Capítulo 10 - Hole

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Após dormir uma noite de sono tranquila e ter um descanso adequado, Ian se arrumou tranquilamente para ir ao escritório, ignorando totalmente as ligações perdidas em seu celular. Tomou um café da manhã adequado, pegou um ônibus vazio e um trânsito tranquilo, afinal não havia engarrafamento a essa hora.

Pela primeira vez em anos ele havia dormido por mais de oito horas seguidas e parecia ótimo! Essa era a sua realidade de agora em diante, ele trabalharia à noite na boate e teria o dia inteiro livre, poderia acordar tarde, passear durante o dia, conhecer gente nova e se divertir um pouco, mas primeiro ele tinha que tirar o último estorvo de seu caminho, o seu emprego de merda.

Ao chegar no escritório, Ian foi recebido com olhares estranhos, as pessoas pareciam surpresas em vê-lo tão arrumado, com feições descansadas, postura ereta, até parecia outra pessoa.

— Resolveu finalmente aparecer ein?! — gritou uma mulher de estatura mediana vestindo um terno vermelho — Você não tem mais telefone?! Tudo bem se atrasar um dia ou outro, mas custa avisar?! E o que diabos você estava fazendo para chegar quase na hora do almoço?!

— Bom dia para você também, Verônica — respondeu Ian com um sorriso sarcástico não habitual. — Vejo que as coisas continuam muito ruins com o seu divórcio, por isso continua jogando toda essa merda na gente.

— É o quê?! — Se antes o rosto de Verônica já estava irritado, agora parecia que estava prestes a explodir. — Quem você pensa que é para falar assim comigo?!

— A pergunta certa é, quem você pensa que é para tratar todo mundo como lixo?! — retrucou Ian sentando-se em sua cabine e recolhendo as suas coisas — Sabe de uma coisa, Dona Verônica, você pode ser a proprietária dessa empresa, mas não é dona das pessoas que trabalham nela, esse seu papinho de "líder" que, na verdade, só quer nos sugar até a última gota é ridículo!

— Vai se foder, Ian! — rosnou Verônica já fora de si. — Trate de fechar essa sua maldita boca e compensar por todo esse atraso de hoje!

— Vai se foder você! — disse Ian batendo na mesa — Talvez uma boa foda melhore esse seu humor! Que se foda você, essa empresa e todos esses seus cachorrinhos que fazem tudo por você abanando os rabinhos mesmo sendo tão maltratados. Eu me demito!

Verônica deu uma risada alta e estridente.

— Você o quê? Tá comendo bosta? Acha que um merda como você pode se dar o luxo de se demitir assim? Você ainda tem que cumprir o aviso prévio, queridinho.

— Enfia o aviso prévio no cu, Verônica! Eu não fico aqui nem mais um dia — Ian se levantou e apontou para uma porta lateral — Estou indo no RH agora mesmo, nem preciso explicar nada, não é? Tenho certeza que eles já ouviram tudo.

— O setor jurídico entrará em contato em breve! — gritou Verônica.

Ian deu as costas e levantou a mão direita com dedo do meio à mostra e só baixou quando bateu a porta do RH.

O toque alto do despertador acordou Ian que olhava atordoado pro quarto ainda escuro, mas a satisfação do sonho bom que acabara de ter ainda fazia seu coração bater como louco, tudo parecia tão real, exceto pelo comportamento do rapaz, ele nunca seria capaz de dizer e fazer tais coisas, mas ao menos ele seria capaz de se demitir educadamente.

Enfrentando o ônibus lotado de sempre, sem nem conseguir tomar café direito antes de sair, Ian foi para o escritório e mesmo acordando antes do Sol nascer e pulando etapas ao se arrumar o trânsito foi implacável e devido ao engarrafamento ele chegou atrasado, novamente.

Por sorte o jovem rapaz conseguiu se esgueirar até a sua mesa enquanto todos trabalhavam diligentemente e ninguém viu Ian chegando, quase ninguém.

— Atrasado de novo, hein? — perguntou baixinho a moça que sentava na mesa ao lado de Ian.

Jogo PerversoOnde histórias criam vida. Descubra agora