Alix narrando
O café da manhã estava perfeito. O bolo de milho que ela fez estava maravilhoso, bolo de milho é um dos meus preferidos.
Ela me observava discretamente, enquanto eu me alimentava.- Não vai comer ? Vai ficar só me olhando? - Seu rosto corou.
- Desculpe. - Ela olhou para baixo.
- Não precisa pedir desculpas. Só não fique sem se alimentar.
- Está bem. - Ela se alimentou e tirou a mesa, após terminarmos. Lavei a louça para ajudar.
- O que você quer fazer hoje? - Perguntei.
- Como assim? - Ela franzia as sobrancelhas.
- Já adiantei o serviço de hoje, considere que estou de folga. Como você me ajudou, tem uma bonificação. Pode me pedir qualquer coisa, quem não seja sua devolução. - Não sou de sorrir, se fosse esse seria o momento do sorriso.
- Qualquer coisa mesmo? - Seus olhos estavam brilhando.
- Qualquer coisa. - Fiquei esperando o que ela pediria.
- Não sei se você vai aceitar meu pedido. - Seus olhos ficaram tristes.
- Por que ficou triste de uma hora para a outra? - Levantei seu queixo com o dedo.
- O que eu queria mesmo, era saber como minha mãe está. - Uma lágrima escorreu em seu rosto.
- Pois bem, vamos lá na sua casa. Mas você não poderá ter contato com eles. Vai conseguir se controlar?
- Você faria isso por mim? - Ela arregalou os olhos e olhou para mim.
- Aproveite que estou bonzinho, não costumo ser assim. Depois do almoço iremos. - Eu não costumava ser assim mesmo. Não sou de agradar ninguém.
Almoçamos e entramos no meu Bentley Continental GT Red. Fazia tempo que não o usava. Dessa marca tenho quatro: Orange, Red, White e Black. Meu preferido é o Orange.
Dirigi até a antiga casa de Mahelí, a tarde estava se findando, já era quase noite. Ficamos parados dentro do carro, ela observava a casa com os olhos rasos de lágrimas.
Um homem veio andando na calçada de mãos dadas com uma mulher, eles trocavam carícias.
Os dois estavam muito felizes e apaixonados.
Mahelí começou a chorar desesperadamente. Olhei para ela, antes de eu falar, foi logo dizendo:- Esse é meu pai. - Ela secou as lágrimas com as mãos. - Ele parece está bem feliz com uma nova pessoa.
- Essa não é sua mãe? - Perguntei olhando os dois do outro lado da rua.
- Não, não é ela. - Ela ficou sem falar por um momento. - Ela deve ter partido, estava muito debilitada. O que mais me dói é que nem consegui me despedir. - As lágrimas escorriam em seus rosto.
- Vou lá descobri o que aconteceu. Só um minuto. - Tirei o cinto de segurança e abri a porta. Mahelí segurou minha mão.
- Não precisa. - Ela segurava minha mão com suas duas mãos. - Não precisa se expor por minha causa.
- Está tudo bem, ok? Não demoro. - Ela soltou minha mão e eu sai do carro. Caminhei até o casal e os saldei com uma boa tarde, era finalzinho da tarde, eles responderam risonhos. Perguntei sobre a senhora da casa, falei que era amigo de faculdade de Mahelí, que queira visita-la.
O senhor se passou por um estranho, falou que a mãe de Mahelí havia falecido e que Mahelí tinha ido embora da cidade. Ouvir aquilo fez meu coração doer, o cara era um mal caráter. Perguntei sobre o cemitério que a senhora foi enterrada, ele me informou e eu anotei no celular. Agradeci e voltei para o carro.
- E aí? Ele falou como ela está? Ela realmente se foi ou só está traindo minha mãe? - Ela estava ansiosa para saber da mãe. Senti um aperto no peito, pela primeira vez na vida, geralmente eu não tenho problemas para avisar da morte de alguém. Engoli seco e olhei para ela, acho que meu olhar denunciou tudo.
- Mahelí... - Ela nem esperou eu acabar de falar.
- Me leva embora, por favor. - Ela olhou para frente e as lágrimas começaram a escorrer em seu rosto. Ela cerrou os punhos e começou a tremer um pouco. Fiquei alguns segundos a olhando. Liguei o carro e voltamos para casa. Ela chorou durante toda a viagem, com a cabeça encostada no vidro da porta do carro.
Ao chegar em casa ela desceu do carro, sem esperar eu abrir a porta. Correu em direção ao quarto, quando entrei na sala escutei o choro abafado.
Caminhei com muito pesar até o quarto e abri a porta lentamente.- Mahelí, posso entrar? - Ela não respondeu, apenas chorava com o travesseiro no rosto. - Eu sinto muito. - Sentei do lado dela e respirei fundo.
- Você pode acabar com tudo isso? Eu não estou suportando essa dor. Minha mãe morreu e meu já está se divertindo com outra, eu nem pude me despedir dela. Isso está doendo muito, Alix.
- O que você quer que eu faça? Como você quer que eu acabe com essa dor? - Eu já sabia a resposta.
- Deve ser fácil para você tirar a vida de alguém, pensa em uma pessoa que você odeia muito, talvez sua ex... Só me ajude a interromper esse ciclo. Eu não aguento mais. - Ela gritava ao mesmo tempo que chorava, eu conhecia bem aquele choro. Era um choro de dor, misturado com ódio.
- Eu não posso fazer isso. Me desculpe.
- Por que tudo isso está acontecendo comigo? - Ela levantou da cama e ficou de frente para mim. - Onde está?
- Onde está o quê? - Eu já sabia do que ela estava falando, mas me diz de bobo.
- Eu encerro aqui meu ciclo, daí você fala que não sabia de nada. - Minha pistola estava enfiada no cós da minha calça, nas costas. Levantei e fiquei de frente para ela.
- Para de ser covarde! Tem gente que está em situação pior que você. Não foi isso que você disse para mim? Que tem pessoas com doenças terminais lutando pela vida? Aquelas mulheres mesmo, que foram leiloadas com você, você acha que elas estão bem agora? - Ela se aproximou de mim e tentou enfiar as mãos para pegar a arma nas minhas costas. Segurei seus dois braços e a olhei nos olhos.
- Deixa eu acabar com isso, eu só quero parar de sofrer. - Seus olhos estavam vermelhos, eu os observava bem de perto.
- Você quer parar de sofrer? - Eu ainda carregava a dor da decepção, então eu entendi muito bem o que ela estava sentindo.
- Quero. - Seus olhos me imploraram.
- Prometo que vou dar o meu melhor. - Soltei seus braços e peguei a pistola que estava nas minhas costas. Joguei em cima da mesinha no canto da parede. Enfiei minha mão na cintura dela e a outra em sua nuca, rocei meu nariz em sua pele, minha respiração ali provocou arrepios nela.
- Não precisa fazer isso por pena. - O nariz dela estava encostado no meu e ela soluçava de tanto chorar.
- Você quer parar de sofrer, não é isso? Vou tentar te ajudar. Agora cala a boca e me beija.
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Fake Love - Triologia 1°
Roman d'amourApós um mafioso ser traído por sua noiva, ele passa a não acreditar que o amor pode existir. Ele se torna mais sombrio e solitário, achando que só existe amor falso. Para sua surpresa descobrirá o que é ser amado e o que é amor, ele verá como am...