𝟬𝟱𝟬 | ᴡʜᴇɴ ᴛʜᴇ ɢᴏᴏᴅ ʙᴏʏꜱ ʟᴏꜱᴛ

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CAPÍTULO 50
QUANDO OS BONS GAROTOS PERDERAM
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MÚSICA TEMA:
EVERYBODY KNOWS — Sigrid

A GUERRA HAVIA acabado, e os heróis perderam. E agora, o mundo sabia que a luta fora desonesta, que o navio havia afundando. Todo humano na terra tinha essa mesma sensação ruim, da morte os guiando pelos ombros para uma viagem só de ida. O mundo estava em choque, o universo em colapso, e os heróis derrotados. Um véu lamurioso cobrindo um planeta enlutado, desesperado.

Anelise encarava seu próprio rosto no espelho do banheiro de seu quarto, no que um dia foi o complexo dos Vingadores, no que um dia fora um lar. Estava quieto, tudo parecia estar assim ultimamente, com os corredores vazios e as salas escuras. A mulher, acariciou com cautela as faixas ao redor de seu abdômen, quase sentindo a cicatriz debaixo do tecido. Um calafrio cruel percorreu sua espinha dorsal, a lembrança voltando mais vívida que nunca em sua mente, a dor de ser perfurada de fora a fora.

Abaixou sua blusa de frio, cobrindo o curativo. Seus olhos verdes estavam frios, perderam o crepitar louco de vivacidade. Estava de luto, como todo mundo. Sua mão firme agarrou a tesoura na bancada marmorizada da pia, sentindo o gelado do aço contra sua pele quente. Viu seu reflexo nas lâminas da ferramenta, seu rosto irregular nas dobras do objeto.

Respirou fundo, sentindo seus cabelos castanhos saudáveis balançarem na altura de sua cintura. Parecia mais pesado, como correntes a prendendo pelo pescoço a puxando pra baixo. Devagar, Anelise agarrou um maço inteiro dos seus longos fios, e com a tesoura, cortou seus cabelos.

O barulho da lâmina repicando as madeixas parecia mais alto, ecoando nas paredes e voltando para ela a medida que seguia em linha reta num corte simples. Soltou o ar que não sabia que estava prendendo quando terminou, encarando o resultado no espelho. Um novo corte, pouco acima de seus ombros.

Ajeitou um pouco as pontas para acertar qualquer irregularidade e deixou a tesoura onde havia encontrado, fechando os olhos ao apoiar-se na pia, como se contivesse a urgência de chorar. Um leve rangido na porta indicou que alguém havia entrado no recinto, mas Anelise não ergueu seu olhar. Steve a encarou de braços cruzados e um vinco preocupado entre as sobrancelhas, enquanto apoiado na soleira da porta.

O homem parecia tão abatido quanto a esposa, mas juntos pareciam segurar as pontas, até agora. Seu rosto não possuía mais a barba que havia deixado crescer, e pensou até que um peso poderia ser tirado de suas costas com aquilo. Não funcionou, e sabia que com Anelise não funcionaria também.

Uma vez, a Peggy me disse que cabelo guarda memórias, e por isso ela mantinha o dela curto. Anelise começou, virando o rosto para Steve mas não o olhando nos olhos. Eu ri, pensei que era só por causa do trabalho, da praticidade. Pensei que talvez assim ficasse mais... fácil. A voz da Erskine-Rogers quebrou, e lágrimas quentes rolaram por suas bochechas num choro mudo, envergonhado.

Sem dizer uma só palavra, Steve se aproximou, alcançando o rosto de sua esposa e suavemente a trazendo para olhá-lo nos olhos, como uma garantia silenciosa de que estava tudo bem chorar.

Está linda. Sua voz era baixa, grave. E não precisa carregar esse peso sozinha. Não vai fazer isso enquanto eu estiver aqui. O sol nasceu, e estamos aqui. Steve precisou enrijecer seu corpo inteiro para não derramar lágrimas também, apesar de que sua voz o estava delatando.

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⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

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ANGEL OF WAR ── STEVE ROGERSOnde histórias criam vida. Descubra agora