Capítulo 45

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Alix narrando

Tenho vivido os dias mais lindos da minha vida. Nunca pensei ser tão feliz assim.
Já se passaram dois meses que Mahelí está comigo na Espanha, sua barriga já está crescendo. Ela está no terceiro mês de gestação.

Ela ainda não teve forças para entrar na casa que De La Cruz deixou para ela. Eu sei bem como que é, evito ir lá também. Pago uma pessoa pra limpar, só voltei lá três vezes durante três anos.

Hoje recebi uma ligação suspeita. A pessoa do outro lado da linha só perguntou se falava com Alix Chevalier.
Como não respondi, desligaram. A voz era de uma mulher.
Contei para Mahelí, ela ficou pensativa.

Mais tarde me ligaram novamente, enquanto eu estava no celular um segurança veio me  informar que tinha uma mulher em frente a minha casa e queria me ver.
Pedi para Mahelí ir para o quarto e me esperar lá, não sabia do que se tratava.
Ela foi e eu dei permissão para o segurança trazer a tal mulher. Olhei pelas câmeras, tinha um carro parado, parecia ter alguém dentro. Esperei no escritório.

- Boa noite, em que posso ajudar a senhora? - A mulher aparentava ter a minha idade. Mas sei semblante estava abatido.

- Boa noite, senhor Alix. É senhor mesmo, não é? - Ela começou a chorar. Tinha um porta retrato em cima da minha mesa, com uma foto minha com De La Cruz. Ela parou e ficou olhando a foto. As lágrimas escorreram ainda mais em seu rosto.

- Quer um copo d'água? - Pedi ao segurança para buscar.

- Eu vim pedir perdão, eu não sabia que ele estava doente. - A mulher soluçava em meio ao choro. - Queria ter mostrado  uma coisa a ele, mas fui impedida por meus pais. Eles me tiraram do país, só consegui voltar porque os perdi recentemente. Ainda estou de luto pela morte deles, agora estou de luto por De La Cruz. - Ela se entregou ao choro.

- A senhora o conhecia? - Perguntei intrigado.

- Ele é o amor da minha vida, nunca consegui deixar de ama-lo.

- Carmem? É você? - Perguntei assustado. De La Cruz teve uma namorada por quem era louco, ele tinha dezoito anos na época. Ela chegou a engravidar dele, mas falou que abortou, anos depois ela recebeu a notícia que ela se casara novamente. Por isso ele nunca quis casar e ter família.

- Sim, sou eu. - Ela secou as lágrimas e olhou para mim. - Me perdoe senhor Alix, eu queria ter vindo. Queria ter mantido contato. Tive que contar tantas mentiras para poupar a vida de De La Cruz, acabou que não consegui salva-lo. - Ela caiu em lágrimas novamente. O segurança deu o copo de água para ela.

- Mentiras? Como assim? - A olhava com dor no peito, aquele choro era de dor.

- Eu não me casei novamente, foi tudo uma mentira do meu pai. Ele descobriu que Alejandro era mafioso, falou que se eu insistisse no nosso relacionamento ele o mataria. Ele chegou a ver pessoas para arrumar uma emboscada. Quando descobri a gravidez entrei em pânico, com certeza De La Cruz não me deixaria. Ele ia arrumar uma guerra por causa de mim e do bebê. Com o coração sangrando tive que machuca-lo com mentiras. - Ela limpou os olhos e respirou fundo. - O senhor pode pedir um dos seguranças para chamar alguém que está no carro?

- Claro que sim. - O segurança foi buscar a tal pessoa.

- Eu projetei em minha mente, tantas e tantas vezes a família feliz. Agora não vou poder viver isso. - Ela abaixou a cabeça e chorou. Eu conheço o que são lágrimas de dor. Eu a olhava com pesar.

- Com licença senhor Alix. - O segurança bateu na porta, ao lado dele tinha um menino. Levei um susto quando o vi, meu coração acelerou e eu me levantei indo em direção a ele.

Puxei o menino para um abraço e me permiti chorar. Ele era idêntico a De La Cruz, parecia que estava vendo o meu amigo.
Mahelí escutou o choro e veio em nossa direção.

- O que houve Alix? - Ela estava preocupada.

- Vem aqui meu amor, olha isso. - Estendi a mão para ela segurar, enquanto estava abraçado com o menino. Ela caminhou em nossa direção. Soltei o menino e Mahelí o olhou.

- Meu Deus! - Ela colocou as mãos na boca. - Ele é o filho de De La Cruz? Mahelí o abraçou e se permitiu chorar. A mulher nos observava em silêncio, com lágrimas nos olhos.

- Sim, é sim. - O menino devia ter uns doze anos.

- Carmen? - Mahelí caminhou em direção a mulher.

- Sim, sou eu. - Você me conhece?

- De La Cruz falou sobre você. Sou Mahelí. - Ela estendeu a mão para ela apertar.

- Então consegui te achar? - Ela abraçou Mahelí. - Obrigada meu Deus. - A mulher chorava mais ainda.

- Tenta se acalmar, está bem? - Mahelí tentou tranquiliza-la. - Você estava me procurando?

- Sim, soube que ele foi casado com você. Queria te pedir um grande favor, eu meio que estou implorando. - Ela estava em lágrimas.

- Nosso casamento foi algo combinado, só para ele não deixar seus bens se perderem. Mas se a senhora quiser, podemos transferir tudo para seu filho.

- Não, não precisa. Temos uma condição financeira muito boa. Ouvi dizer que a senhora tem o coração muito generoso. Como mãe, você vai me entender. - Ela falou com dificuldade. - Queria pedir para vocês cuidarem de Igor, quando eu me for.

- Como assim? - Perguntei. Levamos um choque ao ouvi-la dizer aquilo.

- O médico me deu seis meses, estou no meu último mês de vida, não queria que Igor ficasse sozinho. Eu não tenho mais ninguém. - Ela chorou.

- Como assim?  O que você tem? - Mahelí estava visivelmente emocionada. Podemos ver se conseguimos te tratar.

- Eu já tentei em todos os lugares, me indicaram um hospital na Califórnia, eles são especialistas nesse tipo de doença. Tem até o nome dele, De La Cruz. - Mahelí sorriu.

- Foi uma homenagem minha para ele. - Ela limpou as lágrimas.

- A senhora que é a dona de lá? - Carmen estava incrédula.

- Sim, sou eu. Já que somos especialistas, vou cuidar de você aqui. Prometo que vou dar o meu melhor. - Mahelí abraçou Carmen. Eu só sabia chorar, agarrado em Igor.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora