Capítulo 47 - Valor Relativo das Peças

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"O veneno que correrá em suas veias será o caminho para a sua liberdade e também combustível para a sua vingança."

A voz de Bel repetia sem parar o presságio destinado a Ivy, aquele agouro insano pronunciado por uma bruxa vingativa deixou Dante incomodado, apesar de ele não ter demonstrado, afinal o Rei do Inferno sempre foi um cético, não acreditava em misticismo, não acreditava em religião, não como motivo para ter fé, apenas como método de encher os seus bolsos, por isso ele não acreditou nem por um segundo nas palavras vazias daquela mulher. E mesmo assim o incômodo estava ali.

Ainda zonzo após a reação alérgica, Dante tateou a cama em busca de sua Rainha, e logo descobriu que o local ao seu lado estava vazio, abriu os olhos lentamente e pela primeira vez desejou que o seu quarto não estivesse vazio como era o habitual, ele desejava que sua esposa estivesse ali como havia prometido, na saúde e na doença, mesmo que ela tenha sido a razão pela qual ele tenha adoecido.

— Onde ela está? — perguntou Dante com uma voz rouca de quem havia acabado de acordar, não foi preciso olhar para a extensão do quarto com atenção para saber que o seu braço direito estaria ali de guarda como sempre.

— Ela foi tomar um café para manter-se acordada, pois passou a noite toda aflita segurando a sua mão — disse Mike em seu tom profissional.

Um sorriso de satisfação ao saber que sua querida esposa velou o seu sono e foi incapaz de descansar por causa disso escapou dos lábios de Dante, era incrível como Ivy o fazia sorrir verdadeiramente com certa frequência. Ele costumava sustentar a falsidade em suas expressões, uma lábia sedutora, olhos afiados e sorrisos conquistadores, sempre mentiras e mais mentiras para conquistar seus seguidores, conquistar mulheres, conquistar nos negócios.

Dante era um excelente conquistador, dentro e fora do campo de batalha, sempre com exímias jogadas e estratégias muito bem trabalhadas, estratégias essas que usou para conquistar a sua Rainha, mesmo evitando jogar sujo como costumava, ainda tinha um pouco de corrupção em suas ações, nada grave, ele jamais colocaria a relação deles em risco.

O Rei do Inferno precisava desesperadamente da sua Rainha.

— Você acordou, querido. — A voz cansada de Ivy anunciou a sua presença — Eu estava tão preocupada... —Ela se aproximou e alisou o rosto de Dante com carinho — Eu não sabia... Como uma coisa dessas pôde acontecer?

— Não se preocupe — Dante segurou a mão da sua esposa sentindo a aliança em seu dedo, esse pequeno gesto ainda lhe dava uma incrível sensação de vitória. Como um objeto tão pequeno e delicado podia proporcionar tamanha satisfação? — Foi erro do buffet, você não tinha como saber, os responsáveis já foram demitidos, certo Mike?

Mike afirmou com a cabeça silenciosamente, o Príncipe do Inferno parecia uma mera estátua no canto do quarto, ele estava sempre de guarda, pronto para executar qualquer ordem que seu chefe lhe desse, o (quase) perfeito cão de guarda.

— Viu? — continuou Dante — Não há com o que se preocupar.

— Mas você estava tão mal, foi tudo tão rápido, achei que ficaria viúva na minha noite de núpcias — choramingou Ivy beijando a testa do marido.

— É preciso mais do que isso para me derrubar, minha Rainha, minha alergia nem é tão forte, se fosse já teriam me matado com spray de pimenta ou gás lacrimogênio, já tentaram, e eu estou aqui não estou? — Dante sentou-se na cama e abraçou a esposa — Estou bem, sem nenhum sinal de doença e pronto para a nossa festa.

— Tem certeza? — perguntou Ivy apreensiva.

— Claro, agora vá se arrumar, logo os convidados vão chegar — disse Dante olhando para o seu relógio de pulso.

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