Fake Love - Triologia 1°

Capítulo 56

Mahelí narrando

Liguei desesperadamente para Alix, mas ele não atendia o celular. Desci e fui até ao carro dele, que estava no estacionamento. O celular estava lá dentro, eu me tremia toda.

Um medo tomou conta de mim, pedi a um segurança, que trabalha para ele, para rastrear o carro que Alix estava.
Ele olhou no GPS e viu que o carro estava chegando no destino em dois minutos. Pedi para ele ligar para alguém que estava com Alix, ele ligou mas a pessoa também não atendeu.
Insistimos, até o segurança que estava com Alix, atendeu.

- Alô. Só um minuto. Aqui senhora Mahelí. - O segurança me deu o celular.

- Oi, aqui é Mahelí. O Alix ainda está com você?

- Não, senhora. Ele já entrou na sala. Não podemos entrar com ele.

- Avisa a ele que mataram Lena, para ele ter cuidado. Por favor, faz isso por mim? Fala para ele me ligar assim que possível. Eu estou muito nervosa.

- Está bem, aviso sim.

Ele desligou e eu fiquei ali, andando de um lado para o outro.

Alix narrando

Sai apressado do hospital, se bem conheço Mahelí, ela viria atrás de mim.
Entrei no carro que os seguranças usam, fomos em direção ao pai de Lena.

Conheço bem o tipo de pessoa que ele é, se importa muito com sua imagem. Eu iria exigir uma punição para Lena.
Não tive contato com ele, desde antes do dia em que eu me casaria com ela.
Procurei o celular no meu terno, para avisar Mahelí que estava tudo bem e para saber como ela estava. Não encontrei, talvez tenha ficado no meu carro.

Cheguei em frente ao escritório de Fernão e desci. Os seguranças não puderam entrar comigo.
A secretária avisou que eu estava lá, ele pediu para eu entrar.

Caminhei até sua sala e abri um pouco a porta.
Ele estava em pé, fumando um charuto e olhando pela janela, com um copo de uísque na mão.

- Senhor Fernão, com licença. - Acabei de abrir a porta e entrei.

- Olá, Alix. Sente-se. - Ele me cumprimentou e permaneceu imóvel, nem sequer olhou para trás. - Já imagino o que te trás aqui, os boatos correm rápido.

- Imagino que o senhor saiba. - Falei ao me sentar.

- Pode ficar tranquilo que já resolvi. Vou sair do país essa noite. Não volto nem tão cedo. - Sua voz era fria.

- Lena queria sequestrar meus filhos e matar minha esposa. Ela está envolvida com tráfico de pessoas. Só vim avisar ao senhor, se ela permanecer mexendo com minha família eu vou tomar providências.

- Ela não vai mais mexer com ninguém, já dei o fim que ela merecia.

- O quê? Como assim? - Perguntei confuso.

- Lena está morta. - Ao falar ele se virou e olhou para mim. Levantou um pouco o canto do lábio superior, com um sorriso.

- O quê? - Meus olhos se arregalaram.

- Mandei um sniper tirar a vida dela. Foi bem mais fácil do que planejei. Ela ia matar sua esposa. Sabe disso? Se ele não reagisse rápido, seria você que estaria de luto agora.

- O quê? - Minha cabeça latejou ao ouvir isso.

- Como ela foi alvejada, não daria para saber que foi ao meu comando. Mas eu vou assumir a culpa.

- Mas... Senhor Fernão, eu sinto muito por isso ter acabado assim.

- Não sinta. Ela já te fez muito mal, agora a conta chegou. Primeiro a minha imagem, depois vem família. Você acha que eu não seria punido por causa dela? Lena era uma doente, obcecada, não ouvia conselhos. Falei tantas e tantas vezes com ela, mas não adiantou. Tinha tudo para ser feliz, mas sempre escolheu o caminho errado.

- Meus sentimentos. - Abaixei os olhos.

- Não precisa ficar triste e nem se sentir mal. Eu estou em paz. Ela iria acabar fazendo uma besteira grande. Ia morrer de um jeito ou de outro, só evitei mais conflitos e guerras. Vai em paz e peça desculpas para sua esposa.

- Está bem. Obrigado. Se cuida. - Me levantei e ele se virou para a janela novamente.

Sai e fiquei ali pensando, como um pai poderia fazer isso?
Sua posição social fala mais alto do que a família?

Sai e fui informado que Mahelí tinha me ligado, peguei o celular do segurança e entrei em contato com ela.

- Alix, é você? - Ela atendeu.

- Sim meu amor, sou eu.

- Graças a Deus. Você está bem?

- Estou minha rainha, estou voltando. Como você está? Soube que Lena tentou atirar em você.

- Sim, só estou um pouco abalada psicologicamente. Lena foi morta, você sabe disso? O pai dela já sabe?

- Eu sei. O pai dela também sabe, ele que me informou. Foi a mando dele.

- O quê? Como pode um pai fazer isso?

- Até eu que sou do ramo, não entendo tanta frieza. Daqui há pouco eu chego.

Desliguei o celular e entrei no carro, não estava tão longe do hospital. Eu ainda não estava acreditando no que tinha ouvido, ao mesmo tempo que fiquei aliviado, pois nosso problema tinha sido resolvido. Por outro lado, fiquei pensando como um pai poderia ser tão frio assim?
Será que eu era desse tipo? Lembrei do dia em que apontei a arma para Mahelí, quando descobri sua primeira gravidez, quando achei que ela tinha me traído.
Lembrei de quando apontei a arma para meu amigo, De La Cruz, após ele casar com Mahelí. Achei que ele tinha me traído, estava disposto a mata-lo. Se não fosse por Mahelí, que contou sobre a doença dele, eu teria o matado.

Estava olhando para fora, enquanto o carro se movia. Estava envolto nos meus pensamentos, será que eu seria um pai tão seco assim?
Graças a Deus que fiz as terapias e hoje sou um novo homem.

O carro parou em frente ao hospital e eu desci.
Caminhei até o elevador e desci no andar que Mahelí estava com as crianças. Ela estava no corredor, andando de um lado para o outro, parecia ansiosa.

- Alix. - Ela correu em minha direção quando me viu. Se agarrou em meu pescoço e se permitiu chorar.

- Está tudo bem agora. Está tudo bem. - Passei a mão em seus cabelos, ela estava agarrada em mim.  - Desculpe por ter errado tanto com você no passado. - Meu coração estava acelerado.

- Por que está lembrando disso agora? - Ela ainda estava abraçada em mim.

- Hoje eu pude ver o que é uma pessoa que só se importar com ela mesmo. Por mais que ame alguém, não medirá esforços para ficar sempre em primeiro lugar. Me vi em Fernão, uma pessoa que não consegue demonstrar sentimentos. Por mais que o mundo dele esteja desabando agora, ele vai manter a postura e vai chorar por dentro. Eu era assim... Me perdoe Mahelí.