você de verdade.  Mesmo que eu precisasse me resguardar para sempre. Você está guardado na parte de coisas lindas e especiais na minha vida. Me perdoe ter saído aquela hora da noite, tive medo da sua amizade ser destruída por mim, me senti um peso na vida de vocês. Agora você não vai sentir aquelas dores terríveis, não vai precisar de medicamentos que te deixam enjoado e para baixo. Obrigada por tudo Alejandro De La Cruz. Eu te amo meu lindo amigo. - Mahelí passou a mão no rosto dele e beijou sua testa. - Nunca vou te esquecer, me ajude na cura dessa dor insuportável.

- Vem. Senta aqui. - Suas pernas estavam fracas. A sentei na cadeira e abaixei em sua frente. - Vou pegar água para você, fica calma.

Ouvi-la dizer aquilo tudo me fez ver o quanto eu fui mesquinho, ele devia estar sofrendo muito e eu nem notei.
Que péssimo amigo eu fui.
Abaixei perto do bebedouro e me entrei ao choro.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora