BRIANNA ABERNATHY dêem ⭐
DAAON SALVATORE
É um pau grande...
Pisquei quando meu pai fungou no volante e suspirei baixinho,
agradecendo aos céus por ter dito aquilo em pensamento.Meus dedos lançaram parte do manto escorrido de fios para trás e,
devagar, me permiti cruzar as pernas. A saia curta ao redor de minhas coxas
esticou, apertando a pele e me fazendo suar um pouco mais na nuca. Minha
tensão era palpável. Deixei a espuma do banco de trás engolir minhas costas
e fechei os olhos um momento, antes de puxar o celular para baixo e voltar a
salivar pelo nude na minha tela.
Dean Mizuno era um deus, e o Twitter, o seu templo.
- Deveria deixar o celular de lado por pelo menos cinco minutos ao
dia. - A voz grave do meu pai estilhaçou a minha concentração e, mesmo
sem querer, tremi com o celular entre os dedos. - Isso vai te dar mais alguns
dias enxergando, caso alcance os quarenta - concluiu, me mostrando uma
carranca entranhada à face.- Como se eu tivesse algo melhor para fazer. - Meu resmungo o fez
voltar a olhar nos meus olhos pelo espelho do carro, mas ele me deu apenas
silêncio.
Típico.
Mordi os lábios por dentro e deslizei o telefone pelo meio das pernas,
tentando fazer a boa ação, mas aquilo era um inferno móvel.
Meu estômago me fazia sentir pequenos nozinhos de enjoo, a estrada
parecia seca e sem vida, e o rifle velho que ele tinha como amuleto batia no
couro do carro toda vez que passávamos por buracos. Era uma tortura para
qualquer ser que se desse o castigo de viajar com ele.
Agarrei meus fones, abri minha melhor playlist e aumentei o volume do
hino "Slow down" do Chase Atlantic, para me livrar daquela tortura
monótona enquanto meu pai mantinha uma postura rígida e imponente na
direção, fazendo com que arrogância e prepotência emanassem de sua pele.
E não demorou para que me olhasse feio pelo espelho, de novo, e eu
soubesse que meus earphones estavam incomodando o mediador da lei.
Inferno.
Silêncio.
Ele não precisava dizer nada. Seus olhos, frios como aço, transmitiam a
mesma mensagem de desaprovação de sempre. Seu rosto sério e autoritário
contrastava com o lugar frio, bucólico e acinzentado, e ele segurava firme o
volante, com uma atenção desumana aos quatro cantos do lugar, tentando
impor ordem em tudo sem ao menos abrir a boca.
Magnus Abernathy conseguia essa façanha tão fácil que parecia
inacreditável, e eu já deveria ter me conformado com o fato de que, depois
que minha mãe foi embora, eu tinha a rigidez como uma madrasta.
Abaixei um pouco o volume e cruzei os braços quando o vi voltar a
focar na estrada, satisfeito. Como se o simples ato de dirigir fosse uma
missão de vida ou morte e, se eu respirasse, estaria o atrapalhando na entrada
de seu novo grande concerto.
Daquela vez, o cenário começava a ser desenhado aos poucos, com
muitas luzes distantes e o mesmo cheiro de drogas, que apodrecia os becos
sujos das zonas. Eu já podia ouv-lo dizer que estava "pisando em mais um
terreno hostil para prender os porcos em seus lugares".
- Olá, Brooklyn. - Suspirei a frase, encarando o sumiço da
vegetação pela janela.
Ficaríamos em Manhattan naquele primeiro momento, mas ele decidiu dar uma olhada no seu novo campo de trabalho, antes de irmos para casa de
uma vez.
Como se um dia inteiro de viagem fosse pouco. Como se a terceira
mudança no ano fosse irrelevante...
Mal tive tempo para continuar reclamando e senti que os pneus
passavam por cima de pequenas pedrinhas até parar.
Meu pai, como sempre, não deu uma palavra, rosto endurecendo de
raiva. Ouvi o desafivelar do cinto de segurança junto ao estalar de sua língua
e assisti a ele descer do veículo, com passos firmes.
Me esquivei para frente e tirei os fones do ouvido. O pneu não furou,
eu não sentia cheiro de gasolina vazando, nada errado.
Pelo menos não até que eu avistasse um cara deitado no chão. Imóvel.
No meio da rua, bloqueando a nossa passagem.
Parece que alguém está tentando ser o Damon Salvatore no Brooklyn.
Era uma cena bizarra para qualquer um que não tivesse assistido à série
de vampiros. É... para quem a viu também, mas meu humor ácido se
apoderou de mim e um sorriso brincou em meus lábios.
Desembarquei do carro, curiosa, para ver de perto o quão patéticos
eram os jovens dali. Aquela era, com certeza, a forma mais broxante de zoar
com a cara dos turistas. Mas escolheram atazanar o "turista" errado.
- Fique no carro, Brianna - ele falou, passando os dedos pelo cabo
de sua arma perto da cintura. - Eu vou cuidar disso. - Abaixei um pouco
para que ele tivesse a sensação de que o obedeci, e continuei o observando
andar devagar até lá e empurrar a perna do cara com a ponta do pé. - É
melhor se levantar se não quiser ter reais motivos para estar impossibilitado
de o fazer - disse, mas não teve resposta.
Os ventos silvavam por nós.
O silêncio maldito estacionou e permaneceu, enquanto os fios de cabelo
do maluco no chão balançavam no escuro, beirando à pura escuridão,
envolvendo o rosto, do qual quase não via nada, mas que parecia ser puro
pecado.
Isso é patético.
Meu pai perderia a paciência mais cedo do que ele pensava.
- Tudo bem, pai, damos a volta. - Levantei um tom sugestivo meio
duvidoso e ele olhou para mim por baixo dos cílios grossos. Era uma ameaça
e eu deveria calar a boca. - Então passa por cima do cara. - Me virei e
comecei a entrar no carro de novo.Ele enquadraria o filho da mãe e me levaria junto por tentar opinar.
Mas foi bem nessa hora, com os dedos colados no metal gélido do carro
e sentindo o sopro branco que saía dos meus pulmões ao ar frio do inverno,
que ouvi pneus derraparem pelo lugar.
Minha acusticofobia diante do aumento constante do barulho dos
motores começou a dar sinal de vida: subindo, enquanto minha pressão
arterial declinava.
Eu estava entrando em pânico e tudo só piorou quando os vi. Eram três
carros. Eles aceleraram até parar ao nosso redor, e mais caras surgiram em
um piscar de olhos.
Todos mascarados, com roupas escuras e...
- Armados, pai! Estão armados!
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AO CAIR DA NOITE
ФанфикLivro 1 O homem mais poderoso dos EUA te ofereceu um emprego como babá. Ele precisa de ajuda para cuidar de sua doce filha, que acabou de perder a mãe. Só tem um problema. Ele nunca está em casa. Você o encontrou só algumas vezes - e há meses isso n...