Capítulo 34 - Peão envenenado

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— Como assim você não pode fazer nada? — perguntou Ian desesperado, seu corpo todo tremia e o suor frio começava a vazar profusamente do seu corpo.

Era cinco horas da manhã e Mike estava sentado em seu apartamento, com cara de poucos amigos, ele havia acordado Ian com batidas violentas na porta, assim que soube das exigências de seu chefe ele correu até ali em um desespero que não era comum a sua personalidade. O Príncipe do Inferno era calmo, frio e calculista, poucas coisas nessa vida costumavam lhe abalar, as atitudes irracionais de Dante era uma delas.

— Você prometeu me proteger, lembra? — questionou Ian quando não houve resposta a sua primeira pergunta. — Eu decidi levar esse relacionamento com Dante em banho Maria pra atender ao seu pedido e em troca você prometeu me proteger e na primeira dificuldade você me diz que não pode fazer nada?

— Você não ia poder fugir pra sempre, Dante iria te perseguir até conseguir o que quer, melhor fingir que está dando isso a ele, eu só não esperava que ele tivesse interesse em você também, digo no você de verdade. — Mike usava roupas casuais, diferentes das bonitas que usava na Boaquete, era apenas uma camiseta, um short e um par de tênis, parecia que havia acabado de sair da academia, aquele visual por algum motivo era uma distração para Ian que não conseguia pensar direito no momento, tomado pelo medo e pela beleza do homem sentado em sua sala.

— Que tal dizermos que eu tive que viajar a trabalho? — sugeriu Ian fechando os olhos e massageando as têmporas, tentando limpar sua mente dos pensamentos inadequados para o momento e da dor de cabeça iminente que estava começando a apontar.

— Que trabalho, garoto? A Luxúria agora faz algo fora da cidade? Você acha que o Rei do Inferno não sabe o suficiente sobre você? — rosnou Mike irritado — Eu te disse que ele está interessado em você também.

— E você fala como se fosse culpa minha. — choramingou Ian.

— E de quem mais seria? Fui eu que beijei ele daquela forma? Você não pode chupar a língua de um homem viciado em sexo daquele jeito e esperar que ele vá devagar depois disso! — Mike estava certo, Ian havia se entregado ao desejo momentâneo e colocado o plano todo em risco, ele não podia ter beijado Dante e se fosse realmente inevitável não deveria ter se entregue de forma tão intensa.

— Me desculpa, mas foi o calor do momento, ok? — Ian não sabia o motivo de Dante mexer com ele daquela forma, ele era tão irresistível, ele queria pensar de forma clara, mas aquele cheiro, aquele calor, aquele toque deixava a sua mente em branco.

Sua linha de pensamento foi interrompida com uma sensação similar, enquanto pensava no beijo arrebatador de Dante seus lábios foram tomados pelos de Mike e em um reflexo similar Ian apenas se entregou, porém não durou muito, no momento em que o jovem rapaz estava pronto para deixar o fogo dentro de si consumí-lo por inteiro e agarrar aquele homem gostoso a sua frente para não soltar tão cedo o beijo foi quebrado.

— Então você é só uma putinha que se entrega a qualquer um que avança em sua direção? — disse Mike limpando os lábios com as costas da mão — Acho que eu deveria ter deixado o filho do bispo te foder no banheiro da Boaquete.

De imediato as bochechas de Ian tornaram-se rubras, ele se sentia sujo, não entendia como poderia ter se entregado a dois homens assim tão fácil quando nem gay ele era. Também não podia colocar culpa na privação de sexo já que havia feito com Samanta no outro dia, tudo era muito confuso.

Dizer que foi pego de surpresa não lhe protegeria, a reação normal de uma pessoa em sua situação seria recuar. Como poderia se defender se nem ele sabia o que estava acontecendo?

— Você tem que se controlar, garoto — disse Mike apertando o rosto de Ian com força — Essa sua libido ainda vai te matar um dia.

— Anotado — disse Ian baixinho quando Mike soltou o seu rosto, ele estava realmente envergonhado e muito encrencado.

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