Jogo Perverso

Capítulo 18 - A torre

Ainda tremendo devido ao choque Ian saiu do quarto com as roupas enfiadas de qualquer jeito, o olhar de Dante era uma mistura de nojo e pena, se que é um homem como aquele podia sentir pena de alguém.

— Você está uma bagunça — disse Dante bufando levantando a mão em direção a Ian que recuou assustado — Aqueles desgraçados fizeram um belo estrago hein? — ele conteve o sorriso e manteve a cara séria tentando demonstrar a sua preocupação afinal ele precisava da confiança de Ian para que seu plano desse certo, porém, no fundo, tudo que o Rei do Inferno queria era sorrir e apreciar aquele animal acuado. — Eu vou cumprir a minha palavra e cobrirei a dívida da sua irmã e os manterei seguros.

— Obrigado — disse Ian baixinho, pois era tudo que conseguia verbalizar no momento, ele ainda sentia o cheiro do suor alheio queimando suas narinas, seu corpo doía nos locais em que foi atingido com socos e chutes, sua cabeça girava como um caleidoscópio misturando várias cores e tons sem nenhum tipo de lógica aparente, a sensação de perigo não havia ido embora e tudo que o Coelho assustado queria fazer era se enrolar nas cobertas daquele quarto sujo e sumir, mas ele jamais ousaria deixar o Rei do Inferno esperando, mesmo com medo e sem muita força no corpo ele se vestiu e saiu.

Não houve mais conversa no caminho até o carro, muito menos no caminho até o banheiro, para onde Ian foi direcionado para um banho, assim que chegaram à mansão e depois para o já conhecido escritório de Dante, aquele lugar onde Ian foi jogado no meio da noite para obrigá-lo a convencer Ivy a ir a um encontro com o Rei do Inferno e mais uma vez o pobre garoto não conseguiu prestar muita atenção ao seu redor, não sabia qual o caminho havia feito até ali nem absorveu muito do que tinha no tal escritório, ele estava ocupado demais suando frio enquanto estava preso em sua própria mente que repetia as vozes rudes, as sensações dos toques ásperos e a dor dos golpes que recebera.

Um copo com algo amarronzado apareceu a sua frente, parecia mel bem ralo e tinha um cheiro forte de álcool.

— Beba de um gole só — disse Dante estendo o copo para o rapaz — Conhaque é bom para diminuir o choque, vai te acalmar até que o médico chegue.

Mesmo querendo perguntar o que ele estava fazendo ali e qual o motivo de Dante ter chamado um médico para vê-lo, Ian apenas obedeceu, ele não tinha forças para negar a bebida nem questionar seu anfitrião, na verdade, ele só queria dormir por um bom tempo, fechar os olhos e viver em seus sonhos, recuperar toda a energia que gastou em todos esses anos trabalhando duro, naquele momento ele queria ser um urso para poder comer até não aguentar mais e depois hibernar por longos meses.

— Agora que você está mais calmo, me responda sua irmã está a salvo? — perguntou Dante com um tom indiferente.

— Irmã? — Perguntou Ian ainda confuso e quase esquecendo da mentira que ele contou sobre o seu parentesco com Ivy — Ah… Sim… Ela conseguiu sair sem que eles tocassem nela, ela é muito mais corajosa do que eu e mais forte também…

— E pluribus, unum, ou seja, dentre muitos, um, sua irmã de fato é uma pessoa especial — concordou Dante com um sorriso de canto de boca — Por isso ela será a minha Rainha.

— E se Ivy não aceitar ser sua Rainha? — Perguntou Ian temendo a resposta, contudo ele precisava saber o que o esperava.

— Não existe tal coisa. — Dante se inclinou sobre Ian, mostrando seu olhar feroz, seu hálito quente cheirava a uísque e tudo em seu ser era ameaçador — Você ainda não entendeu, não é? Se eu gosto de uma coisa, então essa coisa será minha. Isso vale também para as pessoas, eu gostei da sua querida irmã e ela não tem outra escolha a não ser se tornar a minha Rainha.

Ian engoliu seco e assentiu timidamente. Aquele sentimento de que não tinha para onde fugir já estava se tornando familiar para ele, mas seu corpo parecia não se acostumar, suas mãos continuavam a suar, leves tremores percorriam o seu corpo juntamente com alguns calafrios.