Capítulo 51

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Alix narrando

Fiquei agarrado em Mahelí, esperando a angústia passar. Eu precisava disso, de senti-la em meus braços.
Como eu queria matar Lena, aquela desalmada estava apoiando tráfico de crianças e mulheres. Seu pai deveria ser expulso do conselho por causa da filha.

Após algumas horas, Igor bateu na porta.

- Pode entrar meu filho. - Falei.

- Com licença. - Ele entrou e ficou parado, próximo a porta.

- Vem aqui meu amor. - Mahelí chamou. Ele caminhou até a cama. - Deite aqui conosco. - Ele deitou no meio, de frente para Mahelí. Ela o abraçou e eu também.

- Desculpe não ter conseguido proteger a senhora. Eu vou treinar mais, vou me tornar o melhor que puder. - As lágrimas escorriam em seu rosto.

- Antes de proteger alguém, promete para mim que você vai se proteger? Não quero que ponha sua vida em risco, você é meu filho. Seu pai e eu vamos sofrer se algo acontecer com você. Me promete que vai ser proteger em primeiro lugar?

- Prometo mamãe. - Ele enfiou o rosto em Mahelí.

- Amamos você Igor. Você é nosso orgulho, sabe disso? Você me defendeu com muita garra, sou grata a você. Fiquei feliz que eles não conseguiram te levar, ia ser terrível com você lá. Eles iam me torturar.

- Obrigada, Alix. Por ter chegado na hora para salvar nosso pequeno. Eu amo vocês. - Ficamos agarrados um no outro por alguns minutos, como é bom ter família.

- Mamãe, papai. Eu fiz comida, vocês querem?

- Você sabe cozinhar? - Perguntei.

- Sim, minha mãe Carmen me ensinou. Ela dizia que eu poderia precisar, caso ela partisse e não tivesse ninguém para cuidar de mim.

- Seu pai, De La Cruz, gostava de cozinhar. - Mahelí falou e parou um pouco, pensativa.

- Verdade, ele era a minha salvação. A comida dele era muito boa, vamos ver como a sua é. - Falei em um tom de voz brincalhão, para ver se Mahelí desfazia aquela cara de triste.

- A senhora quer que eu traga, mamãe?

- Claro que quero. Eu vou comer com vocês, tenho que andar um pouquinho. Em breve seus irmãos chegam, você vai me ajudar com eles, não vai?

- Vou sim. - Ele sorriu para ela.

- Quando o papai não estiver, você é o homem da casa. Não esqueça. - Ela falou para ele.

- Sim. Vou cuidar muito bem de vocês, assim como o papai cuida.

Sentamos na mesa de jantar, eu os servi. A cara da comida estava ótima.

- Igor, você está de parabéns.  - Ele estava observando com os olhinhos brilhando. Mahelí deu um beijo em sua mãozinha. - Seus irmãos também gostaram. - Os bebês se mexeram na barriga de Mahelí. - Põe a mão. - Ela pegou a mão dele e colocou em sua barriga.

- Que nervoso! - Ele sorriu ao sentir os bebês mexendo e se encolheu um pouco.

- Põe a mão, amor. - Ela puxou a minha mão e colocou perto da mão de Igor.

- Como eu sou feliz por ter vocês na minha vida. - Uma lágrima escorreu em meu rosto.

- Não chore papai. - Igor demonstrou preocupação.

- Essas lágrimas são de alegria, sou feliz por ter você, por ter a mamãe e seus irmãos.

- Eu amo vocês. - Ele falou um pouco tímido.

- Nós também amamos você. - Levantei e o abracei. Mahelí limpava as lágrimas. - Seu pai, De La Cruz, seria bem mais feliz se soubesse da sua existência. Como ele te desejou, ele sonhou em ter um filho.  Seu pedido foi concedido, você ainda veio a sua xerox. Tem as mesmas manias, os mesmos dons, o mesmo sorriso, o mesmo amor, a mesma força psicológica e determinação, o mesmo carinho, o mesmo instinto protetor. Sou grato por ter você em nossas vidas.

- Eu que agradeço por ter os senhores. Darei o melhor de mim, vou honra-los de todas as formas.

Após muito chorarmos e demonstrarmos amor,  comemos e fomos descansar. Fui para o escritório e deixei Mahelí no quarto, deitada com Igor. Resolvi alguns problemas e me perdi na hora, logo já era noite, abri a porta lentamente. Igor estava aninhado em Mahelí, dormia um sono profundo. Ela estava vendo televisão.

O peguei no colo e coloquei em seu quarto.
Fiquei parado por um tempo o observando, até o jeito que dormia era igual ao do pai.
Uma lágrima teimosa escorreu em meu rosto.

- Que saudade, meu amigo. Obrigado por esse lindo presente. - Passei a mão no rosto de Igor. - Ele tem tanto de você, principalmente no instinto protetor. Tomara que meus filhos não puxem minha teimosia e conclusões precipitadas. Obrigado irmão, por ter sido uma pessoa ímpar. Agora seu filho está dando continuidade ao seu legado. - Dei um beijo na testa de Igor, o cobri e virei para sair do quarto.

- Boa noite papai, te amo. - Ele falou antes de eu sair do quarto.

- Também te amo, meu filho. - Fique parado o observando por um momento.

- O que foi? - Mahelí perguntou assim que entrei no quarto. Eu estava rindo e chorando ao mesmo tempo.

- Igor é o clone de De La Cruz. Como pode parecer tanto? Suas atitudes são idênticas a dele. Parece que estou vendo meu amigo na infância novamente. - Sorri. - Tão amoroso, prestativo. Que saudades eu sinto do meu amigo. Vou tomar um banho e já volto para grudar em você. - Dei um selinho nela e fui para o banheiro.

Fiquei ali agradecendo por ter Igor em minha vida, chorei ao pensar que meu amigo seria bem mais feliz se descobrisse que tinha um filho.
Era o sonho dele.
Pelo menos vou poder retribuir todo o bem que ele já fez por mim e por Mahelí.
Vou cuidar de Igor como De La Cruz cuidaria.

- Meu amor. - Mahelí me chamou. - Sai do banheiro secando o cabelo na toalha.

- Oi, minha rainha. - Caminhei até ela.

- Estou começando a sentir umas dores. - Ela sorriu. Ouvir aquilo fez meu coração disparar.

- O que você quer que eu faça? Quer que eu ligue para o médico? Quer que eu chame a ambulância? - Eu falava agitado.

- Calma, eu quero que você deite aqui comigo. Vem colocar a mão na minha barriga, está ficando dura. - Ela sorriu do meu nervosismo.

- Será que a bolsa vai estourar? Mahelí, eu estou nervoso. - Realmente eu estava mesmo.

- Calma. Vem aqui. - Deitei do seu lado, Realmente a barriga dela estava ficando dura, os bebês estavam mexendo muito.

- Mahelí, será que eles estão bem? Estão mexendo muito. - Meus olhos estavam rasos de lágrimas.

- Está tudo bem, tá? É assim mesmo.

- Ainda bem que você é médica, imagine dois inexperientes? - Sorri nervoso e passei a mão no cabelo.

- Se as dores aumentar, vamos para o hospital. Por enquanto eu só preciso descansar na minha cama, com o meu lindo marido. - Ela passou a mão em meu rosto. Dei um selinho nela e nos aninhamos.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora