Capítulo 43

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Mahelí narrando

Tenho falado com Alix todos os dias, ele faz chamada de vídeos para mim e eu mostro a barriga para ele conversar com nossas sementinhas.
Contei sobre Lucero, ela tem se recuperado bem.
Já se passaram 48 horas, hoje vou ver se dou alta para ela. Tenho a acompanhado esses dias, gosto de tratar bem meus pacientes.

Cheguei no hospital e ela estava acordada.

- Bom dia. Como a senhora está? - Fui até seu leito.

- Estou bem, graças a senhora. - Ela estendeu a mão para eu segurar.

- Só estou fazendo o meu trabalho. Fico feliz que a senhora esteja bem.

- Não sei como te agradecer. - Ela sorriu. Ainda estava com uma cânula de traqueostomia. Sua voz era bem fraca e baixa.

- Faz assim, quando tiver churrasco novamente a senhora me convida. Mas a senhora tem que mastigar a carne bem vagarosamente. - Sorri para ela.

- Eu não quero saber de carne nem tão cedo. - Ela sorriu. A carne quase a matou.

- É só mastigar direitinho que não haverá problemas. - Passei a mão em seu cabelo. - Já se passaram 48 horas da cirurgia. Como a senhora está bem, vou prepara-la para tirar a cânula, mais três dias e a senhora terá alta. Vou liberar a visita hoje, a senhora tem alguém que eu possa ligar?

- Meu filho é muito ocupado, provavelmente não conseguirá vir. Mas está tudo bem, eu fico sozinha. - Ela falou baixinho.

- Então eu ficarei com a senhora. Amanhã seria minha folga, eu fico aqui com a senhora.

- Não precisa minha filha, vai descansar. Muito obrigada.

- Eu queria poder ter cuidado da minha mãe e não pude. Eu a perdi e não pude nem me despedir. Quando vejo uma paciente assim como a senhora, que tem filho, eu penso em mim. O que eu posso fazer para ajudar e dar conforto, eu faço. Poderia ser minha mãe, como as pessoas a tratariam? Então não me peça para descansar, enquanto a senhora vai ficar aqui sozinha.

- Você é um anjo, sabe disso?

- Só amo o que faço. - Passei a mão em seus cabelos. - Fica bem, daqui a pouco eu volto. - Tinha que atender outros pacientes.

Estou cuidando de Lucero, o filho não veio nenhum dia visita-la. Por mais que seja uma pessoa ocupada, como não teve tempo de vir visitar a mãe. O segurança que fazia essa função, ficava o tempo que podia.
Fiquei todos esses dias com ela, passei minhas folgas aqui, enfiada no quarto com ela.

Estou indo para o segundo mês de gestação, daí os enjoos.
Ela reparou e perguntou se estou grávida. Respondi que sim.
Seus olhos brilharam, parecia que tinha uma vontade imensa de ser avó.
Preferi não entrar em detalhes.

Após uma semana que ela chegou no hospital, teve alta. O segurança a levou e agradeceu em nome do filho, ele parecia relatar tudo para o filho dela.

Após tudo se normalizar no hospital, comecei a arrumar minhas coisas para voltar para a Espanha.
Eu já não estava aguentando de saudades de Alix, por mais que falasse com ele três vezes ao dia, era pouco.
Queria sentir seu toque, seu cheiro, seu gosto.
Fazia mais de quinze dias que não o sentia, parecia que eram meses.

Arrumei tudo e fiz um jantar na casa de Celine. Me despedi deles e pedi para guardarem segredo.
Foi um tal de gente chorar, sou muito grata a todos que me acolheu.
Em breve voltarei para visita-los.
Deixei a namorada de Bryan ficar na minha casa, até porque é mais próxima do hospital e ela mora de aluguel.
Me despedi deles e voltei para casa, estava quase na hora de Alix ligar.
Deitei e fiquei esperando.

- Olá, minha rainha.

- Olá, meu reizinho.

- Tenho numa novidade, daqui há dois dias consigo viajar para aí. Vou comprar a passagem amanhã, não vejo a hora de te encontrar.

- Amor, eu também estou louca para te encontrar. A saudade dói. - Sorri para ele.

- Falta só um pouco. Infelizmente só poderei ficar três dias. Não sei se é pior ficar longe ou ficar perto por pouco tempo.

- Verdade, mas isso tudo logo passa. Vamos dar um jeito. Agora vai dormir, já está tarde para você. Falem, tchau papai. - Coloquei perto da barriga.

- Tchau, papai ama vocês. Te amo, Mahelí. Em breve estarei aí, agarradinho em você. Amanhã irei ficar em casa, tenho muitas coisas para resolver daqui, assim que eu arrumar um tempo, te ligarei. Qualquer coisa me ligue, atendo na hora.

- Está bem meu amor. Se cuide. Até amanhã.

- Até. - Ele mandou um beijo e desligou.

Deitei e dormi um pouco, acordei bem cedo e peguei as coisas. Fique parada, olhando a casa enquanto esperava o carro por aplicativo chegar.
Fui tão feliz aqui e ao mesmo tempo infeliz, o tempo que esperei Alix estar pronto para mim.
Sou grata pelas pessoas que conheci, pela profissão que escolhi.
Sou grata por toda riqueza que De La Cruz deixou para mim, só assim pude abrir o hospital.
Chorei de alegria e gratidão por ter suportado tantas coisas. Agora era hora de voltar para onde tudo começou, precisava curar meus traumas.
Passei a mão nas coisas e respirei fundo.

Levei as malas e enfiei no carro, logo estava no aeroporto, ainda estava escuro, estava começando a clarear o dia.
Entrei no avião, rumo a Espanha. Fique por onze horas viajando, vomitando e me alimentando.

Desci no aeroporto da Espanha e chamei um carro por aplicativo. Meu coração estava a mil, ver as estradas que passei sofrendo tanto.
Hoje estou tão madura, mais forte, mas ainda tenho tantas coisas para me curar.
O carro parou em frente a casa de Alix, meu coração disparou de uma forma que há muito tempo não disparava.
Liguei para ele.

- Oi meu amor. - Ele estava distraído mexendo no notebook.

- Você está em casa? - Perguntei

-Estou sim. - Ele parou de digitar para olhar para o celular. - Aconteceu alguma coisa? Está em um carro de aplicativo? O que aconteceu? - Ele levantou da cadeira e pegou o celular.

- Estou bem, só queria te abraçar agora. - Uma lágrima escorreu em meu rosto.

- Não faz isso, ouvir isso me causa dor. É o que eu mais queria agora. Te abraçar e te encher de beijos.

- Então vem, abre o portão. - Falei em meio as lágrimas.

- Mentira que você está aqui. - Ele saiu apressado com o celular na mão.



Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora