Especial de Dia das Bruxas - Gosthface x Piranha de Shortinho
Esse capítulo se passa em algum tempo no futuro.
Ian
As luzes piscantes da TV eram a única fonte de iluminação no "apertamento" em que Ian morava. O kitnet era no térreo e tinha o mínimo de coisas possíveis. Além de Ian não ter muito dinheiro para mobiliar, ele também gostava de deixar um pouco de espaço para se dedicar aquilo que sempre amou. A música.
Era bom estar de volta em seu pequeno espaço pessoal, era menos sufocante do que o quarto imenso na mansão. Aquele local tinha sabor de liberdade e usou dela o quanto pôde. Era Dia das Bruxas, mas ele não queria sair, preferia se divertir em seu lar. Vestiu uma camisa branca folgada e um short vermelho, colocou os seus fones sem fio no ouvido, e selecionou uma playlist para dançar.
Mexeu os quadris, balançou a cabeça e soltou a voz acompanhando os clipes que passavam na televisão. Rebolar ao som de melodias agitadas lhe dava um prazer no qual já tinha quase esquecido. O coração acelerado parecendo querer acompanhar as batidas, a sensação de ter algo se agitando dentro de si, a vontade de se mover de acordo com o ritmo. Era tudo inebriante.
Bastou uma música para que estivesse sem fôlego. Depois de tanto tempo parado, seu corpo estava desacostumado aos exercícios. Não se daria por vencido tão fácil. Decidiu livrar-se da camisa e se refrescar com um copo de água gelada antes de recomeçar. A noite quente típica do início de primavera deixou o local abafado. Para piorar a sua situação, a janela estava emperrada e o ventilador parecia soprar o bafo do próprio diabo.
Apesar do calor e dos seus músculos começarem a reclamar cedo demais, Ian voltou a dançar. Sentindo o corpo esquentar a cada movimento, sentindo o suor escorrer no meio de suas costas, sentindo a adrenalina crescer dentro de si. Ian estava compenetrado demais e mesmo cansado não conseguia parar.
"Eu senti tanta falta disso."
No meio da quinta música sentiu um arrepio percorrer o seu corpo e eriçar os pelos da sua nuca. Parecia que alguém o observava. Sentindo o perigo iminente, tirou os fones e olhou para os lados assustado, escaneando cada canto, mas era impossível ter mais alguém com ele ali naquele espaço tão apertado.
— Deve ter sido apenas impressão minha — suspirou Ian — estou tão acostumado a ser vigiado na mansão que...
O seu celular tocou o interrompendo e fazendo o seu coração descompassar com o ruído estridente. Era um aparelho novo, então ainda não tinha trocado o toque de fábrica. Sentindo-se nervoso olhou o visor, sem saber se atendia ou não. O número podia ser de qualquer um, pois não tinha salvado nenhum contato. Era melhor ignorar.
Ian sentou-se na cama e prendeu a respiração até que a chamada parou, sentiu um breve alívio, que passou rapidamente ao ver uma sombra na janela. Ele correu e espiou o lado de fora. Nada. Respirou fundo tentando se acalmar e o toque infernal recomeçou. Suas mãos tremiam e suavam profusamente, tentou desligar a chamada, mas com o nervosismo acabou atendendo.
— Alô? — tentou soar natural e conter o nervosismo.
Do outro lado da linha era possível ouvir apenas uma respiração pesada. Um latido começou ao fundo, fazendo eco com o do cachorro do vizinho. Apreensivo, Ian desligou.
"Deve ser o vizinho pra reclamar do barulho..."
O celular tocou novamente, o mesmo som agudo de antes.
— Alô — falou firme.
— Alô — responderam do outro lado da linha.
— Em que posso ajudar? — Ian já estava desconfiando ser algum robô de telemarketing.
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Jogo Perverso
RandomDante é o chefe da Máfia local, um homem tão poderoso que tem toda a cidade sob seus pés, conhecido como o Rei do Inferno, ele é promíscuo e cruel, sempre teve a mulher que queria como queria até que cansasse dela. Um dia tudo mudou quando ele se in...