Jogo Perverso

Capítulo 59 - Ataque da Rainha Rebelde

O som do metal atingido o chão cortou o ar, a arma caiu da mão de Dante ao ouvir aquelas palavras insensatas, que tipo de disparate Ian estava inventando agora? Tudo que saía de sua boca era mentira e mais mentiras.

— O que?! Do que você tá falando garoto? — rosnou Dante entre dentes, a sua raiva estava no limite, ele nunca foi um homem muito emotivo, muito pelo contrário, ele costumava ser bastante racional, mas desde que sua Rainha lhe abandonou o mafioso se encontrava à flor da pele, quase explodindo com tantas emoções aflorando.

— A Ivy nunca foi embora, eu sou a Ivy, ela nunca existiu, sempre fui eu! Eu sou a Ivy e a Ivy sou eu! — gritou Ian enquanto as lágrimas cortavam seu rosto, tão desesperadas para fugir quanto o jovem que as vertia. Toda a sua sanidade já havia evaporado e mesmo com a sua comunicação meio desconexa ele tinha certeza de que era hora de terminar com toda aquela farsa.

— Você? — Dante segurou o rosto de Ian e olhou naqueles olhos perturbados, recheados de sofrimento — Você pode ser parecido com ela, mas eu não acredito que uma coisinha insignificante como você...

— Por que você não acredita em mim, querido? — Ian interrompeu Dante, mudando o seu timbre, deixando sua voz mais suave e aveludada como quando ele falava quando fingia ser Ivy. Envolto pela loucura ele sorriu exibindo os dentes.

A expressão de Dante mudou no mesmo momento, soltou o rosto de Ian enquanto a compreensão foi lhe invadindo aos poucos tomando o lugar da fúria, ele nunca tinha se enganado tanto na vida, passou meses atrás de uma mulher que não existia, casou-se com ela e acreditou que Ivy seria a sua Rainha, até deu uma parte do Inferno para a sua esposa, como ele pôde ser tão cego? Ele queria refutar aquela verdade, porém quanto mais ele pensava no assunto, mais ela parecia clara e evidente, como ele nunca percebeu nada? Como ele nunca desconfiou de nada?

Era Ian o tempo todo, sondando pelos cantos, ouvindo cada segredo, enquanto se mantinha sempre por perto calado e fingindo ser um coelho assustado, quando na verdade ele era um escorpião aguardando para injetar o seu veneno.

Venenoso como era, tentou matá-lo duas vezes, primeiro com a pimenta, depois com o tiro e isso só seria possível se ele tivesse cúmplices, alguém de dentro deve ter ajudado. Era impossível, até mesmo para a pessoa mais habilidosa fazer tudo isso sozinha. A presença de outro Ian durante o almoço na mansão e no casamento reforçavam a ideia de que ele teve ajuda para manter toda aquela farsa.

Dante envolveu seus dedos longos ao redor do pescoço de Ian, mas o seu sorriso debochado não cedeu, era possível ver que o jovem rapaz queria desafiá-lo, afinal ele não tinha nada a perder.

— Quem foi o seu cúmplice? — gritou Dante em meio a sua ira, uma veia dilatada pulsava em sua têmpora, seus olhos pareciam fora de órbita, a loucura transparecia com clareza dando a Ian ainda mais combustível para confrontá-lo. Um homem fora de si era manipulável.

— Eu paguei um ator, pra se passar por mim no casamento, eu nem sei o nome dele, foi uma contratação anônima, a única coisa que eu sei é que ele se parece comigo. — Ian mudou sua postura, se antes ele estava encolhido e amedrontado, agora ele estava ereto e ameaçador, mesmo tento seu pescoço apertado.

— Quem dos meus homens te ajudou? — Dante rangeu os dentes, só de pensar na traição seu corpo era tomado pela cólera. Quem quer que fosse iria pagar por todos os seus pecados.

— Ninguém, eu fiz tudo sozinho! — sussurrou Ian, como se quisesse que Dante se aproximasse mais para ouvi-lo e se abaixasse a ponto tê-lo aos seus pés. A verdade era que em seu frenesi o mafioso estava se deixando levar pelas provocações de Ian e enlouquecendo cada vez mais.

Apertando o maxilar com força, Dante segurou e engoliu um pouco da sua raiva, ele precisava de clareza para descobrir quem lhe traíra e acima de tudo não podia dar mais munição para o inimigo à sua frente.